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FUEL

Grandeza ou diversão, eis a questão!

Ao longo dos últimos meses, Fuel ganhou crescente notoriedade devido ás suas ambições e desejos de grandiosidade. O título da Codemasters transporta o jogador para um futuro onde as constantes agressões do homem à natureza causaram irreparáveis alterações climatéricas e todo o mundo está agora completamente mudado. Este é o mote que nos leva para um jogo de corridas todo o terreno onde não somos somente corredores aventureiros face a competição renhida mas também temos adversidades naturais para enfrentar. Munidos de empenho e com todo o combustível de que precisámos, partimos para a descoberta deste novo mundo.

Com em praticamente todas as formas de entretenimento, é sabido que quando uma ideia inova e refresca o mercado, é certo que os produtos relacionados vão surgir. Como tal, não é de admirar que Fuel seja uma espécie de derivado de MotorStorm e Burnout Paradise, dois dos produtos no género de condução que mais inovaram e divertiram nesta geração. Mas se jogos como Pure são um exemplo de como um produto inspirado pode continuar a injectar novas ideias e pode mesmo colocar-se ao lado da fonte ou até a ultrapassar, já Fuel é um exemplo de como as ideias podem ser mal interpretadas para dar origem a um produto com pontos de interesse errados e cuja diversão é seriamente comprometida.

Fuel transporta-nos para um mundo aberto e livre de explorar, o maior alguma vez visto num videojogo e sem quaisquer ecrãs de carregamento. Podem percorrer o enorme mapa para procurarem desafios, corridas, novas pinturas ou pontos de vista panorâmicos que se esforçam para dar vida a um mundo que cedo cai como monótono. A possibilidade de escolher facilmente e rapidamente os desafios e corridas que permitem a progressão através de um menu, rapidamente vai substituir a vontade de viajar livremente até eles pois o esquema revela que se esqueceu de tornar o processo divertido.

FUEL coloca-nos num mundo enorme de percorrer mas nem sempre belo de ver. O clima encarrega-se de proporcionar os melhores momentos.

Fuel concentra-se demais na quantidade, neste caso a quantidade de quilómetros à disposição, que por entre todo este demonstrar de grandiosidade esquece os pequenos pormenores. Relembrando aquele dizer sobre os pequenos detalhes fazerem uma grande obra, Fuel dá-nos quilómetros e quilómetros para percorrer sem aparentemente se preocupar se o fazer vai manter o jogador cativado. Enquanto o fazemos na progressão livre, tal poderia ser secundário mas quando o design e trajectos das pistas durante as corridas é do mais aborrecido que pode haver, mesmo com a possibilidade de em alguns casos cortar livremente caminho, o jogo perde rapidamente uma piada que ponderámos se alguma vez teve. Trajectos nada atractivos onde o enorme tamanho apenas o é para justificar e forçosamente mostrar a enorme quantidade de terreno à disposição, não são meio para atrair o jogador.

O enorme mundo de Fuel está dividido por diversas áreas, cada uma com ambientes diferentes que mudam completamente o cenário e alguns colocam mesmo o jogador frente à natureza como quando coloca tornados no meio do percurso. Para progredir temos que comprar veículos com o precioso combustível que ganhamos e ao vencer corridas e desafios ganhámos estrelas que nos permitem progredir. Três níveis de dificuldade e obviamente quanto mais difícil, mais estrelas ganhámos e mais longe chegámos. A progressão é feita ao som de uma dificuldade crescente de modo a que só os mais dedicados vão conseguir as estrelas suficientes para alcançar os últimos territórios. Vencer na dificuldade superior, vaguear pelos mapas para encontrar desafios adicionais, são algumas das tarefas que vão precisar fazer.

Tudo muito promissor e com potencial para cativar mas tal apenas o seria não fosse Fuel novamente deitar tudo por terra em mais um importante pormenor, a jogabilidade. Diversos tipos de veículos em condução todo o terreno oferecem potencial para uma jogabilidade profunda a oferecer distinção ente os veículos mas com Fuel as diferenças parecem nem existir. Obviamente que conduzir uma mota é diferente de um carro mas não tão diferente quanto deveria. Na verdade, conduzir uma mota mais parece conduzir um tanque e não resistimos a perguntar onde estão as físicas quando temos um condutor que parece feito de aço e nem reage, apenas quando automaticamente gesticula e se arma em acrobata. Outro dos elementos que pouco satisfazem na jogabilidade é como o terreno nada parece afectar a condução e a jogabilidade, não parecendo o veículo sentir diferentes tipos de terreno. Enquanto noutros jogos vemos o cenário passar de decorativo a interactivo, aqui temos o oposto. Quando deveríamos estar a sentir uma súbita ascensão de adrenalina, nada sentimos a não ser monotonia e o desejo de algo mais.

Apesar do que a imagem pode deixar sugerir, emoção e adrenalina são palavras que só a custo surgem em FUEL.

Fuel é também no aspecto técnico uma vitima de si mesmo e a sua qualidade é como o terreno que nos dá a percorrer, oscilante e incerta. O tamanho do mundo de jogo faz-se sentir insistentemente mesmo quando não o precisa e por entre o constante surgir de partes do cenário do meio do nada, chamado pop-in, frequentemente sentimos que o framerate e consequente fluidez não é aquela que deveria ser pois o jogo está preocupado com outros aspectos que lhe exigem a atenção constantemente. Os próprios cenários conseguem ostentar uma qualidade surpreendente, alguns quando banhados pelo sol conseguem um belo efeito, mas outros são praticamente um oposto sem inspiração e desinteressante. De realçar as corridas de carros onde os veículos nem parecem tocar no solo.

Nos dias de hoje existem algumas ferramentas à disposição que ajudam os jogos, mesmo que estes não o percebam ou não as usem conscientemente mas se quiserem melhorar a experiência, então devem recorrer a músicas que tenham no disco, pelo menos na versão Xbox 360. Pouco pior há para um jogo do género do que dizer que a banda sonora passa completamente despercebida e é do mais desinteressante que já ouvimos. Com zero de apelo, praticamente nem damos pelas músicas e assim mais vale pois não conseguem criar um espírito para o jogo ou uma essência e onde poderia haver adrenalina, existe monotonia. Os efeitos sonoros por seu lado são competentes, no máximo, fazendo cumprir o seu propósito sem qualquer destaque.

Fuel é um dos exemplos que nos indicam como as presunções actuais e as demasiadas preocupações técnicas a que esta geração tanto se parece preocupar podem não ser o melhor método para uma superior experiência. Traído por si mesmo, Fuel deixa um sabor amargo ao permitir que as suas ambições de grandiosidade sejam deitadas por terra por aspectos tão básicos mas sempre essenciais como a jogabilidade, algo que inevitavelmente afecta o longo e vasto modo para um jogador e também os modos para vários jogadores. Praticamente obrigatório actualmente, podem competir contra estranhos ou jogar com amigos mas o modo online não consegue mais do que oferecer uma alternativa ao modo principal afectado das mesmas falhas.

Fuel é um jogo cujo potencial era enorme e o resultado final está não aquém das expectativas mas aquém do que poderia ter sido. Pequenos detalhes deitam abaixo a imponência que o jogo pretendia alcançar mas no entanto ficam boas ideais que teria todo o gosto de ver servirem como base para uma sequela refinada e livre destes erros.

6 / 10

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Fuel

PS3, Xbox 360, Xbox, PC

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Sobre o Autor
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Bruno Galvão

Redator

O Bruno tem um gosto requintado. Para ele os videojogos são mais que um entretenimento e gosta de discutir sobre formas e arte. Para além disso consome tudo que seja Japonês, principalmente JRPG. Nós só agradecemos.

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