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Sébastien Loeb Rali Evo, o jogo de rali mais genuíno da Milestone - Antevisão

Ralis, autocross, Pikes Peak e toda a carreira da lenda Loeb.

Com uma forte tradição e paixão pelo desporto motorizado, seja a duas ou quatro rodas, o estúdio italiano Milestone enfrenta um dos maiores desafios desde a sua fundação: desenvolver um jogo de ralis que constitua a afirmação do mundo automóvel no quadro da simulação. Sébastien Loeb Rally Evo é o próximo jogo de ralis e o mais importante teste de uma equipa composta por mais de 160 pessoas. Chegará brevemente ao PC e às consolas da nova geração, injectando adrenalina, tensão e a dureza típica dos troços de asfalto, terra, gravilha e neve. Crucial o apoio da lenda de ralis, enquanto nove vezes campeão do mundo e participante noutras modalidades, entre as quais a célebre rampa Pikes Peak e o circuito mundial de ralicross. Sébastien Loeb é figura emblemática, e agora capa de jogo.

Após um breve contacto no evento levado a cabo pela Bandai Namco em Madrid, uma entrevista, tendo-se seguido um outro com uma versão mais avançada no decurso da feira E3 em Los Angeles, a pouco mais de um mês do lançamento foi-nos oferecida a possibilidade de conduzir uma versão muito próxima da final e completa, que chegará até vós no final de Janeiro. A convite da Bandai Namco, tivemos o privilégio de nos deslocarmos até Milão, à pista de testes da Milestone para ficarmos a saber mais sobre o jogo, quando os motores roncam mais alto e se ultimam os testes derradeiros.

58 carros de rali oriundos de diferentes gerações. Os anos 90 estão sob foco.

Não encontrámos o campeão do mundo para dois dedos de conversa, mas descobrimos um jogo muito moldado à sua imagem e conhecimentos. O gaulês transmitiu o seu saber de décadas nos ralis aos produtores e deixou-lhes preciosas notas e indicações sobre como conseguir uma experiência mais autêntica, realista. Por isso, acabámos por nos encontrar com Sébastien Loeb dentro do jogo, assumindo os comandos de máquinas que militam ou militaram no mundial de ralis, no campeonato de ralicross e na famosa Pikes Peak. O dedo do nove vezes campeão do mundo está lá. Este é talvez o jogo de ralis mais exigente depois de Richard Burns Rally. Domar um bólide oriundo do famoso grupo B dos anos oitenta não é para qualquer um, nem se chega lá em pouco tempo, mas há uma recompensa e satisfação nessa aprendizagem, como quem conquista o jogo às porções até trincar a cereja, no topo do bolo.

"O gaulês transmitiu o seu saber de décadas nos ralis aos produtores e deixou-lhes preciosas notas e indicações sobre como conseguir uma experiência mais autêntica, realista"

Paixão pelo mundo das quatro rodas

Em meados da década de noventa, à medida que as produções do género tridimensional ganhavam franco desenvolvimento, a Milestone, ainda como estúdio recém-criado, lançou Screamer Rally, um jogo para o PC do qual poderão estar recordados. Foi uma época de intenso crescimento de jogos de automóveis, uma geração dourada, composta por novas entradas no campo da simulação, das marcas e dos diferentes desportos motorizados a quatro rodas, devidamente oficializados. As primeiras consolas domésticas que receberam esses jogos foram substituídas por máquinas melhores e mais capazes, nos anos seguintes, sustentando ainda mais a primeira fornada. Foi assim que despontaram séries como WRC, baseadas na licença oficial do campeonato do mundo.

A cuidar da série WRC desde a geração passada, com versões tanto para consolas como para o PC, a Milestone optou por mudar o registo das suas produções com a chegada da PS4 e Xbox One. A qualidade dos jogos, assim como a autenticidade da experiência, entraram no discurso oral e no quotidiano da empresa, pensando em Sébastien Loeb Rally Evo, Valentino Rossi The Game e porque não Ride. A nova geração de consolas traz mais possibilidades e oportunidades, daí a mudança com a entrada em cena do nove vezes campeão do mundo de ralis. Michelle Caletti, programador, revela na apresentação que a última geração acabou e "começaram a pensar no que fazer a seguir. As licenças são uma espécie de jaula que não deixa explorar. Rali é mais do que a temporada de hoje e de amanhã". A opção por Sébastien Loeb concedeu mais liberdade ao estúdio, em diferentes níveis, procurando uma experiência mais alargada. E que tanto passa pelo presente, com os carros e especiais actuais, como pelo passado, sendo exemplo disso os carros do grupo B, dos anos sessenta e setenta.

As pistas foram criadas com a maior precisão. Todas as curvas dos troços icónicos serão reconhecidos.

O périplo mundial deixa de estar consignado ao campeonato do mundo exclusivamente. O jogo contempla imensos ralis, baseados em especiais verdadeiras do mundial. Mas haverá outras provas, tanto de ralicross, como de montanha, com destaque para Pikes Peak, na sua completa extensão (20 km de asfalto serpenteante). Para Michelle Caletti, Loeb é rali e rali é Loeb "fez coisas como Pikes Peak, fez o WTCC, fez ralicross. A paixão pelo motorsport vai para além do WRC".

Só em estradas a Milestone desenhou mais de 300 km. Mas a inovação aqui prende-se com o sistema utilizado para obter troços realistas e fielmente representados, o que permitirá aos fãs da modalidade reconhecerem imediatamente todos os pontos das classificativas famosas. A equipa de produção desenvolveu um inovador sistema de GPS com a Garmin que, uma vez colocado num carro, permitiu a recolha de valiosas informações, como imagens, declives, altimetrias. Esses dados foram trabalhados e incorporados no jogo, dando origem a representações virtuais perfeitas das estradas, com zonas muito apertadas, postes nos sítios reais, casas, cruzamentos, etc.

"A equipa de produção desenvolveu um inovador sistema de GPS com a Garmin que, uma vez colocado num carro, permitiu a recolha de valiosas informações, como imagens, declives, altimetrias"

Os carros estão divididos por diferentes eras. 58 veículos e oito ralis (Monte Carlo, Suécia, México, Itália, Finlândia, Austrália, Alsácia e Gales), com destaque para a possibilidade de se disputar uma especial em diferentes momentos do dia (de manhã, ao meio dia ou à noite). A inclusão do "test drive", num percurso de gravilha ao lado da garagem, é uma óptima saída para um breve contacto com o carro e para nos ajudar, logo aí, a perceber melhor se é aquele veículo que precisamos para o tipo de rali que vamos disputar. Na garagem podemos personalizar o carro e até criar diferentes pinturas, recuperando, desta forma, temas e publicidades de muitos clássicos.

A variante ralicross, até seis pilotos por corrida, é um dos pontos altos da experiência.

De nove vezes campeão do mundo até detentor do recorde em Pikes Peak

O jogo contempla várias opções, sendo que a primeira é o "quick mode", a forma mais adequada para entrar no jogo sem grandes delongas e provar um primeiro contacto. A partir daqui podemos disputar uma especial, um rali, uma prova de rali cross ou então sentir as emoções fortes da rampa americana. No ralicross, seis carros partilham a pista (há uma volta para o Joker), mas o destaque aqui vai para Pikes Peak.

É um desafio diferente. São quase 20 km de estrada, sempre a subir. E deverão estar recordados da subida magnífica realizada por Loeb, em 2013, com o Peugeot 208, na versão Pikes Peak, pintado com as cores da Red Bull, tendo logo pulverizado o recorde (8:13:878). Pois bem, o carro está na lista dos 58, pelo que poderão passar por essa sensação. O troço é bem representativo. No sopé da montanha encontramos abundante vegetação e imensas árvores ladeiam o asfalto. À volta vemos alguns picos montanhosos e num deles vislumbramos um pouco da rampa de acesso aos quilómetros finais. A reprodução da montanha é bastante assertiva e assim que acumulamos os primeiros minutos deixamos para trás mais de 1/3 do percurso e a paisagem começa a mudar, dando progressivamente lugar a rochas e pouca vegetação, até se transformar quase numa superfície bicuda e lunar, onde está montada a meta. A concentração é essencial. Os riscos estão presentes em curvas aparentemente simples mas que escondem perigos, e a possibilidade de um despiste está sempre presente. Leva algum tempo até cumprir os mais de 20 km, mas há uma sensação de realização quando se chega à meta. Pelo menos foi isso que sentimos quando chegamos perto do cume.

Na apresentação, o menu e a experiência Loeb. Provavelmente o modo de jogo mais importante.

Já o modo carreira obedece a uma estrutura mais tradicional, ao proporcionar contrato com uma equipa de pequena dimensão na categoria de competição mais baixa. O objectivo passa por acumular vitórias e obter melhores contratos, visando o topo da hierarquia. Existirão diferentes classes e nalguns casos até poderão alugar um carro, se quiserem ter acesso a uma classe de grau mais elevado.

Mas o ponto central do jogo é a Loeb Experience, algo especial, fruto da colaboração com a lenda dos ralis. O modo está concebido de forma a recrear com detalhe e paixão a carreira do gaulês: desde os primeiros dias como piloto de uma equipa de pequena dimensão na categoria de acesso aos ralis internacionais, até aos últimos dias como piloto de fábrica, na Citroen. Em 99 ganhou o troféu Citroen Saxo e será por aí que vão começar. Como opção que deixa conhecer com minúcia o trajecto de Loeb, toca todos os pontos centrais da carreira e seus momentos únicos. Os eventos estão bem organizados e será uma forma privilegiada de viver a carreira deste notável piloto.

Houve também uma preocupação em desenvolver um apartado visual compatível com a nova geração de consolas. Isso está bem patente nos modelos automóveis, e nas especiais, mais apelativas e dotadas de cores contrastantes, como, por exemplo, no rali da Finlândia, onde o contraste tende a ser mais acentuado. Em causa está um jogo mais bonito e em sintonia com as produções mais recentes do automobilismo virtual. A fluidez e sensação de velocidade foram desenvolvidas, especialmente na versão para o PC, que correrá a 60 fps, enquanto que nas consolas PS4 e Xbox One irá correr a 30 fps a 1080p, na versão PS4. Os produtores preocuparam-se em oferecer coesão entre visuais, fluidez e jogabilidade.

É mais fácil começar a desenvolver a condução a partir das classes baixas.

Um jogo de ralis voltado para a simulação

A componente sonora não foi esquecida e todos os sons dos carros verdadeiros foram gravados, tentando recrear ao máximo detalhes verdadeiros e realistas. Depois, destaque para a vista do "cockpit" ou a perspectiva de perseguição. Ao primeiro contacto com o volante (experimentámos o jogo com um volante e pedais) a sensação é de uma completa viragem de um modelo entre o arcade e a simulação do WRC para a completa simulação. Travar cedo, encontrar a linha de trajectória perfeita, moderar o acelerador e sobretudo como saber colocar o carro em slide, são algumas técnicas essenciais que terão de ser dominadas antes de se conseguirem bons tempos. O "feedback" de Loeb está por todo o lado. Mas também é um erro pensar que nem todos poderão desfrutar do jogo. Existem ajudas e apoios para os jogadores menos acostumados, auxiliares que facilitam a tarefa, mas os mais puristas e amantes da velocidade vão querer desligar tudo isso e ir de encontro a uma experiência mais dura e exigente.

Pista para ralicross em LA, bem junto do Staples Center, casa dos LA LAkers.

"Michelle Caletti conta-nos que Sébastien Loeb se adaptou rapidamente ao jogo assim que teve um primeiro contacto, quase de forma instintiva. Ele bateu o recorde dos produtores à primeira tentativa em Pikes Peak"

Nos eventos de ralicross percebemos logo que não é fácil fazer uma derrapagem comprida numa curva. Só quando se encontram cumpridas certas condições é que metemos o carro a deslizar da forma que queremos. Alguns factores contribuem para isso como a potência, o torque, tracção às duas ou quatro rodas, etc. Em ralis como Monte Carlo é mais fácil perder o controlo numa curva. Se formos pouco cautelosos torna-se complicado evitar um despiste. A sensação de física é muito importante. A Milestone teve em conta o maior poder do CPU e procurou usá-lo a seu favor. Os pneus, a suspensão e o diferencial agem como elementos dotados de autonomia, afectando o equilíbrio e balanço do carro, pelo que vale a pena perder algum tempo a procurar a melhor afinação, até que tenhamos a configuração ideal para o tipo de piso.

Michelle Caletti conta-nos que Sébastien Loeb se adaptou rapidamente ao jogo assim que teve um primeiro contacto, quase de forma instintiva. Ele bateu o recorde dos produtores à primeira tentativa em Pikes Peak. As notas dos navegadores são lidas por um navegador verdadeiro, o que dá uma maior sensação de envolvência e proximidade com o co-piloto. Quase todos os modos de jogo individuais terão um prolongamento pela via online, como ralis, especiais, Pikes Peak e ralicross, neste até 6 jogadores em simultâneo. Destaque para os efeitos de luz, consoante o momento do dia. As especiais podem ser disputadas em diferentes momentos, sendo que a sua extensão é variável. Podemos encontrar especiais com 10 ou 12 km e outras com três ou quatro quilómetros.

Renault Alpine. Um clássico para fãs dos ralis.

Pelo que vimos e pudemos experimentar, Sébastien Loeb Rally Evo poderá vir a ser o melhor e mais importante jogo de ralis da Milestone. Mesmo dentro da competição existente no género dos jogos de automóveis, Loeb parece ocupar cada vez mais um lugar especial. A transmissão de conhecimento e feedback do nove vezes campeão do mundo para uma equipa de 160 membros apaixonados e devotos pelo desporto motorizado, revelou-se fundamental em diferentes estados de desenvolvimento. Voltada para a simulação, para os fãs dos ralis e conhecedores da modalidade, sem o espartilho das licenças, a Milestone estará agora a encontrar o espaço que faltava para gravitar mais facilmente no mundo dos ralis.

O Eurogamer viajou até Madrid a convite da Bandai Namco, tendo a editora custeado as viagens e o alojamento.

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