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Fae Farm - Cultivos por artes mágicas

Cavernas e territórios misteriosos.

Image credit: Phoenix Labs
Um simulador da vida real vulgar na equiparação com outras propostas, ainda que com elementos sobrenaturais no domínio do ecossistema e na exploração de masmorras.

A rotina diária de um simulador da vida rural presta-se às situações mais vulgares, como também às mais insólitas. Desde o seminal Harvest Moon, criado por Yasuhiro Wada, no já distante ano de 1996, que o conforto da realidade (ou a dureza da agricultura) pode ser exprimentado em doses regulares e diárias de actividades que se repetem. Fae Farm é mais um desses simuladores capaz de retomar o que pode ser cultivado e produzido na relação entre humanos e entre humanos e animais. Há aqui um toque de magia e ao mesmo tempo de “dungeon crawler” que o expõe às baterias dos exploradores regulares, mas muito do trabalho aqui feito emprega-se na forma de cultivo e de um controlo do ecossistema, por algumas artes mágicas, capaz de levar às melhores colheitas.

Fae Farm provém dos canadianos da Phoenix Labs. Começou por ser um pequeno projecto dirigido com paixão e orgulho de alguns membros da equipa até se tornar num feito de grandes dimensões ao ponto da Nintendo o colocar na fila da frente reservada aos maiores lançamentos. Com efeito, ainda que naturalmente dirigido a um público infanto-juvenil ou suspeito de experiências mais acessíveis, não podemos deixar de reconhecer que oferece as peças todas de um puzzle que nos dá uma imagem abrangente e com potencial destes jogos.

Há um transporte de várias actividades e experiências, carregadas de magia e alguma simplicidade na abordagem, ao unificar as ferramentas e colocar uma série de automatismos no momento do cultivo, em prol da celeridade. Ao mesmo tempo os desafios são alinhados de acordo com o ritmo empregue nas rotinas e na exploração.

Uma ilha envolta em mistérios

A acção decorre na ilha de Azoria, um espaço aparentemente perfeito para fazer brotar da terra frutos, árvores e todo um conjunto de legumes imprescindíveis à alimentação dos seus residentes e ao comércio nas zonas devidas da cidade. No entanto, alguns mistérios assolam aquela porção de terra. Os remoinhos circundantes criam dificuldades para ali aportar e os espinhos de grandes dimensões barram as passagens até zonas secretas e agricultáveis. Além disso, nas cavernas onde é possível obter recursos naturais existem espíritos que travam a progressão. Mais do que uma rotina diária boa parte da experiência adquire uma componente de exploração e combate diante de criaturas. Cabe ao jogador restituir o equilíbrio em Azoria.

Perdendo a vida numa masmorra na pior das hipóteses são relegados para a entrada.

Ao mesmo tempo o estabelecimento de relações pessoais com os habitantes da ilha adquire um papel crucial. Após criar o seu avatar o jogador é relegado para uma quinta, a qual terá um nome a preceito, podendo de imediato iniciar a preparação dos terrenos onde serão lançadas as sementes e obtidas as primeiras colheitas. Através de uma série de desafios relativamente rudimentares há uma assistência permanente no cumprimento das missões. Percebe-se que os produtores primaram por tornar a experiência acessível a qualquer pessoa, através de automatismos que simplificam as tarefas.

É interessante verificar que no meio simulador da vida real a história adquire relevância. Em muitos momentos é imperativo que o avatar do jogador se ligue a outras personagens e npc’s identificados no mapa. O centro da cidade é a zona de maior movimento e onde se realizam compras e vendas de produtos e utensílios necessários. A ligação com algumas personagens é crucial, devidamente identificada num tipo de missão a cumprir. Há os modelos tradicionais: o ferreiro, a presidente da câmara, o homem do mar, entre muitos outros. O intercâmbio resulta na projecção de missões principais e secundárias.

Cavernas povoadas de recursos e espíritos

Uma componente que distingue Fae Farm de outras propostas do género é o combate no interior das “dungeons”, uma espécie de teste de sobrevivência. A obtenção de muitos dos recursos imprescindíveis ao cumprimento das missões só é possível com a combinação dos ataques mágicos aos espíritos que por ali habitam e do uso de alimentos que regeneram a vida e prolongam a manutenção da exploração. Atravessar várias zonas de uma caverna, buscando a área seguinte onde estará o mineral precioso, é um desafio significativo ainda que revestido de uma simplicidade de processos. Acaba por ser transversal essa ligeireza de mecanismos, mesmo em momentos de maior desafio.

Fora das cavernas também há muito para explorar e obter. O casamento com uma personagem npc é possível, desde que o relacionamento frutifique, a partir de uma simples troca de cartas até algo mais sólido, como uma oferta. Não deixa de ser curioso que um dos requisitos para casar seja uma boa situação financeira, através de uma conta bem provisionada. Sem isso não há casamento. Depois, há todo um conjunto de desafios que incluem receitas, obtenção de sementes para as produções, as lides diárias, os relacionamentos. Não faltam os tradicionais festivais, as festas de aniversário e as mudanças de estação, numa espécie de calendário que reflecte os momentos de festividade em Animal Crossing.

Sem transbordar ou incorporar algo de muito diferente, Fae Farm não diverge da fórmula dominante para um simulador da vida real. Vive e faz-se de rotinas. Há uma componente de artes mágicas que torna a acção célere e algo automatizada embora os desafios apresentados e a narrativa se ajustem a alguma vulgaridade. No entanto, com as tarefas diárias e as incursões nas masmorras, o jogo consegue por vezes criar um efeito persuasivo, convencendo em alguns momentos.

Prós: Contras:
  • Recurso às artes mágicas
  • Exploração das masmorras
  • Automatismo nalguns processos
  • Design aprazível
  • Longevidade
  • Agradável para jogadores menos acostumados
  • Redução do desafio
  • Não oferece muito de diferente de outras propostas
  • Loading de entrada demorado

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