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F1 2011

Ao ritmo dos fórmulas.

Eu adoro corridas de automóveis no Mónaco, seja que categoria for. Talvez por causa da proximidade do ambiente envolvente, das bancadas, dos prédios e das estruturas metálicas de delimitam a pista. Pelo asfalto que todos os dias pode ser palmilhado por quem visita a pérola do mediterrâneo e que num estalar de dedos se transforma numa pista exclusiva e fechada só para uns sortudos que têm talento de condução ou então dinheiro para lá correr. É um lugar fascinante, com os seus pontos icónicos; a marina, o Casino, a travagem em Saint Devote, a curva do restaurante, a rápida (e louca) secção junto das piscinas, a curva do Hotel, o túnel. Está tudo tão perto, tão no fio da navalha, tão rápido quando se faz uma volta lançada. Isso tem sido importante para transportar aquele mítico local de corridas para outros jogos de competição automóvel.

Mas quando o Mónaco é assaltado pelos poderosos Fórmula 1, o assunto atinge a plenitude e então consegues perceber que se fosse preciso aqueles carros passariam por um buraco de uma agulha. E por muito que o circuito tenha estacionado no tempo e todas as alterações sejam meramente cosméticas, o antagonismo entre tradição e modernidade é praticamente uma inevitabilidade que levou à exclusão de algumas pistas do circuito mundial como aconteceu com o nosso Estoril. As corridas ainda acontecem naquele principado porque a Fórmula 1 é ela mesmo uma tradição, ainda é uma competição entranhada em milhões de adeptos fascinados pela evolução da tecnologia automóvel e isso continua a ser levado a sério por quem gere este desporto.

Temos de admitir, porém, que o circuito do Mónaco não será o mais adequado para explorar até ao limite as capacidades de um fórmula, mas é um antro inevitável que permite perceber o bom trabalho da Codemasters, chamada desde 2009 a reproduzir a sensação de conduzir estes monstros do asfalto licenciados pela FIA.

Perseguindo em Eau Ruge - Spa Francorchamps - um delírio de pista

As melhorias para a edição 2011 acrescentam mais algum gozo e divertimento no controlo dos veículos. A suspensão é um dos elementos do carro preponderantes, bem visível na reação do carro às irregularidades e ondulação do asfalto. No Mónaco isso é notório na subida até ao Casino, numa série de direitas e esquerdas rápidas com ressaltos. O carro clama pelos limites e a margem de erro é praticamente inexistente. Não há escapatórias. Depois de passar o casino, a tampa do esgoto motiva uma correção abrupta da trajectória para a direita à qual sucede uma travagem rápida e uma aceleração até à curva do Hotel. Mais adiante e depois do túnel, arriscar a fundo a sucessão de curvas nas piscinas não é para qualquer um. Mas a Codemasters quer ver-nos como heróis e dá uma "helping hand" para se ficar com uma ideia.

Nas zonas onde o asfalto é mais ondulado, não só é visível o funcionamento dos braços da suspensão, como também se sente a deslocação de massa do carro se ele estiver em aceleração. Em Barcelona, por exemplo, após a chicane há uma onda no asfalto que antecede a saída para a reta da meta, justamente quando o carro ganha poder de aceleração. É uma boa sensação, sentir o carro no fio da navalha e dosear o acelerador, esgotando a mudança até mudar de rotação, sentir o carro a perder a compostura e querer mandar-se para a gravilha. Por norma, os pilotos torcem o nariz a situações deste género por causa do perigo que provocam e reclamam quase sempre uma recolocação do asfalto para afastar as ondulações. É normal que noutras pistas não seja tão evidente esta particularidade. No entanto, quando se selecciona a câmara por cima do capacete do piloto dá para seguir todo o trabalho da suspensão.

De resto, a sensação de condução não foge sobremaneira ao que já foi apresentado no ano passado. Num estilo mais ligeiro quando se enfrenta o asfalto com todas as ajudas como assistente de travagem, total controlo de tração e ABS, assim como assistente de mudanças, conduzir um F1 pode ser um passeio de domingo de manhã. É uma boa forma para pilotar descansado e obter algumas vitórias fáceis enquanto se contempla a beleza dos circuitos que entraram nos últimos anos para a modalidade.

À chuva é que se destacam os melhores pilotos.

Contudo, o desafio espera por aqueles que desligam os assistentes de condução e aceitam percorrer as agruras que também podem resultar de uma curva falhada, aproximando-se dos limites e da sensação de condução real. É só uma questão de tempo até começarem a sentir o gozo que dá desligar o controlo de tração - ou pelo menos deixá-lo num ponto intermédio - para esticar um pouco mais a corda nas curvas rápidas e evitar as sobreviragens à saída das curvas lentas. O mesmo sucede com a eliminação do assistente de travagem e logo aqui haverá toda uma diferença entre ganhar tempo ou perdê-lo para o adversário. Mas neste caso pode-se temperar com a manutenção da indicação da trajetória correta, já que a transformação de verde para vermelho significa que se deve apertar o travão e sempre é um auxiliar menos batoteiro.

Para os puristas será uma questão de tempo até extraírem o maior gozo possível da condução particularmente excitante que acontece quando há poucas ou nenhuma assistência ligada. As mudanças no estado do tempo fazem a diferença entre uma condução aguerrida debaixo de um sol abrasivo ou ampliada de cautelas quando uma bátega cai durante uma qualificação ou corrida. À chuva deve conduzir-se melhor do que mais depressa.

O efeito da chuva foi alvo de boas transformações. A pista pode ficar alagada e nessa ocasião só os pneus com sulcos propiciam uma condução razoável mas sempre perigosa. Os efeitos do spray de água lançados pelas rodas dos oponentes perturbam a negociação para as curvas e ultrapassagens. Depois, há todo um espelho no asfalto que reflete a passagem dos carros, o que torna as condições de pilotagem mais credíveis. Abundam as poças de água e o som que chega desta conjugação climatérica e carro no asfalto é diferente, o que contribui para uma imersão completa diante destas condições. Convém lembrar que subir aos correctores com pluviosidade é condição "sine qua non" para se entrar em sobreviragem. Para os mais afoitos e entregues à condução de faca nos dentes debaixo da chuva, pelo menos uma ida às imediações da pista será compensada com a obtenção de um troféu que vos lança à consideração o jogo "Dirt". Não está mal pensado.

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F1 2011

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.

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