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F-Zero - Wii U Virtual Console - Análise

"Homem a sério não usa travões." Captain Falcon dixit.

É preciso recuar até Novembro de 1990 para encontrarmos o lançamento deste jogo criado por Imamura, Miyamoto e Shimizu para a Super Famicom, no Japão. Como jogo de corridas futuristas, F-Zero possuia os condimentos necessários para cruzar a meta na frente com pompa e circunstância. Destacando-se devido à grande sensação de velocidade e ao desafio proporcionado por adversários e obstáculos que obrigavam o jogador a ser rápido e contornar curvas e outros obstáculos com precisão, a jogabilidade arcade permitia a qualquer pessoa adaptar-se aos comandos dos bólides de F1 do futuro. Em poucos anos e fruto dos sucessivos lançamentos na Europa e América do Norte, F-Zero ganhou notoriedade mundial e estatuto de clássico, permanecendo como um dos melhores jogos editados para a consola 16 bit da Nintendo. E a prova disso é que os mesmos argumentos que lhe valeram êxito após o lançamento, ainda hoje permanecem válidos.

Imamura (responsável pela arte e design do jogo) e Miyamoto acrescentaram no manual de jogo uma narrativa sob a forma de manga, bem destacada na caixa para os japoneses. Em F-Zero descobrimos a origem de personagens como Captain Falcon e de outros três protagonistas: Dr Stewart, Pico e Samurai Goroh. Eles fazem parte de um grupo de multi milionários que ganharam fortuna através de negócios intergaláticos. O ano é 2560 e os humanos convivem com alienígenas, num alargamento das redes sociais que se estende para lá do planeta terra. Juntos, eles participam em corridas através de veículos que sobrevoam a pista. São os grandes prémios do futuro e em bom rigor, esta é uma boa metáfora que Miyamoto e companhia fazem da Fórmula 1, o desporto automóvel mais caro do planeta.

Tendo saído antes de jogos como Mario Kart e outros racers, F-Zero foi uma incontornável influência para outras produções do género de corridas e ainda contou com sucessivos desenvolvimentos, nomeadamente o muito apetecível F-Zero GX para a GameCube. Por esta altura os fãs de Captain Falcon só podem sonhar com um novo F-Zero de alta definição para a Wii U. Assim queira a Nintendo corresponder às suas expectativas.

Turbo on.

Mas enquanto aguardamos pela chegada de um novo jogo, nada como voltar aos comandos do original. F-Zero é um jogo de corridas futuristas. À disposição do jogador encontram-se quatro bólides dotados de diferentes configurações. O objectivo é participar em três campeonatos compostos por cinco corridas e acabá-las pelo menos no terceiro lugar. Uma posição abaixo impede a progressão para a corrida seguinte e implica que se volte a disputar a prova anterior. Claro que o mais importante é chegar ao título de campeão absoluto, vencendo os três campeonatos, mas como existem diferentes graus de dificuldade, do mais básico ao mais exigente, esta proeza exige muita concentração, treino e reflexos rápidos.

Em termos gráficos F-Zero contou com uma inovação decisiva. O aproveitamento da tecnologia Model 7 permitiu aos produtores estabelecerem uma perspectiva de acompanhamento que reproduz alguns efeitos tridimensionais, visíveis quando os bólides contornam curvas apertadas ou embatem nos limites da pista. Além disso, F-Zero oferece uma grande sensação de velocidade, não tanto nas longas rectas, mas especialmente quando se articulam curvas rápidas e médias. Este aspecto único do grafismo de F-Zero, por comparação com os jogos concorrentes de então, permitiu aos produtores gozarem de um estatuto referência.

Como era comum à maioria dos jogos da época, os obstáculos e adversários entram em pista para dificultar ainda mais o acesso ao primeiro lugar. No entanto, F-Zero contou com mais algumas particularidades que dificultavam a missão do jogador. A primeira é a existência de uma barra de energia que representa a disponibilidade do aparelho para se manter activo. Choques contra os adversários, embates contra as barreiras de protecção, e até saídas de pista para uma zona de minas, tudo isso retira energia ao aparelho e enfraquece-o ao ponto de poder rebentar.

Tornava-se assim imperativo manter um controlo apertado e inflexível do veículo. Alguns campos magnéticos atraem os veículos, causando dano no embate. Este é dos maiores obstáculos, conjugado com os segmentos estreitos de algumas pistas, onde praticamente são inevitáveis embates com adversários ou abrandamentos da velocidade para evitar mais problemas.

O manual do jogo contém oito páginas ilustradas em estilo manga.

Nalguns casos o pico de dificuldade roça o explosivo, ao ponto de ser quase uma questão de sorte passar por tantos obstáculos sem sofrer qualquer dano. Caso tenham a barra de energia nas últimas, podem sempre reabastecer na zona das boxes, ainda que de forma temporária e para um carregamento diminuto. Porém, essa reserva pode ser suficiente para levar, com sucesso, o bólide até à meta. À complexidade de alguns circuitos, acrescem propulsores (que aumentam a velocidade do aparelho) e ejectores, que permitem aos veículos ganhar voo e atravessar cortes no percurso. Neste caso o controlo dos aparelhos é essencial, já que uma aterragem fora dos limites da estrada acaba imediatamente com a corrida. É possível fazer dash nalgumas zonas da pista e usar os botões nas costas do comando para inclinar o veículo.

Os três campeonatos de cinco provas cada um são suficientes para uma tarde plena de desafios, visuais e sonoridades retro. Apesar de velhinho graficamente, ainda consegue surpreender pela conjugação de cores e especialmente pela sensação de velocidade. Os 60hz desta versão Pal Virtual Console Wii U garantem-lhe mais algum fulgor visual e num ecrã de alta definição não perde muito apesar de ser mais perceptível um efeito granulado. É possível completar os três campeonatos em menos de uma hora, mas só na dificuldade mínima. Para os puristas e jogadores mais exigentes, existe um nível extra de dificuldade para desbloquear.

A banda sonora é uma das mais carismáticas da geração 16 bit, com temas muito fortes e apelativos. Como acontecia em muitos jogos da sua geração, o escasso conteúdo acaba por ser a falha mais visível, pelo menos à luz dos tempos recentes. Mas isso também não impede que F-Zero deixe a sua marca, já do alto dos seus 22 anos, de forte jogo arcade. Impressiona, sobretudo pelo desafio árduo. Um marco da produção da Nintendo, que ao chegar agora sob a forma de clássico para a Virtual Console para a Wii U, nos faz acreditar ainda mais numa nova produção original para a nova consola da Nintendo.

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