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Exclusivo: Victor Kislyi - Entrevista ao CEO do Wargaming

Da Bielorrússia com muito amor e armas.

Recentemente a Wargaming celebrou o seu décimo quinto aniversário, uma história já longa, mas que até há poucos anos era relativamente modesta. A companhia nascida na Bielorrússia vinha tendo algum sucesso no mercado de leste, mas apenas saltou para a ribalta mundial com o lançamento do World of Tanks, o jogo de PC que mistura estratégia com batalhas entre tanques de guerra, e que como maior mérito teve o modelo free to play que lhe emprestava uma enorme acessibilidade.

A convite da companhia estivemos recentemente em Minsk, capital da Bielorrússia, e conseguimos deixar algumas questões a Victor Kislyi, CEO e maior responsável pela explosão da Wargaming. As perguntas foram focadas na história da empresa, na visão que o seu homem forte tem para o futuro, mas não evitamos deixar de tocar na entrada da empresa no mundo das consolas, com o antecipado World of Tanks Xbox 360 Edition.

Eurogamer PortugalA Wargaming acabou de celebrar o seu décimo quinto aniversário, disponibilizaram um vídeo com a retrospectiva da sua história recentemente. A minha questão é, onde é que a vê daqui a 15 anos?
Victor Kislyi

Conseguimos capturar e manter muita atenção nos últimos anos, e o nosso foco está em manter esse ímpeto para o futuro. A Wargaming percorreu um longo caminho, de um pequeno estúdio que produzia jogos de estratégia por turnos muito “hardcore”, para uma companhia internacional, multiplataformas e como cerca de 2000 funcionários em todo o mundo.

Victor Kislyi - CEO do Wargaming.net

Com cinco grandes projectos em andamento, pretendemos diversificar a nossa oferta e entrar em novos segmentos de mercado. O World of Warplanes está perto da fase de lançamento, o MMO naval World of Warships prepara-se para entrar na fase de testes global Alpha, o World of Tanks Blitz vai introduzir a propriedade intelectual militar aos utilizadores de smartphone e tablet, o World of Tanks: Xbox 360 Edition vai apelar aos jogadores de consolas, e finalmente o World of Tanks Generals que vai oferecer gameplay multi-plataforma.

"Enquanto estes projectos evoluem, vamos construindo um universo agregador, que os vai unir a todos no mesmo serviço Wargaming.net."

Enquanto estes projectos evoluem, vamos construindo um universo agregador, que os vai unir a todos no mesmo serviço Wargaming.net. Uma única conta Wargaming.net ID vai dar aos jogadores acesso instantâneo a todos os nosso produtos, e permitir a partilha de Gold e Experience points livremente, enquanto a conta Premium vai permitir aos utilizadores beneficiarem das suas vantagens em todos os títulos da Wargaming.

Além de procurar chegar a outras plataformas, a Wargaming vai continuar a expandir a sua presença global com a abertura de novos escritórios. O mais recente em Austin, TX (Texas) vai facilitar as comunicações a longo de toda a companhia e ajudar-nos a responder a desafios de Game Design, assim como conhecer melhor as especificidades de cada mercado.

Eurogamer PortugalO mercado ocidental tem sido onde a companhia tem lutado mais para penetrar, a que é que acha que isto se deve?
Victor Kislyi

Tradicionalmente a Wargaming focava-se no PC gaming, então não foi de estranhar que não conseguíssemos a mesma atenção em mercados dominados pelas consolas. Esperamos conseguir mudar isto com o lançamento do World of Tanks: Xbox 360 Edition.

Eurogamer PortugalWorld of Tanks vai entrar na Xbox, um ecossistema fechado. Não acha que isto vai contra uma das razões do sucesso da companhia, tornar os seus jogos acessíveis para o máximo número de pessoas possível?
Victor Kislyi

Prefiro dizer que a versão de consola de World of Tanks vai abrir o nosso jogo para toda uma nova audiência, o que está de acordo com a estratégia global da empresa. Estamos a criar uma linha de produtos diversos o suficiente para diminuir as limitações das plataformas e proporcionar qualidade e profundidade ao longo dos vários aparelhos.

Claro que a Xbox tem restrições, mas os jogadores de consola estão habituados a elas.

Eurogamer PortugalVamos ter que pagar o Xbox Live para poder jogar a versão de consola do World of Tanks?
Victor Kislyi

O World of Tanks: Xbox 360 Edition será free-to-play para os subscritores do Xbox Live Gold. Durante a fase de Open Beta vamos disponibilizar Gold aos jogadores a “conta-gotas” para testar o sistema de compras, e depois reiniciar tudo quando o jogo for oficialmente lançado. Após o lançamento os jogadores serão capazes de comprar Gold utilizando dinheiro real, e depois gastá-lo numa conta Premium ou em vários personalizados, da mesma forma que os utilizadores do World of Tanks fazem. Não vamos cobrar nada em cima do Xbox Live.

Manterá o Wargaming o espirito vencedor agora na Xbox 360?
Eurogamer Portugal O próprio nome da companhia define o seu tipo de títulos, jogos para os generais de poltrona como disse recentemente, alguma vez considerou tentar algo diferente?
Victor Kislyi

Ao longo de quinze anos, tivemos a sorte de abordar vários géneros, retirar o melhor deles e contribuir com os nossos jogos

Quando a Wargaming começou, os jogos de estratégia por turnos eram o mainstream. Mergulhamos no género, estudamos as suas regras e lançamos projectos de qualidade com a franquia Massive Assault. Em 2007 a estratégia em tempo real começou a ganhar terreno, aproveitamos a oportunidade de explorar esse novo género com o lançamento do Operation “Bagration” and Order of War.

Menos de dois anos mais tarde encontramo-nos no seio de uma grande transformação, com o digital a levantar voo e o mercado do retalho a encolher. O entretenimento estava a mover-se para o espaço Online.

Vimos uma oportunidade. Num tempo em que a indústria era dominada pelos títulos na caixa e baseados em dinheiro por uma subscrição mensal, tivemos uma ideia radical: títulos online, grátis e focados no utilizador. Concentramo-nos na qualidade para o utilizador final em vez da extorsão da máxima quantia de dinheiro no mínimo tempo possível.

O World of Tanks é o culminar de um trabalho de dez anos em géneros diferentes e a introdução de um novo paradigma muito mais focado no jogador.

Eurogamer PortugalToda a companhia trabalha num enorme projecto a julgar pelas palavras de Chris Taylor, é possível levantar um pouco do véu sobre ele? Medieval? Si-fi? Histórico? Tenho a certeza que não se trata do World of Warships.
Victor Kislyi

Haha, percebo o que sugeres, de facto, temos um novo projecto em andamento, e está a ser gerido pelo Chris e a sua equipa. Encontra-se ainda numa fase de concetualização, e portanto, é muito cedo para entrar em detalhes.

Eurogamer PortugalAcredita que a acessibilidade é essencial para a obtenção de lucro num modelo free-to-play funcionar, quais são os segredos deste modelo?
Victor Kislyi

Free-to-play é óptimo para conseguir chegar ao máximo número de pessoas, mas o equilíbrio, a acessibilidade e os updates regulares sejam a chave.

World of Warships - A nova estrela?

Um modelo de monetização equilibrado, por si só não significa diversão. O jogo deve também conter valor de repetição e Game Design de qualidade. Dá uma olhada no World of Tanks, o jogo é engajador e universalmente acessível desde o primeiro contacto. Não existem controlos complexos que te distraiam de procurar e destruir tanques inimigos, não existe um sistema de target ou gestão de tripulação complexos. Usas as teclas WASD para movimento, a utilização básica do rato para apontar e controlar a torre e estás em jogo.

Se nos deres quinze minutos, nós damos-te skill e progressão. Damos-te novos amigos, serviços, entretenimento de qualidade. Não cobramos nada por isso e melhoramos o jogo constantemente, com novo conteúdo, novos serviços, ouvimos a nossa comunidade e adicionamos elementos que ela peça.

É assim que funciona com World of Tanks, e será assim nos nossos jogos futuros

Eurogamer PortugalPode explicar o modelo “free-to-win” e quais as suas diferenças em relação ao modelo “free-to-play original?
Victor Kislyi

Comparando com o esquema original do modelo do World of Tanks, o free-to-win permite que qualquer jogador beneficie da utilização das munições e consumíveis anteriormente apenas disponíveis para os Premium, assim como da formação de pelotões.

É como que a nossa versão do que um modelo free-to-play deve ser, enquanto conceito. Oferece as mesmas oportunidades para os jogadores, sem garantir vantagens a ninguém.

Eurogamer PortugalConsegue visualizar um futuro em que a persistência está de tal forma conectada com o gaming, que o termo MMO deixa de fazer sentido enquanto definição de género?
Victor Kislyi

A evolução dos canais de distribuição, formas inovadoras de engajar as audiências e o contínuo crescimento dos jogos e serviços iniciaram um dos maiores avanços na indústria.

Estamos no epicentro de uma grande transição. O multijogador free-to-play já não é uma novidade, tornou-se no padrão do mercado, e agora grandes nomes como a Sony, EA e Crytek estão a seguir a rota dos MMO free-to-play.

O caminho em direção ao MMO gaming não vai parar. Aliás, a tendência vai continuar a avançar e tornar-se cada vez mais acentuada no futuro.

Eurogamer PortugalO apoio ao Português do Brasil é relativamente recente, podemos esperar o mesmo para o Português de Portugal?
Victor Kislyi

As duas línguas foram adicionadas ao World of Tanks na primavera de 2011.

Estamos a planear adicionar o Português do Brasil aos sites dos vários projectos, incluindo o portal oficial, centro de suporte, etc, em breve. Quanto ao Português de Portugal, eventualmente existirá suporte para ele também.

Eurogamer PortugalMuito obrigado Victor

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Aníbal Gonçalves

Redator

MMOs e RPG são com o Aníbal. Aliás existe um rumor na redação que a sua primeira casa é o World of Warcraft. Mas às vezes também o vemos a fazer uns exercícios. Não é mau de todo.

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