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Disney Magical World - Análise

Há sempre um rato Mickey!

As simulações da vida real integram uma oferta cada vez mais alargada e à disposição dos titulares de uma Nintendo 3DS. Animal Crossing: New Leaf trouxe um virar de página na história da série, um jogo que melhorou quase tudo o que de melhor tinham as produções anteriores. Depois veio Tomodachi Life, uma produção peculiar de Yoshio Sakamoto, com grande foco nas relações entre os Miis e um apurado humor, como se estivessem num "Big Brother" mas com o espaço de uma ilha e bloco de apartamentos como centro agregador, faltando-lhe no entanto a típica jogabilidade tradicional. Mais recentemente, Fantasy Life, dos japoneses da Level-5, ganhou preponderância pelas diferentes profissões atribuídas à personagem central, assim como um modo cooperativo online.

Disney Magical World liga-se a este conjunto, oferecendo boa parte do mundo criado por Walt Disney; um renovado parque com imensas atracções, onde o jogador vai encontrar, interagir e resolver uma quantidade de missões, pedidos de ajuda e outras tarefas, de modo a progredir na história. Proveniente da Namco Bandai e produzido pelo estúdio japonês H.a.n.d, conhecido pelas colaborações com a Square Enix, não deixa de ser curioso ver uma franquia tipicamente ocidental e normalmente criada por estúdios do outro lado do atlântico nas mãos de um estúdio nipónico, embora a excepção mais sonante seja a franquia Kingdom Hearts.

Fogo de artifício entre as 20 e as 21 horas, todos os dias.

De certa maneira o jogo até partilha algumas semelhanças em termos de design e grafismo com a série da Square. Não sendo contudo um motor de jogo dos mais evoluídos para a plataforma e os seus gráficos se resumam a um mínimo aceitável para um título que pretende, apesar de tudo, posicionar-se no mesmo plano dos jogos supra referidos, o ambiente familiar e confortável será apreciado sobretudo por uma categoria infanto-juvenil. A narrativa é muito simples, elementar, compartimentada e centrada em Castleton, um sítio mágico onde os sonhos acontecem (o convite parte do rato Mickey).

A exploração é livre e não linear, ainda que no começo seja obrigatório recolher autocolantes para abrir uma lojas, cafés e outros espaços. Os autocolantes são obtidos após a realização de certas tarefas, quase sempre solicitações de personagens conhecidas, mas também pedidos de ajuda de npc's. As tarefas consistem, muitas vezes, na recolha de items, mas também podem ganhar mais autocolantes pescando com sucesso, vencendo batalhas específicas nas campanhas, etc.

No canto superior direito um relógio assinala em tempo real a nossa presença no jogo. Certos eventos ocorrem a determinadas horas do dia, como o fogo de artifício entre as 20 e as 21 horas. Os eventos sucedem-se a razoável ritmo mas o registo das nossas actividades é perdido assim que saímos do jogo, um inconveniente que não acontece por exemplo em Animal Crossing, que proporciona uma passagem do tempo muito mais realista e estimulante do ponto de vista dos desafios e interacção com os npc's. Aliás, esse é outro ponto que prejudica significativamente Disney Magical World. As personagens não saem do sítio, não têm as suas vidas e proferem sempre a mesma frase, sendo mais postes de informação do que npc's com as suas preocupações e alegrias.

A secção introdutória é de aprendizagem e abertura dos diversos serviços disponíveis em Castleton, todos eles geridos pelas famosas personagens da Disney como a loja de vestuário da Daisy, o bazar de Uncle Scrooge, etc. Existem vários estabelecimentos e neles conseguem encontrar roupas mas também equipamentos e objectos para o futuro lar. A conjugação entre recolha de items existentes nos diversos pontos de Castleton e o cumprimento de objectivos solicitados pelas personagens não cria grandes desafios, nem a mecânica revela particular engenho. Boa parte do tempo é passado a explorar e descobrir items que se encontram com relativa facilidade. Estes podem ser trocados por moedas ou entregues para obtenção de uma peça de roupa. Neste caso, podem abrir uma receita, uma forma para facilitar a recolha dos items necessários para, por exemplo, obterem um par de calças na loja da Daisy.

Junção de personagens e mundos Disney.

O jogo apresenta um sistema de combate rudimentar, simplificado (não há level up mas apenas uma melhoria da capacidade de combate) e pouco complexo quanto à estrutura de progressão da personagem. Existem típicas campanhas tradicionais dos jrp's, como descidas a masmorras infestadas de inimigos e libertação de personagens centrais do universo Disney, como Aladino. Outras missões implicam uma diferente abordagem, como acontece quando são convidados a dançar ao ritmo certo. O melhor acaba por ser a ligação aos diferentes universos Disney, minimamente bem representados embora sem surpreender nalguma mecânica ou design, apesar da boa construção dos cenários e personagens. Os efeitos 3D no entanto não destacam nenhum momento em particular ou alguma mecânica, pelo que podem jogar perfeitamente com o efeito desligado.

A manutenção dos textos e diálogos de jogo em inglês pode constituir um entrave para o público infanto-juvenil. Seria preferível aceder ao jogo com localização para português mas num título desta natureza e dimensão, com constantes diálogos e doses de texto, assim como vozes em inglês, o custo da localização terá impedido o intento.

Na comparação com AC: New Leaf, Tomodachi Life e Fantasy Life, Disney Magical World é o jogo mais simples, menos complexo em termos de mecânicas e o menos surpreendente. Parece mais um repositório de personagens conhecidas e uma franquia de alcance global fechada numa redoma, contemplativa, a fazer render a sua história e assente em sistemas de jogos pouco inovadores. Talvez uma abordagem como a que Warren Spector deixou em Epic Mickey, mais distorcida, fosse uma opção capaz de surtir melhores efeitos. Como está, não deixará de ser para os mais pequenos um encanto e uma satisfação, encontrar e descobrir personagens, vozes e cores que marcaram gerações e ainda continuam a conquistar audiências.

5 / 10

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Disney Magical World

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.

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