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Digital Foundry vs. Warface

A Crytek promete valores de produção AAA em jogos gratuitos. Olhamos para a sua primeira oferta.

Um dos maiores choques do ano é o anúncio da Crytek passar do desenvolvimento de tradicionais jogos de topo para abraçar o emergente mercado free-to-play.

"Quando estávamos a desenvolver jogos de consola sabíamos, muito claramente, que o futuro é online e f2p," disse Cevat Yerli da Crytek ao Videogamer.

"Atualmente estamos numa fase de transição na nossa companhia, transitando de jogos repletos de coisas para uma experiência completamente grátis. O que isto significa é que o nosso futuro, todos os jogos nos quais estamos a trabalhar, assim como novos projetos, novas plataformas e tecnologias, são desenhadas em redor do f2p e online, com desenvolvimento da maior qualidade."

É uma decisão espantosa (apesar de reversível), prontamente seguida pelas notícias que o seu primeiro jogo F2P - Warface - vai chegar aos mercados ocidentais após um lançamento inicial na Rússia que já atraiu 2 milhões de utilizadores registados.

"Como evidente em Warface, a nossa abordagem é assegurar a melhor qualidade, qualidade de jogo de consola. Isso implica orçamentos entre os 10$m a 30$m - portanto sem compromisso aí - mas com o preço de entrada nos 0$,"diz Yerli.

"Penso que esta é uma nova geração de jogos que tem que acontecer para mudar o panorama, e ser o modelo de negócio mais amigável para o consumidor."

É uma aspiração arrojada - oferecer valores de produção de topo e investimento ao nível do das consolas num lançamento no qual não existe barreira monetária para entrar, onde o jogo tem que sobreviver baseado em micro-transações e subscrições opcionais. Cevat Yerli também fala sobre o atual modelo de serviços premium e DLC "que sugam os consumidores até à morte", e aqui o desafio perante a Crytek é ainda mais pronunciado: tem que oferecer valores aos jogadores que investiram dinheiro real no jogo sem estragar a experiência para os membros da comunidade com mais desafios financeiros.

"A Crytek enfrenta um desafio interessante com Warface - o seu motor ostenta alguma da melhor tecnologia de ponta disponível, mas os jogos F2P precisam de correr no leque mais vasto de PCs possível - incluindo sistemas de baixas especificações."

Jogamos todas as variações de jogabilidade PvP e capturamos as nossas aventuras pelo caminho - aqui está um pacote com destaques editados a demonstrar todos os níveis e todos os modos de jogo.

Sem data específica de lançamento no Ocidente, estamos curiosos quanto ao sucesso que a Crytek tem tido com a sua entrada inicial nos F2P - mas claro, ter acesso a Warface é um problema. Jogar o jogo fora da Rússia é desafiante: não existem problemas em instalar o código, mas a combinação da ausência de suporte para língua Inglesa e o que consideramos ser um bloqueio por IP torna impossível jogar o jogo, enquanto acesso VPN via servidor Russo deixa-te entrar no jogo mas com uma qualidade pobre de serviço. Sem problemas: o Digital Foundry jogou o jogo em Moscovo, numa ligação poderosa de 300mbps para ter a melhor experiência possível.

As primeiras impressões são na maioria positivas, com Warface a parecer basicamente um jogo multijogador de qualidade de consola, com suporte robusto para cooperativo e competitivo. O primeiro, (PvE para adotar a linguagem) colocar os jogadores em equipas, percorrendo um nível na sua maioria linear, eliminando tropas e ocasionalmente entrando em batalhas acesas com personagens boss com fortes armaduras. Sub-missões levam-te a defender pontos estratégicos no mapa, adquirindo códigos e destruindo os cenários. Um sistema completo de classes dá às tropas de assalto a maioria das armas mais poderosas, com a capacidade para gerar munição para os camaradas enquanto os médicos que usam caçadeiras curam os feridos. Engenheiros restauram armadura, enquanto o sniper tem um papel auto-evidente.

O modo PvP é na sua maioria coisas tradicionais: modos Todos Contra Todos e Todos Contra Todos Equipas ao lado de variações de King of the Hill e "Plant a Bomb", juntamente com uma variante de Captura a Bandeira com uma pasta num mapa que os jogadores precisam encontrar e devolver à base. Existe até um modo equivalente ao Rush de Battlefield 3, no qual os jogadores vão de ponto para ponto no mapa. Tudo dito então, é uma lista bem compreensiva de opções, equivalente aos modos multijogador num AAA padrão - sem cortes ou compromissos aqui. Existem atualmente 12 mapas PvP, e um leque de seis níveis PvE, com três novos e diferentes abertos a cada dia.

"As primeiras impressões são positivas - o detalhes visual está um passo além da maioria dos jogos de consola, modos cooperativos e competitivos são suportados, e existe uma boa quantidade de modos de jogo e nível para escolher - gratuitamente."

Warface não igual os recentes jogos Crysis com o CE3 em termos do puro espetáculo arrebatador, mas elementos técnicos visuais bem agradáveis do CryEngine 3 surgem no jogo F2P, incluindo feixes de luz e motion blur baseado nos objetos/câmara.

Como se porta o CryEngine 3 num jogo gratuito

Tendo em conta que este é um jogo CR3, ficamos intrigados para ver como o motor é empregue em Warface - afinal de contas, um jogo F2P precisa por necessidade apelar ao maior número de jogadores PC, significando que a tecnologia precisa de acomodar máquinas mais fracas assim como as mais poderosas. Para esse fim, existe um ecrã de predefinições gráficas bem simples que permite aos jogadores ajustarem níveis de textura, sombras, shader e detalhes de objetos, juntamente com a qualidade das físicas de simulação. Baixo, médio e alto são as definições presentes, e como as imagens na página demonstram, as diferenças são bem percetíveis. Anti-aliasing, v-sync e motion blur também podem ser ajustados.

Subir tudo para o máximo, torna Warface numa experiência interessante - qualidade de texturas, detalhe de objetos e trabalho de efeitos sobe bem quando jogado numa resolução de 1080p, mais do que em muitos ports PC de consolas que jogamos - enquanto os níveis não tem personalidade no geral. Não existe falta de detalhe. No entanto, em termos gerais as coisas são bem estáticas com pouco em termos de animação ambiente. Isto é mais percetível com a vegetação, que parece rija e não natural - algo surpreendente tendo em conta o trabalho da Crytek que estabeleceu padrões aqui. A animação no geral - especialmente nos personagens - também parece estar em falta comparado com os mais recentes jogos Call of Duty e Battlefield, mas é decente o suficiente.

Adicionalmente, a impressão geral que temos é que os níveis de Warface usam na maioria luz e sombra pré-concebidas - sem problemas como está - e é claro que os artistas usaram com destreza as ferramentas de graduação de cor do CryEngine 3 para ajustar o aspeto dos níveis. O aspeto estático da iluminação no geral é um pouco desapontante. Dito isto, a justaposição da luz clara do céu em combinação com as sombras pretas fortes sugere que a renderização HDR é usada, e a mesma cena também demonstra que os feixes de luz também foram implementados. Uma implementação de oclusão ambiente também serve para dar a camada extra de profundidade à cena.

Parecemos estar a ver níveis de físicas ao estilo COD no geral - ambientes são essencialmente invulneráveis às armas em Warface, com cenário que se destrói de forma limitada a objetos incidentais. Mais positivamente, as físicas ragdoll nos personagens são divertidas de brincar - especialmente ao arrebentar com adversários com uma caçadeira ao perto. Onde o jogo pontua com brilho é no seu uso de efeitos pós-processamento - o motion blur em particular parece tão impressionante quanto em Crysis 2, efeitos de partículas são usados ocasionalmente mas com eficácia, enquanto o ressaltar de balas do chão e cenário parece bom, acompanhado por pequenas plumas de fogo.

"Warface é altamente inspirado pela gameplay FPS 'impulso' ao estilo COD e apesar de não ter muito em termos de estilo ou invenção, a tecnologia CryEngine 3 dá a aparência de um jogo acima da sua categoria."

Um leque de definições está disponível permitindo a Warface variar ao longo de um vasto leque de PCs - reconhecemos que mesmo um PC moderno com gráficas integradas poderia correr isto nas definições sensíveis na boa. Aqui está um par de comparações com três pré-definições globais ativadas.

Conclusões gerais? Warface transparece como um jogo fortemente inspirado na escola de jogabilidade 'por impulso' de Call of Duty e apesar da tecnologia e visuais não estarem bem com a qualidade de um AAA real, o jogo dá a aparência de estar acima da sua categoria - principalmente devido à infraestrutura CryEngine 3 que o suporta. O trabalho de otimização que a Crytek levou a cabo no CE3 é recompensado aqui - Warface corre muito bem mesmo num equipamento medíocre. A 1366x768 com as definições máximas ativadas num mapa muito complexo, os rácios de fotogramas variam entre 45 a 60FPS num PC dual-core com uma velha gráfica GeForce GTS 250. Recuem nas definições e temos a certeza que mesmo gráficas integradas poderiam correr isto.

Curiosamente existem retornos diminutivos definitivos ao passar para equipamento mais rápido - num sistema GTX680 apoiado por um CPU i7 de six-cores, vimos uma performance entre os 70-120FPS com a v-sync ativada ao jogar num ecrã 120Hz. A v-sync limita no de ponta, mas o facto de o rácio de fotogramas descer para esse nível inferior numa máquina monstruosa como esta é inesperado e um pouco estranho.

O fator F2P: Como Warface ganha o seu dinheiro

Em termos de jogabilidade, Warface faz um visto em praticamente tudo o que esperas de um FPS, mas existe uma sensação geral que todo o jogo é essencialmente de uma qualidade "acima da média", falhando em duas áreas distintas: primeiro, visuais e jogabilidade estão conseguidos o suficiente mas nunca existe uma sensação de haver algo mesmo especial sobre o que vês e vives. Este é um jogo sem espanto ou espetáculo e não tem uma vantagem inventiva - fora o facto de ser gratuito - que o separe do resto. Warface está claramente a tentar pegar na fórmula de Call of Duty, mas apesar de correr em tecnologia claramente superior, a experiência não parece tão entusiasmante no geral.

O segundo elemento que se sente em falta é o polimento geral do produto. Apesar dos visuais funcionarem bem, funcionalidades com destruição e animação não são as melhores, o pop-in é comum e não é difícil ficares preso no cenário devido à manhosa deteção de colisão. Existe também uma sensação geral que a Crytek Kiev não compreende os pontos mais subtis do modelo FPS - por exemplo, não existe penalidade quando te moves agachado, e podes continuar a disparar quando te abaixas e te levantas novamente - é o tipo de coisas que podem ser exploradas, como vais ver no vídeo PvP no topo desta página. Adicionalmente, como muitos dos mapas apresentam espaços relativamente confinados, as caçadeiras tornam-se na arma de eleição para mortes com um tiro.

Podem pensar que muitos destes elementos são relativamente pequenos e fáceis de tolerar tendo em conta que Warface é gratuito e de topo em muitos aspetos - e isso é justo. Claramente recebes muito jogo por um investimento de 0 euros, mas o facto é que Warface tem que ganhar o seu, significando que o equilíbrio na jogabilidade se direcciona na extracção do teu dinheiro ganho arduamente de uma forma ou outra.

" Este é um jogo sem espanto ou espetáculo e não tem uma vantagem inventiva - fora o facto de ser gratuito. Noutras áreas, existe a sensação que não tem o polimento necessário para competir com os melhores FPS."

Algumas imagens de elementos tecnológicos impressionaram-nos em Warface. As físicas ragdoll podem resultar em momentos bem divertidos (topo esquerdo), o pós-processamento é um tradicional alto padrão CE3 (topo direito), efeitos ressalto são subtis mas com eficácia (fundo à esquerda), mas a vegetação é rija e sem vida mesmo no meio de intenso tiroteio (fundo à direita).

A primeira parte desta fórmula é a subscrição premium, que custa o equivalente a 4.70 euros por mês - isto pode mudar quando o jogo se estrear no Ocidente. Isto dá-te automaticamente um aumento de 75% na XP e créditos no jogo que recolhes, e transforma um irritantemente lento nível de progressão em algo melhor descrito como 'tolerável'. Para o colocar em perspetiva, após as primeiras oito horas de jogo, tínhamos desbloqueado duas melhorias principais para armas mas simplesmente não tínhamos dinheiro para as comprar - se estás empenhado em Warface, vais precisar daquela melhoria do premium que apenas a subscrição oferece.

Não podes contornar isto injetando dinheiro real no jogo. Ao invés disso, o teu dinheiro real é usado para comprar "Kréditos" que te permite alugar melhorias como armas melhoradas (durante 7, 30 ou 90 dias dependendo do dinheiro que investes). Um aspeto curioso é que estas armas não são realmente muito mais poderosas do que as normais, no papel pelo menos - melhorias nas estatísticas como dano e alcance estão geralmente na casa dos 10% por categoria, mas frequentemente com contras também (menos eficácia ao disparar sem mira, por exemplo). No entanto, outro equipamento que se pode alugar tem claras vantagens na jogabilidade: capacetes podem permitir sobreviver a tiros na cabeça ou podem impedir que sejas cego por granadas, enquanto botas deixam-te correr mais rápido.

Não existe nada ao estilo das Killstreaks de COD em Warface mas existem armas especiais desbloqueadas por uma terceira moeda: coroas. Estas são ganhas no modo cooperativo, mas apenas se tiveres uma pontuação máxima entre os melhores 10,000 jogadores. Obviamente isto está baseado na destreza, mas entrar naquela faixa e constantemente ganhar coroas requer muito tempo, e o uso estratégico de equipamento por aluguer claramente vai melhorar o teu poderio. Armas por coroa podem ser usadas nos modos PvE e PvP, e são supremamente poderosas. Podem ser usadas em todas as variações de jogo, efetivamente tornando um jogador competente num jogador omnipotente enquanto a arma dura - armas por coroa são contratadas por um ou sete dias.

"Warface não está disponível no Ocidente de momento - o que vês nesta página é mesmo uma versão 1.0 e podem haver extensivos ajustes empregues antes de chegar a novos mercados."

Querem desbloquear as armas épicas? Vais precisar de jogar o cooperativo PvE para obter as coroas necessárias para as alugar. Aqui temos missões da campanha cooperativa jogadas do início ao fim para desfrutarem.

Warface: O veredicto Digital Foundry

Claro, alterações no equilíbrio do jogo podem ser implementadas no futuro, talvez antes sequer de o jogadores. Warface não está disponível no Ocidente de momento - o que vês nesta página é mesmo uma versão 1.0 e podem haver extensivos ajustes empregues antes de chegar a novos mercados. A Crytek já está a trabalhar para integrar o jogo no seu próprio sistema de rede social GFACE por exemplo, e tendo já recebido uma grande atualização na sua atual versão, podemos acreditar que pode ser mais melhorado antes de o jogarmos.

Mas atualmente, Warface é uma intrigante curiosidade: um motor de topo deliberadamente a correr abaixo das definições ótimas para acomodar um maior leque de donos de PCs, sem muitas das funcionalidades chave que temos nos mais recentes shooters AAA de consola, mas na mesma bem decente no geral. Apesar do modelo de subscrição "pagar para progredir" irritar, o facto é que com escolhas astutas de armas, podemos andar pelo jogo sem investimento e divertir-te. Apenas raramente sentimos que um cenário de combate pendeu desfavoravelmente para um jogador premium e as armas por coroas parecem ser raras o suficiente para o jogo não se quebrar por causa delas. Na verdade, temos a impressão que são ferramentas sérias para jogadores sérios e guardadas para eventos de demonstração ao invés de serem "desperdiçadas" a abater novatos.

Então com tudo isto em mente, é a primeira entrada da Crytek nos jogos F2P um sucesso? Warface é um jogo sólido, mas não espetacular. Nesse sentido ficamos desapontados, não só porque é um jogo Crytek, com todas as expectativas que a marca carrega. Isto é claramente um lançamento decente que vale a pena investir tempo, mas não parece encaixar bem no lema de "Maximum Game" através do qual o estúdio ganhou a sua reputação.

Dito isto, esta é a primeira oferta do estúdio Crytek Kiev (que parece ter investido muito dos seus anteriores esforços a trabalhar em projectos de motor) e toda a imponência da estabelecida equipa ainda não foi empregue num projecto F2P. Num mundo no qual Crysis 2 corre bem em gráficas integradas, é claro que a Crytek tem as ferramentas e o talent para fazer a diferença no emergente mercado F2P. A equipa Crysis num jogo F2P? Adoraríamos ver isso...

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