Se clicares num link e fizeres uma compra, poderemos receber uma pequena comissão. Lê a nossa política editorial.

Destiny: The Dark Below - Análise

Abaixo das expectativas.

Ao longo dos últimos três meses foram várias as decisões questionáveis da Bungie relativamente a Destiny. Com a expansão The Dark Below havia uma oportunidade genuína para voltar a ganhar a confiança da comunidade e aumentar a qualidade da experiência, mas em vez disso, mais uma vez a Bungie meteu o pé na poça e parece mais empenhada em retirar a diversão do jogo do que torná-lo mais prazeroso. O resultado é uma base de fãs mais descontente e dificuldade em compreender qual é plano a longo prazo para esta jornada espacial que nos foi dito desde o início que terá uma duração de dez anos.

Esforço em vão nos últimos meses

O problema não é tanto os conteúdos da expansão The Dark Below (falarei disso mais adiante), mas antes as implicações que tem para os fãs mais dedicados que gastaram centenas de horas desde o lançamento para ganhar o melhor equipamento e armas. Com a chegada da expansão, quase tudo se tornou irrelevante, e passo a explicar. A partir de agora é possível comprar nos NPCs equipamento que permite chegar a nível 31. O único esforço requerido é a acumulação de Marks suficientes e duas recomendações (ganhas ao subir o nível das fações, que é parte que requer mais tempo) para comprar o capacete e armadura do tronco.

O conjunto de armadura ganho na Raid anterior tornou-se completamente inútil.

Antes da expansão, 30 era o nível máximo em Destiny, que só podia ser alcançado ao ganhar pelo menos três peças da Raid Vault of Glass (mais uma peça exótica qualquer), algo que estava dependente da sorte. Para alguns, como foi o meu caso, este processo demorou meses e foi uma experiência com vários momentos frustrantes e que requereu muita paciência, mas no fim, senti que valeu a pena e estava orgulhoso por ter chegado finalmente a nível 30. Com a expansão The Dark Below, o equipamento da antiga Raid para pouco ou nada serve. Alias, neste momento, o meu conjunto de armadura já foi completamente colocado de lado, servindo apenas de recordação.

Isto leva-me aonde eu queria chegar. The Dark Below parece punir quem se esforçou para chegar a nível 30 e recompensar aqueles que nem sequer colocaram os pés no Vault of Glass. A única vantagem para quem participou na Raid semana após semana, são as armas ganhas. Embora o seu dano máximo seja apenas 300 (as novas armas vão até 331 de ataque), as armas do Vault of Glass continuam a ser úteis, pelo menos neste período inicial em que ainda não existe um modo Hard na nova Raid. Apesar das antigas armas terem ainda alguma utilidade, em dano são ultrapassadas pelas novas armas, que depois de melhoradas podem atingir 331 de dano.

As armas e peças de armadura exóticas são os únicos itens que podem ser melhorados para as novas estatísticas, mas ainda assim, o sistema implementado pela Bungie tem claras falhas. A melhoria de itens exóticos está dependente do Xur, NPC que só aparece na Torre durante dois dias. Pior ainda, só podemos melhorar o nosso item exótico se este se encontrar na lista de melhorias semanais. Se não for esse o caso, teremos que esperar pela semana seguinte. Além disto, se fizermos as contas, fica mais caro fazer melhoria a uma peça de equipamento exótica do que comprar uma nova, quando na realidade deveria ser ao contrário.

Ainda nesta questão dos itens exóticos, é injusto não haver distinção entre quem os melhorou ao máximo e gastou recursos para isso, e entre aqueles que não investiram quaisquer recursos. O preço de melhorar um item exótico é o mesmo independente do investimento prévio. Mais uma vez, quem se dedicou ao jogo antes da chegada da expansão está a ser punido.

Também é desapontante verificar que a Bungie aumentou a quantidade de griding necessária para comprar as armas dos NCPs da Torre. Antes bastava acumular Vanguard ou Crucible Marks. Agora, também precisamos de uma Commendation, que só pode ser ganha ao subir o ranking dos NPCs Vanguard ou Crucible, um processo bastante mais demorado. O que torna isto mais problemático, é que o limite de Marks que podemos ter em simultâneo é 200 e por semana apenas podemos ganhar 100. No Glimmer, que agora é essencial para comprar as melhorias exóticas no Xur, o problema repete-se e estamos limitados a 25 mil.

É frustrante que a Bungie queira forçar-nos a desperdiçar várias horas em rotinas aborrecidas e que em simultâneo limite o que podemos ganhar durante esse período. Além disto, a atribuição de loot por RNG continua a ser injusta para quem se dedica mais ao jogo. O Cryptarch continua a transformar os Engrams em itens fracos, e mesmo quando subimos o seu ranking, é raro encontrar no seu pacote um Engram lendário.

Claro que a Bungie pode a qualquer momento decidir alterar novamente a economia e sistemas do jogo, mas diria que após a mais recente atualização, o jogo ficou efetivamente pior e não parece ir ao encontro do feedback da comunidade, embora a Bungie tenha dito várias vezes que está sempre a ouvir a comunidade. Se isto é verdade, certamente não estão a olhar para o sítio certo. Ao longo destes meses tenho visto sugestões excelentes e bem pensadas, e nenhuma foi adicionada. Mas falemos sobre os conteúdos da expansão.

Poucos conteúdos para uma expansão

Em resumo, a expansão The Dark Below inclui três missões da história, uma nova Strike (duas no caso das versões PlayStation), três mapas para o multijogador competitivo, uma nova Raid e várias novas armas e equipamentos. Desde já deixem-me dizer que expansão não é o nome apropriado para The Dark Below. Depois ter explorado os seus conteúdos durante mais de uma semana, parece que estamos perante um DLC e não uma expansão. Não é que os conteúdos sejam maus, mas não há realmente uma "expansão" ao que o jogo oferece, é apenas uma adição ao que já está construído.

Comecemos pelas missões da história. As novas missões são nos dados pela nova NPC da Torre, Eris, que nos avisa do terrível perigo dos Hive, liderados por Crota, que estão a preparar um exército para invadir o nosso planeta. Duas das três missões decorrem na Terra enquanto na última visitamos a lua. Nestas missões vamos visitar novas áreas que antes estavam bloqueadas, mas é uma desilusão que sítios já conhecidos e visitados sejam reaproveitados para as missões de uma suposta expansão.

Omnigul é o boss da nova Strike.

Completar estas três missões é um processo que demora sensivelmente entre uma a duas horas, dependendo da vossa perícia e armamento. Depois de completar estas três missões, vão ganhar a Murmur, uma nova Fusion Rifle com a capacidade única de alternar entre o tipo de dano causado: Arc ou Solar. A seguir, temos que cumprir vários passos, em forma de Bounties, para desbloquear o acesso à nova Strike, cujo boss final é um Wizard que dá gritos estridentes e conta com um escudo Arc, uma variação diferente dos Wizards comuns.

"Completar estas três missões é um processo que demora sensivelmente entre uma a duas horas, dependendo da vossa perícia e armamento."

Feito isto, ainda há mais algumas tarefas a completar para Eris. Uma delas é o Bounty da Urna, que para as exigências que faz, não recompensa com um prémio à altura. Se completarem este Bounty, tudo o que vão receber é uma peça de armadura para os braços, algo que poderiam simplesmente comprar nos NPCs da Torre (faria mais sentido se fosse uma peça para a cabeça ou torso, dado que requerem Commendations).

Tudo o que resta para fazer depois são as Bounties diárias, cuja variedade deixa a desejar (mais uma vez, não é digno de uma expansão). É importante cumprir estas Bounties para subirmos o ranking deste NPC, o que é necessário para desbloquear acesso ao item essencial para obter a arma exótica Necrochasm e para trocar os Radiant Shards da nova Raid por Radiant Energies, ou vice-versa. Mas digamos que completar diariamente estas Bounties torna-se rapidamente aborrecido e uma rotina que acaba por tirar diversão ao jogo.

Nas novas strikes (inclusive aquela que é exclusiva PlayStation) não há nada de realmente novo. O design é preguiçoso e faltam partes elaboradas. Em vez disto, as novas strikes consistem em colocar o jogador contra quantidades absurdas de inimigos do princípio ao fim. E à semelhança das missões da história, as novas strikes também reaproveitam as áreas já existentes. Só na parte final é que presenciamos novos lugares.

A Necrochasm pode ser obtida através da evolução de uma arma comum, a Husk of the Pit.

Os três mapas para o multijogador vêm adicionar mais variedade às playlists, ainda que nesta fase inicial da expansão não estejam acessíveis em todos os tipos de partidas (por exemplo, não dá para jogar Control nos novos mapas). O que me faz torcer o nariz não são os mapas, que em termos de design são o contrário das missões, mas o pouco incentivo que existe em visitar este modo de jogo. As Marks ganhas no final de cada partida são poucas (duas se perderem, três se ganharem) e os prémios entregues no final não fazem sentido. É comum acontecer que os jogadores com a pior prestação da equipa recebam as melhores recompensas, enquanto aqueles que jogaram melhor recebem coisas inúteis, ou às vezes nem recebem nada. É incompreensível.

O melhor que The Dark Below tem para oferecer é a nova Raid na lua, Crota's End, o que para alguns até pode ser um motivo forte suficiente para comprar a expansão. Se jogaram o Vault of Glass sabem certamente que as raids são a melhor coisa que Destiny tem para oferecer, requerendo uma coordenação exigente entre uma equipa de seis jogadores e domínio de mecânicas que não aparecem nas missões normais ou strikes. Chegar ao fim não é fácil, até para quem já joga há meses.

A nova Raid é um desafio diferente do Vault of Glass do início ao fim. Primeiro começamos numa área toda escura onde ficamos progressivamente mais lentos e rapidamente rodeados de inimigos. Na fase seguinte, é preciso ativar uma ponte para chegar ao outro lado, e de cada vez só pode passar um jogador, que terá que derrotar um inimigo do outro lado com uma espada. Na terceira fase há um limite de tempo de 3 minutos para derrotar um mini-boss que está protegido por barreiras e dezenas de inimigos. E por fim, há o grande e poderoso Crota, que só sofre dano com uma espada especial, que por cada vez que aparece só dura 45 segundos.

Crota é um Hive Knight gigante e tem um escudo que se regenera rapidamente.

Cada secção da Raid é um novo desafio e que requer sintonia total entre os membros da equipa. A falha de um pode significar a derrota para todos os outros. É aqui que Destiny cumpre todo o seu potencial e que de certa forma, acaba por compensar todas os outros momentos nos quais não é tão brilhante. Ainda assim, isto não serve de desculpa para os outros conteúdos da expansão e a Bungie terá que redimir-se com House of Wolves, a próxima expansão agendada para abril, caso contrário, quando for a altura para Destiny 2, a base de fãs original poderá ter perdido o interesse e confiança.

"Não há como negar que The Dark Below fica abaixo das expectativas dos fãs e falha em cumprir o seu propósito como expansão"

Apesar da nova raid ser uma excelente adição, a realidade é que vem substituir o Vault of Glass. Num jogo que peca pela falta de conteúdos para o end-game, é inacreditável que a Bungie não tenha adicionado um novo nível de dificuldade à primeira Raid para responder ao aumento de nível máximo. Neste momento, o Vault of Glass serve apenas para angariar Ascendent Shards e Energy, os materiais requeridos para melhorar os itens lendários. Até as armas exóticas ganhas nesta raid ainda estão limitadas ao antigo dano máximo de 300, o que é incompreensível.

Resta dizer que a expansão também aumenta o nível limite para 32. A única forma de obter equipamento para chegar a este nível é participar na Crota's End. De igual modo, é aqui que podem obter algumas das melhores armas, ainda que as armas primárias só possam ser ganhas no modo difícil, que só será desbloqueado algures em janeiro.

Destiny tem sido o meu jogo de eleição desde de setembro. Ainda hoje sou capaz de ficar agarrado durante horas e de divertir-me imenso no jogo da Bungie, mas não há como negar que The Dark Below fica abaixo das expectativas dos fãs e falha em cumprir o seu propósito como expansão. A desilusão alargar-se tantos aos conteúdos, que deviam ser mais e com qualidade superior (a única excepção é a nova raid), como às muitas arestas que continuam por limar. A Bungie bem que podia ter usado esta ocasião para recompensar toda a dedicação e paciência dos fãs desde setembro, mas simplesmente deu-lhes mais motivos para temer o futuro. A vantagem é que Destiny é um jogo em constante construção. Daqui a alguns meses várias das críticas aqui apontadas poderão deixar de ser válidas. Como um fã, espero sinceramente que assim o seja.

6 / 10

Sign in and unlock a world of features

Get access to commenting, newsletters, and more!

Descobre como realizamos as nossas análises, lendo a nossa política de análises.

In this article

Destiny

PS4, Xbox One, PS3, Xbox 360, PC

Related topics
Sobre o Autor
Jorge Loureiro avatar

Jorge Loureiro

Editor

É o editor do Eurogamer Portugal e supervisiona todos os conteúdos publicados diariamente, mas faz um pouco de tudo, desde notícias, análises a vídeos para o nosso canal do Youtube. Gosta de experimentar todo o tipo de jogos, mas prefere acção, mundos abertos e jogos online com longa longevidade.

Comentários