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Dark Souls 2 - Análise

A última grande aventura para uma geração de consolas.

Em Demon e Dark Souls o combate desempenhou um papel fulcral. Sendo que é através dele que se assegura a progressão, vencendo os inimigos mais poderosos e "bosses", a relevância dada ao sistema de batalha não foi descurada nesta sequela. Pelo contrario, o reforço está bem patente na quantidade de novas animações e captura de movimentos realistas. Em termos de dificuldade não há nenhum abrandamento. A primeira fase de exploração funciona como adaptação, uma aprendizagem simples, adequada a revelar os golpes básicos disponíveis diante de inimigos enfraquecidos, para depois subir gradualmente até a morte se tornar um hábito. O combate é também a via mais adequada para perceber até que área podemos seguir. Não raras vezes atravessamos o nevoeiro que nos leva a encontrar um "boss" em tudo superior, sinal de que ainda não estamos preparados para seguir por aquele caminho.

De resto, nota-se que o novo motor gráfico e o desenvolvimento das personagens beneficiou a fluidez de combate. O lock-on sobre os inimigos regressa, facilitando nos desvios aos golpes dos adversários, sem que tenhamos de usar o botão analógico para mudar a perspectiva. No entanto, com mais adversários à volta da nossa personagem terá que haver alguma moderação no uso desta funcionalidade. Como já sucedia nos jogos anteriores, o uso de instrumentos defensivos, ofensivos, corrida e desvios, consomem resistência, pelo que é importante ter paciência nas abordagens aos adversários mais fortes, cuja movimentação muito rápida nos deixa desfeitos numa fracção de segundo. Entre contra-ataques, golpes dos adversários travados, bloqueios e algumas combinações, combater com sucesso não é tão desesperante. Basta ter a paciência e esperar pelo momento certo para reagir num momento de vulnerabilidade do adversário.

Armadilhas, puzzles e obstáculos de grandes dimensões são uma constante.

Para lá da imensa variedade de inimigos e dos seus imensos atributos em termos de ataque, Dark Souls 2 não é menos que bombástico na oferta de "bosses". Ao todo há mais de uma trintena para enfrentar, dos quais alguns deles regressam de Demon e Dark Souls. A variedade de golpes, a movimentação e vulnerabilidades, foram trabalhados ao mais ínfimo detalhe. Embora o primeiro oponente deixe sinais de alguma facilidade, os "bosses" seguintes rapidamente devolvem a dificuldade a que nos habituamos nos jogos anteriores. Leva tempo até aprender as suas reacções e descobrir o equipamento certo para os levar de vencida sem haver grandes penalizações, mas nunca se tolera o mínimo erro.

O quadro de gestão de equipamento, poções e estado da personagem foi significativamente optimizado, com gravuras mais alargadas, detalhadas e com uma opção de fácil legendagem para cada atributo ou resistência. Como é recorrente este acesso, a facilidade de operações é claramente um bónus. As armas, escudos e outros items podem ser adquiridos a troco das almas, em certos territórios. Normalmente existem mercadores ou lojas que efectuam reparação e melhoria do equipamento. Mas tudo é oferecido a troco das almas e é aqui que enfrentam a necessidade de gerir bem o percurso e evitar mortes que possam pôr em causa o pecúlio amealhado. Entre as novidades encontra-se a Human Effigy uma estátua que permite a uma personagem recuperar a sua condição humana e adquirir a plenitude do indicador de saúde. Porém há agravantes na passagem para este estado, nomeadamente as invasões por parte de outros jogadores. Foram também incluídas "life gems" que permitem à personagem recuperar alguma da sua saúde.

Um dos aspectos marcantes de Dark Souls 2 é precisamente a sua componente online, reforçada com a inclusão dos próprios servidores em vez de uma "alimentação" através do método P2P. Esta solução oferece mais algumas garantias em termos de conexão, ao mesmo tempo que permite à produtora ajustar alguns elementos do jogo. Por outro lado, o sistema de jogo cooperativo vem dar ao jogador a possibilidade de se juntar a um grupo de protectores ou assassinos. No primeiro caso, os "blue sentinels" funcionam como membros que protegem os outros jogadores, entrando no mundo de algum que se encontre em apuros por causa de uma invasão. Isto traz alguns riscos para os invasores, sabendo que se expõem aos ataques desta guarda. Mas se o jogador aderir ao "The Way of Blue Covenant" poderá contar com uma entrada no seu jogo de outro membro, contanto assim com mais defesas.

Noutro plano, havendo preferência por invasões, o Brotherhood of Blood é uma das opções, muito embora ao derrotar os adversários não haja um ganho de humanidade mas um sacrifício do seu sangue ao deus da guerra. A estes acrescem ainda o Bell Keepers, The Heirs to the Sun (covenant cooperativo), Company of Champions e Pilgrims of Dark. O reforço do sistema de Covenants parece dar alguma ideia de dificuldades adicionais para os jogadores, mas o seu contexto, ao premiar a inclusão através de items e protecções, permite uma descoberta mais acelerada do mundo e uma partilha de experiência que encerra recompensas.

A perda de humanidade reflecte-se não apenas na redução da barra de saúde mas também numa alteração facial da personagem. Tenham sempre algumas Human Effigy por perto.

As "bloodstains" permanecem em Dark Souls 2, constituindo avisos deixados pelos jogadores que denunciam perigos nas proximidades como "bosses", armadilhas e outras surpresas. A novidade neste sistema é a possibilidade de pontuar a "bloodstain", tornando-a mais ou menos relevante. Uma valorização constante por parte dos outros jogadores permite um ganho adicional de almas, o que é sempre muito conveniente. As ilusões dos "blue phantoms" e dos "bonfire phantoms" transitam do jogo anterior.

No capítulo do grafismo, Dark Souls 2 sai reforçado no que toca particularmente às animações e arte. A fluidez de jogo é constante, mas nas versões para consolas não ultrapassa os 30 fps, com alguns abrandamentos em momentos específicos. Podiam ter sido adicionadas mais texturas e algum tratamento quando a perspectiva se torna mais abrangente. Não obstante, o realismo dos movimentos, os efeitos de luz proporcionados pela tocha e uma construção deveras decrépita de um reino outrora magnífico, sustentam um apartado visual que poucos jogos conseguem igualar.

Dark Souls 2 é o último grande urro para uma geração de consolas em fim de ciclo. Um jogo enormíssimo. Desafiante, misterioso, intrigante, complexo e em clara sintonia com as expectativas dos fãs dos jogos anteriores. Ainda que possa não surpreender tanto nesta altura por serem já conhecidas muitas das suas qualidades, a From Software não desperdiçou a oportunidade que tinha ao seu alcance para dar ainda mais ênfase ao seu legado. E o que torna tão interessante esta aventura de fantasia negra medieval é precisamente a forma como compele o jogador a descobrir o caminho certo e a vencer inimigos poderosíssimos. Os erros são punidos sem parcimónia e o processo de memorização como factor de aprendizagem torna-se elementar. Mas ao premiar criatividade, estratégia e bom desempenho, nunca a sensação de conquista foi tão forte. E esse é o grande mérito da From Software, promover uma experiência dura de roer mas absolutamente recompensadora ao mesmo tempo para os mais persistentes.

9 / 10

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