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Cuphead lidera as novidades indie para a Xbox One - Antevisão

Celebração da jogabilidade frenética de Metal Slug e dos cartoons dos anos 30.

A dedicação da Microsoft aos produtores independentes através dos seus programas não é uma novidade. Em ocasiões anteriores e noutros programas de impulso através do Xbox Live, os produtores independentes contaram sempre com o apoio da empresa norte-americana: proporcionar um espaço a títulos de menor orçamento mas com ênfase na qualidade. E as respostas foram muito boas, com jogos que ao longo dos anos colheram as preferências dos jogadores e que ainda agora são referências no Xbox Live. À entrada da nova geração, o apoio não esmoreceu.

Na conferência da Microsoft, em Los Angeles, testemunhamos esse compromisso através do programa em andamento apelidado ID@Xbox, pela voz de Chris Charla, o responsável da Microsoft que acompanha o processo de publicação dos jogos independentes. Reconhecida a sua importância enquanto produto e pelas qualidades artísticas que muitas vezes se tornam nos elementos mais distintivos, vimos um segmento composto por vários jogos indie de grande aspecto.

Tacoma foi o primeiro indie a ser revelado. Da mesma produtora de Gone Home (Fullbright), chega-nos esta aventura na primeira pessoa, futurista e em tons neon. Já Ashen, uma aventura na terceira pessoa, com um fortíssimo ambiente, é um jogo de role play passado num mundo aberto. Misterioso e profundo, vem da fábrica Auroro44. Beyond Eyes ficou-me na retina: uma menina cega, dez anos, sai do seu espaço para encontrar Nani, o seu gato. Sendo que só recentemente ficou cega, tem memória das coisas, estabelecendo a partir daí uma diferente interacção com o seu meio envolvente.

Um dos bosses. Pressionando o botão de disparo algum tempo é possível lançar um acumulado de energia, causando mais dano no adversário.

Da lista de jogos independentes revelados durante a conferência, o único que passou para o "stand" da Microsoft, aberto ao público e sob a forma de demonstração, foi Cuphead, um jogo que imediatamente colheu a minha atenção por ser uma espécie de ponto-de-encontro entre o rato Mickey, Metal Slug e os cartoons dos anos 30. Este run'n gun promove uma jogabilidade frenética, típica em shooters e jogos mais clássicos, com as personagens, umas chávenas com braços e pernas (Cuphead e Mugman), a dispararem balas pela ponta dos dedos, enfrentando difíceis adversários à medida que, descobrindo o padrão de ataque destes, saltavam no momento certo para fugir dos projécteis.

A boa impressão que o jogo me deixou na conferência, sob a forma de "trailer" levou-me a querer saber mais e experimentar aquela que para mim é uma das melhores surpresas desta E3 e um dos meus jogos favoritos. Creio de resto não estar sozinho nesta defesa e não serei talvez o único a partilhar o meu entusiasmo pelo jogo que imprime uma homenagem muito segura das animações televisivas dos anos 30, Looney Tunes e os cartoons do Mickey Mouse. No stand da Microsoft, os 2 televisores ligados à Xbox One, com dois comandos para uma experiência cooperativa, não chegavam para evitar umas filas. Ainda aguardei uns valentes minutos por uma oportunidade, mas fiquei bastante agradado com o que joguei, ainda que a demonstração não fosse muito extensa...mas difícil.

Começando pelo conceito, o que temos neste jogo é uma entrada quase directa nas animações que pontificaram nas televisões norte-americanas dos anos 30. O estilo gráfico é muito semelhante, com uma arte que toca elementos mais icónicos como as luvas brancas das personagens (dá um destaque à mão), bastante semelhantes às de Mickey Mouse e o pequeno corpo que serve de suporte à chávena marcada por dois olhos e uma boca, que ajudam a reflectir o estado emocional, chávena que contém líquido e um pauzinho doce para dissolver o açúcar.

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Depois, à volta das personagens, temos aquele a respiração do mundo, maravilhoso em nostalgia, que nos transporta para uma série de coisas incríveis, como vegetais enormes que se transformam em inimigos ou uma dupla de adversários que numa espécie de "saloon" usa umas luvas de boxe para uns poderosos socos. Todos se agitam ao som da música, com vozes como que saídas de um gramofone, cores esbatidas e o granulado da fita cinematográfica.

Cuphead é uma produção de dois irmãos canadianos: Chad e Jared Moldenhauer e ambos nutrem um profundo entusiasmo não apenas pelos cartoons e animações dos anos 30 como por muitos dos "run'n gun" que pontificaram nos anos noventa. Metal Slug é talvez um dos maiores exemplos de muitas coisas a acontecerem no ecrã e de disparos nas mais diversas direcções. Mas também existem outras influências como Contra ou Dynamite Headdy, gloriosas influências.

A demonstração, disponível para dois jogadores em modo cooperativo, permitia a escolha de vários níveis. Um dos jogadores começava por controlar uma personagem, através de uma perspectiva isométrica, levando-a até uma das atracções numa espécie de mapa mundo, como um bar na vila, uma quinta, etc. Nesses sítios, ambos os jogadores defrontavam o que pode designar-se como boss. Ou seja, não estávamos diante dos níveis mais tradicionais em que avançamos em forma de "scroll horizontal", ultrapassando obstáculos. O combate era puro e duro, com várias fases, em que do outro lado as criaturas respondiam com golpes mais exigentes, através de padrões de movimentos cada vez mais complexos de memorizar.

A qualidade das animações é um dos pontos altos do jogo, assim como a música.

Aproveitando as pequenas pausas nos seus ataques e depois de nos evadirmos dos projécteis, partíamos para junto dos bosses disparando sem cessar. As personagens disparam através da ponta dos dedos, num efeito bem conseguido. Por vezes as ameaças chegavam do topo e dos lados, implicando que um dos dois jogadores neutralizasse mísseis e pequenas bombas que amparadas por um pará-quedas desciam num movimento pendular. Haverá outras armas à disposição mas no momento não deu para experimentar as alternativas.

Depois de algumas vidas esgotadas, por força da dificuldade elevada assim que os bosses mudam de comportamento e reagem mais depressa aos nossos ataques, é possível sobreviver um pouco (cada personagem tem uma barra de saúde), mas chegará o momento em que fica apenas um jogador e também esse, mais cedo ou mais tarde, será neutralizado. Como não podíamos ficar ali muito tempo e havia que dar a outras pessoas o comando, cedi o meu, gentilmente, e deixei o jogo com a melhor impressão que muitos títulos arcade dos anos noventa deixaram em mim e continuam a marcar os tempos, como sucede com Shock Troopers da SNK.

Muito colorido e com gráficos bem realizados, Cuphead distingue-se pela qualidade das animações, visuais e banda sonora, muito bem moldada ao género de jogabilidade. Verifica-se também uma recuperação da dificuldade inerente aos jogos da década de noventa. Não é nada fácil vermo-nos livres daqueles bosses. Acredito que o jogo possa surpreender ainda mais nos segmentos em forma de "scroll" horizontal. A demonstração levada à E3 é um ponto de partida. Com lançamento provável para 2016, vale a pena aguardar e acompanhar o desenvolvimento desta pérola. Não só uma homenagem dos clássicos cartoons dos anos 30, mas sobretudo um bom exemplo de arte, jogabilidade frenética do género arcade e desafio. Um achado.

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