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Codename S.T.E.A.M. - comics, estratégia e muito steampunk

Jogámos na Nintendo, em Lisboa, uma porção da versão final do próximo grande hit da Intelligent Systems.

Conhecido no Japão como Lincoln vs Aliens, Codename S.T.E.A.M. é o título escolhido pela Intelligent Systems para a sua nova aventura de estratégia e combate por turnos a ser lançada pela Nintendo exclusivamente para a família de consolas portáteis da Nintendo, no próximo mês de Maio, dia 15, na Europa. O conceito e mecânicas de jogo não são propriamente uma novidade para um estúdio que nos trouxe grandes jogos, como Paper Mario, Advance Wars, Fire Emblem mas também títulos com originalidade e frescura como os imprescindíveis Pullblox e Fallblox e ainda o recente Game & Wario para a Wii U.

Codename insere-se claramente na secção dos jogos mais mecânicos e estratégicos com que esta peculiar produtora da Nintendo nos brinda desde há mais de duas décadas. E não duvidem da universalidade do jogo para as portáteis. É que apesar do acesso ao c-stick da New 3DS para movimentar a perspectiva de jogo quando controlamos uma personagem no campo de batalha, numa 3DS normal a solução passa pela disponibilidade de um botão analógico táctil, à semelhança de um botão similar instalado num "smartphone".

O jogo retoma alguma arte de Jak Kirby, com personagens fortes e encorpadas envergando uniformes de grandes dimensões e começa com uma perspectiva de Grant Morrison, com passagem pela secretária onde o jogador é simultaneamente o leitor.

Qualquer jogador que tenha experiência em Advance Wars e Fire Emblem não terá problemas de adaptação. E se no currículo das suas experiências constar o episódio Valkyria Chronicles (PS3, 2008), terá logo uma ideia das influências que nortearam a Intelligent Systems na produção desde jogo de estratégia em tempo real, totalmente tridimensional e com perspectiva na terceira pessoa. Com o lançamento de uma generosa demonstração relativamente recente (podem jogar o prólogo, mapas do capítulo 1 e um mapa do capítulo 2), é provável que tenham formado uma ideia sobre os méritos e alcance desta produção, especialmente ao nível da estética, com uma apresentação ao jeito "comic" e umas influências da animação, a juntar a uma arte assente na era das máquinas a vapor e das utopias que se instalaram.

A propósito, este ainda é um tema pouco explorado nos videojogos. Bioshock proporcionou uma abordagem bastante interessante e muito forte em termos narrativos e vimos ainda há poucas semanas como The Order 1886 convocou essa era de forte desenvolvimento tecnológico. Por isso, Codename Steam acaba por sobressair diante de outras produções. O jogo mostra-nos uma cidade londrina repleta de equipamentos e tecnologias alimentadas a vapor, sendo que as atenções estão concentradas na inauguração da "steam gate bridge", um evento público que conta com a presença da rainha. Subitamente, dá-se uma invasão alienígena e Henry Fleming, capitão da unidade de intervenção S.T.E.A.M., é chamado ao serviço, começando por combater as criaturas demoníacas que tomaram a cidade de sobressalto.

Enquanto os inimigos se movimentam podemos mudar de perspectiva de personagem, procurando perceber a estratégia do rival.

Em termos de arte o jogo integra muito bem uma apresentação tipicamente comic, com diálogos inseridos em vinhetas apontadas aos avatares das personagens durante a acção e uma narração acompanhada por imagens com algumas gravuras em destaque nos intervalos das secções em movimento. Esta apresentação é totalmente diferente do que vimos criado até hoje pela Intelligent Systems. Do tema à arte, Codename transpira originalidade e esse é um ponto forte do jogo. Transitando para a batalha, assume imediatamente destaque a composição tridimensional, com a perspectiva típica de um "third person shooter" a acompanhar a personagem que controlamos no momento. Começando com apenas uma personagem, rapidamente mais unidades da força de intervenção passam a actuar ao nosso lado, beneficiando de atributos especiais e armas diferentes. Os combates decorrem por turnos e na vez do jogador todas as personagens contam uma porção de vapor que podem utilizar para o seu movimento sobre o mapa, mas também para atacar inimigos e até surpreendê-los no caso de uma emboscada.

O combate opera-se dentro da fórmula do jogo do gato e do rato, sendo imperativo surpreender o adversário e nunca entrar directamente sobre o seu raio de alcance e visão sob pena de nos tornarmos num alvo fácil. A flexibilidade é imensa e em termos de opções, atendendo à dimensão dos mapas, podemos equacionar diferentes estratégias. Ao aceitarmos movimentar uma personagem vemos que no chão existe uma espécie de quadrados que delimitam a sua margem de circulação. É importante evitar os inimigos, mesmo com a facilidade em experimentar alternativas. Uma limitação interessante e importante é que não temos um mapa de jogo que nos deixa ver a posição e avanço dos inimigos. Só rodando a câmara conseguimos, nalguns ângulos, ver a movimentação de alguns inimigos, mas sempre de forma pouco perceptível. Isto torna as jogadas por turnos bem mais tensas e estratégicas.

As vozes das personagens convencem, com expressões humorísticas ao longo do turno e ainda encontramos preciosos aliados.

Num turno podemos gastar todo ou parte do vapor atribuído a cada personagem. Como o seu gasto tende a variar por personagem e tipo de arma, as unidades atribuídas para disparo ou movimento serão diferentes. Assim, caso algum inimigo venha na nossa direcção durante o seu turno, podemos efectuar um "overwatch attack", deixando o adversário temporariamente neutralizado e um pouco mais afastado, pois alguns ataques tendem a empurrar os inimigos.

Em todos os mapas há obstáculos que podemos fazer explodir para mais facilmente abrirmos caminho. Uma personagem como John Bear contribui com uma arma especial, a lança-granadas, capaz de rebentar uma série de barris e caixas de grande dimensão. Muitos destes objectos escondem moedas, que podemos depois utilizar para obter melhor equipamento e gravar o jogo em posições específicas. Muitas batalhas são demoradas, devido ao número elevado de inimigos e requerem paciência e o desenvolvimento de diferentes estratégias. Pensar em avançar directamente para a meta ou ponto específico pode revelar-se mortal.

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Para lá da campanha os jogadores poderão dar uso ao modo multiplayer em animadas sessões de combate, através de mapas especificamente desenhados para o efeito. Neste modo é possível dar uso a Amiibos exclusivas do jogo, nomeadamente a Amiibo Marth, por forma a "importar" a personagem para o jogo. Os modos de jogo vão desde o tradicional "Death match", até ao Medal Battle e ABE Battle. Neste último modo poderemos controlar Abraham Lincoln. É possível seleccionar várias personagens para combate, até cinco, sendo que dispomos de apenas 60 segundos para dar ordens e movimentar os nossos militares, num combate que não poderá exceder 30 turnos.

A ausência de um mapa torna a tarefa de aproximação ao inimigo sujeita a mais alguns perigos, especialmente quando não detectamos o seu avanço. Convém ter atenção ao posicionamento dos nossos membros da equipa, caso contrário serão alvejados, algo que o adversário agradece. De resto os mapas são extensos, baseados nos mapas de campanha, deixando antever autênticas batalhas entre os jogadores, ainda que se verifique nalguns mapas uma caracterização genérica.

A pouco mais de dois meses do lançamento na Europa, Codename S.T.E.A.M perfila-se como um dos grandes jogos para a família de consolas portáteis da Nintendo. Um jogo que recebe influências dos clássicos de estratégia da Intelligent Systems mas que ao mesmo tempo apresenta uma arte, narrativa e apresentação a partir dos comics, uma área que poderia ser mais e melhor aproveitada pela indústria dos videojogos. A Intelligent Systems parece estar a agarrar a oportunidade para diferenciar esta oferta e em muitos pontos fica a impressão de uma abordagem estratégica com mais imprevisibilidade, capaz de surpreender. Veremos, na versão final, se os melhores desejos do estúdio se concretizam com esta aventura de fantasia "steampunk".

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Sobre o Autor
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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.
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