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Castlevania: Dracula X: e depois veio Symphony of the Night

O beijo do vampiro.

Esta semana ficamos a saber que a Konami está de boa saúde financeira, e recomenda-se. Depois de desligar Hideo kojima, fechar Castlevania numa gaveta, deixar Silent Hill perdido num espesso nevoeiro, renovar a aposta no mobile e mantendo a bola de PES a rolar nas consolas, as esperanças para os fãs de ver regressar a boa velha Konami à ribalta praticamente tombaram. Há quem veja no próximo Bomberman a sair para a Nintendo Switch, ainda por cima programado por gente que trabalhou nos primeiros e conhece a série, uma espécie de luz ao fundo do túnel. Pode ser um sinal de que afinal nada está fechado e se o jogo tiver pernas para andar o mesmo poderá acontecer com outras séries.

Nos últimos meses joguei alguns Castlevanias lançados pela Konami para a GameBoy Advance: Circle of the Moon, Aria of Sorrow e Harmony of Dissonance. Todos me deixaram muito boas impressões, especialmente quando inseria os cartuchos no luminoso e brilhante ecrã da DS Lite. Ganhavam mais vida Não é muito grande quando comparado ao ecrã de uma 3DS XL, mas em 2004 era o que havia, e graças à retro compatibilidade que a Nintendo acrescentou ao modelo, sempre é o melhor ecrã para experimentar na melhor qualidade de imagem os jogos da clássica GBA.

Foi por isso com um sentido de oportunidade interessante que me lancei em Castlevania: Dracula X (no Japão o jogo foi publicado com o delicioso título Vampire's Kiss), publicado em 1995 para a Super Nintendo, sendo praticamente uma edição remasterizada de Rondo of Blood, o jogo de culto e um dos melhores da série, criado para a mítica PC Engine. Neste périplo pela Virtual Console das máquinas da Nintendo, a 3DS é a derradeira paragem, uma oportunidade por isso para experimentar um jogo com mais de vinte anos.

Alguns elementos, como o fogo e efeito das chamas estão bem conseguidos.

É inevitável de resto a comparação com Rondo of Blood e aqui é que as coisas tendem a ficar um pouco mais complicadas para Dracula X, na medida em que o processo de reconstrução do jogo para a consola 16 bit da Nintendo destituiu a obra original de algumas mais valias, nomeadamente no quadro da jogabilidade e design dos níveis, que permanecem superiores na versão PC Engine, curiosamente uma consola com mais alguns anos que a SNES. Ter o jogo em fomato CD-Rom foi uma vantagem em termos de banda sonora porque no resto parece que a Konami foi mais eficaz com o jogo anterior.

Na comparação com Super Castlevania IV, Vampire's Kiss não se mostra superior. Enquanto que aquele é um jogo mais consistente, em Dracula X a jogabilidade, embora minimamente funcional não é das mais atractivas, fruto daqueles contactos com os inimigos que projectam a personagem para trás de forma significativa, tornando um pouco penoso o avanço. Os ataques são algo limitados e a colocação da personagem no ponto certo para saltar torna-se crucial de forma a evitar quedas no abismo. Joga-se, há que dizê-lo, mas há custa de muita pressão e muitas batidas quase a martelo, especialmente quando chegamos aos sempre temíveis bosses.

Enquanto que Rondo of Blood é um jogo fluído, desafiante mas mecanicamente bem trabalhado, ao ponto de ser cotado como um dos melhores da série no formato "scroll" 2D, Dracula X nunca se liberta verdadeiramente dos comandos algo impeditivos de uma marcha mais eficaz. Até em termos artísticos se perdeu a chama de Rondo of Blood, que desde o começo apresenta uma estética muito forte. Os níveis redesenhados também não se mostram melhores, com algumas mudanças questionáveis, uma direcção mais linear um tanto incompreensível quando a Super Nintendo era uma máquina mais evoluída que a PC Engine. De certa maneira isso reflete-se em alguns detalhes, nomeadamente nas animações da personagem e numa apresentação gráfica que não fica aquém do original.

Cover image for YouTube videoCastlevania Dracula X - Nintendo eShop Trailer (New Nintendo 3DS)

Simplesmente, é difícil a Dracula X sobreviver a Rondo of Blood, que em quase tudo é um jogo superior e mais equilibrado. Os relançamentos para a Europa noutros formatos fazem do clássico da PC Engine a versão definitiva, mas os puristas e coleccionadores dos Castlevania editados na Super Nintendo poderão encontrar um desafio especial, sabendo de antemão que o risco de obter mais contrariedades aumenta. Dracula X foi o último jogo 2D da série antes da Konami publicar Symphony of the Night, que é outra água, mas esse capítulo ficará para outras núpcias.

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.

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