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Call of Duty: Advanced Warfare - Análise

Não há revolução, mas há evolução.

Por longos anos que Call of Duty se manteve no topo dos jogos multijogador online para as consolas e até recentemente só era contestado por Battlefield. Mas 2014 foi um ano de mudança. Logo em março foi lançado Titanfall, um novo jogo produzido pelos criadores de Call of Duty (que abandonaram a Infinity Ward e fundaram um novo estúdio) e com uma nova dinâmica introduzida pelos duplos saltos, correr pelas paredes e robôs gigantes. Nesta luta pela coroa dos jogos multijogador também temos que considerar Destiny, que embora também seja um título da Activision, vem oferecer algo diferente de Call of Duty no multijogador, desde duplos saltos a habilidades especiais.

Se levarmos em conta que nos dois últimos anos a comunidade tem apontando um declínio de Call of Duty, acusando novos jogos de não serem mais do que reciclagens dos anteriores, era obrigatório que o novo jogo da série para 2014 fosse forte e capaz de lidar com a feroz concorrência, impulsionando a franquia para novos horizontes. Quem ficou com esta crucial tarefa foi a Sledgehammer Games, que em anos anteriores ajudou em a desenvolver jogos Call of Duty mas nunca teve um papel principal. Por um lado, era um risco, mas por outro, uma abordagem diferente era necessária.

Foi assim que surgiu Call of Duty: Advanced Warfare, um subtítulo que faz alusão a Modern Warfare, considerada por muitos como a época dourada de Call of Duty. Advanced Warfare não tem o impacto que o seu antecessor de 2007 teve, mas vem induzir uma sensação de frescura vital para a continuidade da série nesta geração de consolas e renovar a confiança dos fãs. Para isto bastou catapultar o novo jogo para o futuro, mais precisamente para 2055-2060.

Esta aposta foi acertada e permite a Advanced Warfare, misturando tecnologia futurista, oferecer uma jogabilidade semelhante à que encontramos nos seus rivais de 2014. A novidade mais significativa, sobretudo para as partidas multijogador, é o duplo salto, que adiciona verticalidade e imprevisibilidade aos mapas, e uma maior mobilidade aos jogadores. Call of Duty sempre foi um jogo de ritmo rápido, e com o duplo salto, ainda mais o é. Depois de experimentarem, será difícil voltar a jogos que não tenham esta possibilidade.

Cada Call of Duty é quase como se fosse dois jogos separados e Advanced Warfare não é diferente. Temos a campanha e depois o multijogador, que continua a ser a principal atração e onde encontrarão longevidade para várias semanas ou meses. Mas a campanha não é um desperdício total nem deve ser ignorada. É uma campanha cheia com clichés habituais e reviravoltas previsíveis, mas para ser honesto, só me recordo de um mau momento genuíno que me fez deitar as mãos à cara (aquela cena do funeral é lamentável). De resto, são algumas horas cheias de ação que mostram um conflito à escala mundial. Nada de novo, mas entretém.

A nível de investimento da Activision, não restam dúvidas que houve um esforço para tornar a campanha memorável, a começar pela contratação de Kevin Spacey para assumir o papel do presidente da Atlas, uma companhia militar incrivelmente poderosa. Spacey não dá apenas voz a esta personagem, empresta também a sua cara. O mesmo acontece com a personagem que controlamos; Jack Mitchell, foi baseado em Troy Baker, ator que hoje em dia parece estar presente em todos os grandes lançamentos de videojogos. No final, a contratação de Spacey é justificada, sendo a personagem mais memorável e mais emotiva de toda a campanha.

Jack Mitchell é quase vazio de personalidade. A utilidade desta ausência de personalidade é óbvia, serve para cada jogador inserir na personagem as suas próprias crenças e motivações. Até o nosso companheiro de armas, Gideon, um tipo durão e incapaz de sorrir, é mais interessante do que o protagonista. Mas isto não é surpreendente, o foco de Call of Duty sempre foi o que está a acontecer no ecrã e a preocupação em desenvolver e caracterizar as personagens sempre foi secundário.

Igual a jogos anteriores, a campanha de Call of Duty: Advanced Warfare é uma montanha-russa. Os designers já traçaram o caminho. Não podemos escolher se queremos ir para a esquerda ou direita, estamos ali apenas para desfrutar da emoção. A liberdade é nula e o controlo é tanto que o tipo de exo-esqueleto que usamos nas várias missões da campanha é escolhido por nós. Deste modo, nunca podemos realmente escolher que habilidades vamos usar. Há missões nas quais podemos ficar invisíveis, noutras já não. Esta liberdade é nos retirada porque há missões com momentos dependentes de habilidades específicas para avançar em frente, nomeadamente um gancho que permite subir grandes estruturas em segundos e luvas magnéticas para escalar paredes metálicas.

Apesar da ausência de liberdade, não posso negar que a campanha tem ocasiões espetaculares e que aumentaram o meu ritmo cardíaco. Para além disto, a campanha é útil para vangloriar os gráficos, que são os melhores já apresentados por um título da saga Call of Duty e que colocam verdadeiramente a franquia nesta geração de consolas - PlayStation 4 e Xbox One - algo que Call of Duty: Ghosts tinha deixado a desejar, estando ainda preso à geração anterior. O nível de detalhe impressiona, ainda mais sabendo que Advanced Warfare está a correr a 60FPS, meta poucos jogos estão a conseguir atingir.

Como em qualquer Call of Duty, é no multijogador que reside a alma de Advanced Warfare. A campanha, de certo modo, é uma introdução prolongada e com fogo de artifício para as armas e habilidades que vamos encontrar no multijogador. Quase todas as habilidades que encontramos na campanha estão presentes no multijogador, apenas algumas ficaram de fora, como o gancho, luvas magnéticas e disparar em câmera lenta. Avançar para a campanha primeiro acaba por ser uma pequena vantagem, assim á vão perceber como algumas das armas e habilidades funcionam.

O multijogador de Advanced Warfare é muito completo, contendo um leque variado de modos, a maioria deles já familiares, e um longo sistema de progressão que sugará dezenas de horas para os mais dedicados que ambicionam desbloquear tudo ao quase tudo. Acima de tudo, há que elogiar o multijogador online por ser funcional e pela profunda personalização. Em qualquer um dos modos bastam segundos para encontrar uma partida e começar a jogar. Mas antes disso, os jogadores podem personalizar vários loadouts ou se preferirem escolher um dos pré-definidos.

O nível de personalização está dependente da vossa progressão, que aumenta com a experiência ganha nos vários modos multijogador. A experiência traduz-se em níveis diferentes, que vão desde 1 a 50. Ao subir de nível, ganham acesso a mais armas, a opções de personalização para essas armas, novos tipos de Exo (habilidades especiais), Wildcards, que permitem circundar algumas das regras dos loadouts, como usar uma arma primária no slot da arma secundária, e por fim, novos bónus para as killstreaks. Em cima disto ainda temos a personalização estética da nossa personagem, o que é sempre agradável.

As partidas multijogador de Advanced Warfare são dinâmicas e há sempre alguma coisa a acontecer por força dos bónus das killstreaks, tais como missões a cair dos céus, drones controlados à distância, e o poderoso fato robótico XS1 Goliath. Também é possível hackear os exo-esqueletos da equipa adversária, deixando os jogadores rivais momentaneamente sem acesso ao HUD. Estes bónus recompensam os melhores jogadores, mas não é de todo um jogo desequilibrado. As ligeiras diferenças nas armas e opções de personalização permitem ajustar a jogabilidade à vossa medida, e no final, o mais importante é reagir rapidamente e o posicionamento estratégico nos mapas.

"O multijogador é um vício e está cheio de opções."

Advanced Warfare é extremamente competitivo mas também divertido. O multijogador é um vício e está cheio de opções. A completar o modo multijogador existe um modo cooperativo para quatro jogadores, o Exo Survival. É um modo cooperativo familiar que segue a estrutura de rondas progressivamente mais difíceis. Aqui s diferença é que basta perder uma só vez para ter que começar tudo de novo. É um modo puramente virado para o desafio e completamente à parte do multijogador, mas que não consegue ser tão icónico como o modo Zombies, que aparentemente ficou guardado para ser lançado como um DLC.

Call of Duty: Advanced Warfare não é uma revolução, é antes uma evolução, que é o que se pede para um jogo que todos os anos se renova. Os fãs procuram novidades mas em simultâneo esperam encontrar a mesma fórmula que gostaram no ano anterior, e é isso que Advanced Warfare oferece. Não é particularmente inovador e não há como negar as semelhanças com Titanfall, mas a Sledgehammer poliu e refinou o conceito ao máximo, tornando o seu primeiro jogo na saga Call of Duty como uma das melhores opções no panorama atual dos jogos focados no multijogador. Aliado a gráficos detalhados e à fluidez de 60 fotogramas por segundo, Advanced Warfare prova que Call of Duty continua a ser relevante e capaz de entreter.

8 / 10

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In this article

Call of Duty: Advanced Warfare

PS4, Xbox One, PS3, Xbox 360, PC

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Sobre o Autor
Jorge Loureiro avatar

Jorge Loureiro

Editor

É o editor do Eurogamer Portugal e supervisiona todos os conteúdos publicados diariamente, mas faz um pouco de tudo, desde notícias, análises a vídeos para o nosso canal do Youtube. Gosta de experimentar todo o tipo de jogos, mas prefere acção, mundos abertos e jogos online com longa longevidade.

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