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Bye-Bye BoxBoy! - Análise

Volta sempre, Qbby.

Eurogamer.pt - Recomendado crachá
Criativo e extremamente desafiante jogo de puzzles. Pega em elementos básicos das plataformas mas injecta novas ideias. Cubo mágico.

Pelo terceiro ano consecutivo o estúdio Hal Laboratory, que desde há muito mantém uma ligação umbilical com a Nintendo, volta a editar um jogo de puzzles que é talvez, dentro da estética minimalista, um dos melhores em termos de criatividade e capacidade para gerar desafios consistentes e irresistíveis (mesmo os puzzles mais difíceis, nunca desistimos enquanto não chegamos ao final).

As aventuras ou os puzzles de Box Boy! começaram em 2015, para a Nintendo 3DS. No ano seguinte o estúdio produziu BoxBoxBoy!, também para a 3DS, e este ano chega a conclusão desta apelativa incursão, uma espécie de adeus se tivermos em conta a nomenclatura Bye-Bye BoxBoy! Esperemos no entanto que não seja um adeus definitivo e que mais adiante possamos voltar a encontrar o simpático quadrado Qbby para mais uma fornada de puzzles.

Destaque para a música, tipo chiptune e oriunda da época 8 bit mas um pouco mais sustentada, mesmo com variações minimalistas.

Que possa a série reinventar-se e encontrar novas inspirações, mas que volte com a mesma criatividade e engenho com que nos brindou ao longo destes dois últimos anos e que fazem deste derradeiro capítulo uma despedida sob a forma de novos desafios e puzzles, um alargamento deveras aprazível. Se só agora descobriram estes irresistíveis quebra-cabeças, mesmo que não tenham jogado os títulos anteriores, não terão qualquer problema em avançar imediatamente e facilmente pelo primeiro mundo. A curva de aprendizagem e as regras são muito simples, com mecânicas bem gizadas, que encaixam perfeitamente nestes mundos minimalistas, destituídos de texturas e outras formas realistas de caracterização, mas criados com precisão, notas humorísticas e personagens algo expressivas, apesar do traço quadrangular.

O conceito básico mantém-se. Qbby é uma personagem capaz de emanar cubos enquanto franze as sobrancelhas, o que permite criar pontes ou improvisar uma escadaria. É uma forma interessante de alcançar plataformas distantes, activar interruptores e, no fundo, interagir com o cenário, tudo isto para lá do salto como num típico jogo de plataformas que em bom rigor é a primeira acção que vão realizar. Parece simples, não? Estas mecânicas são muito bem explanadas nos primeiros níveis do primeiro mundo, e adaptam qualquer pessoa ao jogo. Completam-se quase de olhos fechados, tal a facilidade e o poder de encaixe, mas servem de base para os desafios maiores e rebuscados, que lá para diante tornam tudo mais difícil.

Existe um número limite na criação de cubos, assim como tentativas limitadas para os esgotar. Se não respeitarem esses limites, a coroa normalmente colocada num ponto mais complicado, desaparece, o que significa menos bónus se chegarem ao final. A solução não é fácil e muitas vezes é um pau chegar à porta da saída e concluir o nível. Se recolherem a coroa e chegarem à porta cumprindo os objectivos, recolhem uma espécie de diamantes que podem depois ser trocados por adereços de personagem, comics, músicas e desafios suplementares com condições ainda mais exigentes.

Os amigos Qbabies são uma novidade.

Se estiverem encravados nalgum ponto do nível e não forem capazes de progredir por mais voltas que dêem à consola, poderão sempre desbloquear uma pista, a troco de uma moeda da consola (precisam de andar com a consola ligada para as obter). Não revela a solução de forma escancarada, mas quase, como que através de uma frincha.

Se os dois primeiros mundos se aproximam do modelo aplicado na anterior edição, a partir do terceiro não só verificamos um incremento da dificuldade, como o jogo começa a juntar novos elementos à equação, como acontece com cubos mais pequenos que nos acompanham até à porta e que se revelam fundamentais na remoção dos obstáculos. Se os primeiros trechos são relativamente simples, oferecendo uma ponte para evitar a queda no abismo ou uma escada para facilitar um salto, depressa o alinhamento sugere percursos alternativos, abrigos para evitar raios laser, entre outras soluções. Agora não chega pensarmos no nosso trajecto, pois o desafio só fica cumprido quando os restantes cubos alcançarem a meta.

A dada altura os blocos apresentam mecânicas específicas; adquirem propulsores, podem ser comandados à distância, o que aprofunda ainda mais a interacção, mas também opera um desafio maior na busca da solução. É talvez este o maior mérito da série e em concreto de Bye-Bye BoxBoy, manter-se fresco, criativo e desafiante, mesmo quando aproveita muito elementos e o design das produções pretéritas. Em termos de arte e produção, este jogo é mais engenhoso que vistoso, sem refrear o estímulo. Existem múltiplos mundos e se não contarmos com os desafios suplementares, aqueles são suficientes para garantir algumas horas de jogo.

Cover image for YouTube videoBYE-BYE BOXBOY! - Trailer (Nintendo 3DS)

Embora passe despercebida, há uma história em torno de cada uma destas edições, pelo que em Bye-Bye BoxBoy assistimos ao seu desenlace final. Se estivermos atentos às pequenas passagens entre os níveis, à apresentação e se considerarmos as bandas desenhadas que podem ser adquiridas juntamente com outros itens, ficamos com uma ideia interessante. Assim, este último jogo da série, que vem completar o périplo, não só é o melhor, sendo também o maior, como resulta num crescendo de desafios criativos e bem desenhados.

É um jogo de traços minimalistas, destituído de cor, elementar até nalgumas operações, embora seja notório um esforço dos produtores em atribuir charme e personalidade às mecânicas, no fundo uma injecção de expressividade que lhe dá o toque final, para que não seja um mero somatório de objectos em conjugação. Pode-se dizer que em termos de apresentação pouco mudou desde o primeiro jogo. É verdade, pouco ou nada muda, mas essa é também a sua imagem e um dos factores mais diferenciadores. Se ainda não tiveram oportunidade de experimentar estes magníficos quebra-cabeças, aproveitem. Não sabemos se BoxBoy voltará, nem sabemos se este jogo constitui o final da série. Caso seja, vai deixar saudades.

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Bye-bye! Boxboy!

Nintendo 3DS

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.

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