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Forza Horizon 3 - Em Blizzard Mountain impera a lei das derrapagens

A condução estonteante e o divertimento de sempre num cenário extremo.

Há dois anos a Playground Games, num trabalho conjunto com a Turn 10, produziu uma incrível experiência de automóveis para a actual geração de consolas: Forza Horizon 2, um jogo de tal modo estonteante, delirante e de condução apaixonante, que me convenceu a comprar a consola da Microsoft. Horizon 2 foi uma progressão lógica e um passo natural depois do primeiro título estreado nas consolas da geração anterior. Mas com um novo grafismo, uma base no sul de França, entre escarpas, praias paradisíacas, diferentes luminosidades e incidências no asfalto rasantes a altas velocidades, Forza Horizon 2 suplantou por completo o original e apontou como um arco ao coração dos fãs as corridas todo-o-terreno como poucos jogos conseguiram até então, sempre com aquele gosto arcade.

Este ano a Microsoft publicou a sequela, melhorando muitos aspectos do anterior, embora essencialmente e em traços gerais seja uma experiência muito próxima, agora com a vantagem do continente australiano e das três grandes áreas do festival. Com passagens pelas praias, florestas quase tropicais, desertos e zonas urbanas de grande densidade, Forza Horizon 3 é um título fortíssimo, um jogo genial ao qual nada parece faltar, e um dos maiores candidatos a jogo de condução do ano, no quadro das experiências automobilísticas. Sem mudar a condução e com uma evolução gráfica menos significativa que o salto operado com a segunda edição, o sucesso de Horizon 3 está na quantidade dos desafios, qualidade da experiência e pulso em termos de performance. É um jogo que faz tudo muito bem, embora grande parte do que voltamos a fazer em Horizon 3 seja quase uma espécie de déjá vu do título anterior, ao qual vai buscar a base. Mas quando um jogo atinge todos estes objectivos e volta a tocar a perfeição, que crítica se pode apontar.

Há pouco tempo a Microsoft lançou a primeira expansão, a tempo da chegada de mais um rigoroso inverno à porta, conforme marcam os termómetros pelos dias que correm. Blizzard Mountain é um cenário inédito na série. Preenche os rigores do inverno, as baixas temperaturas e a neve, onde só há terra e asfalto seco e molhado ao longo das estações quentes. Formada como que a partir de uma nuvem espessa que transporta os condutores e veículos para outra dimensão, a Blizzard Mountain é por assim dizer a nova grande diversão em Forza Horizon 3, a tempo de acrescentar tempo extra a quem tenha já palmilhado cada recanto daquela porção de território australiano.

As estradas oferecem o típico recorte montanhoso. Com a neve oferecem outro desafio desde que calcem os carros com os pneus adequados, caso contrário nem sobem a encosta.

Há uma semana e depois de alguma ponderação, larguei os 20 euros necessários para a descarga do conteúdo. Digo ponderação porque só depois de algum tempo a matutar é que decidi avançar. A minha questão prendia-se com a autonomia do conteúdo, isto é, se poderia jogar mesmo não tendo o jogo Forza Horizon 3. A verdade é que não podem jogar doutra forma a expansão se não tiverem a versão principal. Mais, se quiserem começar a jogar na Blizzard Mountain sem terem começado no território australiano não podem avançar tão cedo. Terão que desbloquear todas as áreas do festival e só depois de atingirem um determinado ponto na progressão é que podem prosseguir viagem para a montanha gelada.

A chegada à Blizzard Mountain é feita com grande estilo. São transportados num Ford Focus RS preso a um helicóptero, que uma vez próximo do cume vos lança sob um manto fofo de neve branca que colhe a tonelada de ferro e borracha como se fosse uma criança a receber um presente num dia de natal. A partir daí é puro espectáculo e adrenalina montanha abaixo, num primeiro evento realizado só para aclimatação. Mesmo com a mudança de cenário não há como enganar. Poucos jogos de condução tocam a espessura de Forza Horizon 3 e essa é uma qualidade que não se pode negar à Playground.

Eu sempre adorei cenários de neve, especialmente os montanhosos. Ralis como o de Monte Carlo e escandinavo sueco são algumas das minhas melhores referências. De certo modo Forza Horizon 3 concilia-se com essa tradição e felizmente recupera uma série de bólides ajustando-os aos rigores da neve através da montagem de pneus específicos, nomeadamente os monstros dos anos oitenta, como os carros de rali do grupo B, entre os quais está, por exemplo, o Lancia Delta S4, e outras lendas do rali como o Opel Manta, o Lancia Stratos; todos já equipados com os pneus para a neve.

Primordialmente é uma expansão todo o terreno, com pouco asfalto seco para os sprints. Em Blizzard Mountain impera a lei do drift.

O único problema aqui, que pode abalar um pouco os fãs de bólides mais excêntricos como os Ferrari, é que em muitos deles não podem equipar os pneus para a neve. Estão sempre limitados na escolha e isso é uma pena porque Forza sempre foi sinónimo de liberdade e de permitir quase tudo. Cingir os carros utilizados na Blizzard Mountain a um conjunto deles é como um desconsolo (podem usar os carros sem pneus de neve mas terão dificuldades à brava em os controlar e acabarão por desistir). Felizmente há aspectos que sobressaem melhor na expansão. O ciclo dia noite é especialmente incrível quando há céu limpo e as corridas principiam sob raios luminosos de sol, enchendo de cor e brilho a montanha, assim como as pinturas dos automóveis. As tempestades de neve são muitas vezes o maior adversário, impedindo uma vista limpa sobre a pista.

A fluidez é muito boa, mesmo quando os carros seguem mais compactos, disputando a posição cimeira. O sistema de progressão sofreu algumas alterações. Agora baseia-se em estrelas, adquiridas nas provas consoante a vossa prestação. É fácil sacar uma estrela por prova, basta terminar. Se quiserem ganhar 3 estrelas por prova e aumentar o pecúlio de forma a desbloquear mais eventos terão que não só terminar como ganhar a corrida e realizar uma série de drifts, como impõe a lei do campeão. De resto, tudo o mais é puro Forza Horizon 3, já não há muito mais a descobrir, embora sobre a sensação de que a montanha poderia ser ainda mais ampla e recheada de mais provas. O avanço não é tão rápido como no jogo principal e requer mais algum esforço, nomeadamente o "tunning" dos carros, se quiserem acabar na frente num patamar de dificuldade mais elevado.

A condução parece-me no entanto mais espectacular, bem na onda dos ralis, seguindo os tais Mónaco e Suécia. Realizar drifts controlados é particularmente tentador e o recurso ao travão de mão torna-se obrigatório, através de toques cirúrgicos que colocam o carro no ponto certo da trajectória. Se choram por há muito não encontrarem um sucessor arcade à altura da pista na neve em Sega Rally 2 não percam tempo; esta expansão é o que há de mais próximo, na emulação dos ralis, assim como na concretização em termos de performance. A única dificuldade é dar os 20 euros a mais quando terão já pago 3 vezes mais pelo jogo. Aí caberá averiguarem o vosso interesse em prosseguir mais uma jornada, pelo menos mais algumas horas, montanha abaixo, contornando bandeiras e pisos escorregadios num automóvel, seja uma lenda dos ralis ou um Bowler, como quem desce a fazer esqui. São corridas da época.

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