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Battlefield vs. Call of Duty - sempre diferentes mas nunca tão distantes

Em 2016, a guerra será ainda mais intensa.

Esta foi uma semana intensa para os adeptos das duas mais populares séries no género First Person Shooter, um dos mais bem sucedidos na actual indústria dos videojogos. Começou com a revelação de Call of Duty: Infinite Warfare, o novo jogo na série da Activision desenvolvido pelo estúdio Infinity Ward que revolucionou a indústria dos videojogos com Call of Duty: Modern Warfare, que estará presente nas edições especiais do novo jogo na forma de Remaster, e terminou com a revelação de Battlefield 1, o novo jogo na série dos suecos no estúdio DICE que recentemente nos trouxeram Star Wars: Battlefront.

Foram dois momentos completamente opostos mas que até nem podia ter sido. Apesar de sempre diferentes, com perspectivas diferentes do que faz um jogo ter sucesso, as séries Battlefield e Call of Duty nunca tiveram tão distantes quanto agora. Especialmente no que diz respeito à leitura que fazem das comunidades e das experiências que decidiram apresentar. Enquanto a Activision confirmou os receios da grande maioria dos jogadores e levou Call of Duty definitivamente para o espaço, assegurando que essa é a próxima fronteira militar, o DICE e a Electronic Arts decidiram recuar no tempo até à Primeira Guerra Mundial.

Talvez seja a existência de Star Wars Battlefront e de Titanfall 2 que tenham forçado o DICE a procurar um ambiente histórico, provavelmente aguçando mais a sua criatividade perante a aparente dificuldade em criar dinâmica num contexto tão explorado, mas o certo é que os receios dos jogadores não se concretizaram. Battlefield não foi para o futuro e não era a sombra de um mech que surgia naquele teaser, era mesmo um zepelim. Do outro lado, Infinite Warfare deu mais um passo para cimentar a posição tomada em Advanced Warfare e Black Ops 3, o ambiente futurista é mesmo o foco da série Call of Duty.

O Infinity Ward assustou a comunidade de jogadores com a viagem para o espaço, contrastando em pleno com os pedidos de um regresso ao ambiente de Modern Warfare, cujo Remaster está a assumir mais destaque perante Infinite Warfare. O sucesso de Black Ops 3, já de si altamente futurista, pode ser explicado com os jogadores que buscam sempre o jogo mais recente devido a ser aquele que provavelmente terá maior número de jogadores, mas não significa necessariamente que os jogadores aderiram de vez a essa ideia. Os 659,387 dislikes para 220,195 likes dado pelos fãs em reacção ao trailer de revelação no YouTube, parecem ser uma indicação da forma como encararam esta revelação.

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"Space Oddity de David Bowie foi usada pela Activision para confirmar que está na hora de explorar de vez uma nova fronteira militar, o espaço."

Call of Duty: Dislike Warfare é o nome satírico utilizado por alguns membros da comunidade adepta para descrever a sensação com que os fãs ficaram da série. Quando se fala de uma série que gera milhões de dólares anualmente, é sempre tramado perspectivar seja o que for para as vendas com base no que se passou esta semana. No entanto, algo poderá começar a ganhar tracção e a Activision poderá colocar-se numa situação inédita. A ver vamos. O que se sabe por enquanto é que Infinite Warfare vai para o espaço, permitirá que o jogador controle o Tenente Reyes na sua jornada com a tripulação da nave Retribution para defender a humanidade da Settlement Defense Front. O estúdio assegura que não teremos inimigos extra-terrestres. Pode parecer Mass Effect mas provavelmente será mais Killzone.

A tradicional campanha Call of Duty envolta em ambições altamente cinematográficas com um gameplay a 60fps para os característicos controlos por impulso e reacção imediata serão os focos principais, mas teremos novidades. O estúdio diz que a sua nova tecnologia permite transições entre combate no terreno e combate espacial com naves sem quaisquer interrupções, afirmando que irá patrocinar uma experiência ainda mais envolvente. O uso de novas ferramentas e tecnologias permitirá utilizar o espaço para criar desafios relacionados com os cenários, e teremos novas oportunidades de jogo, inéditas na série.

O estúdio, um dos três envolvidos no desenvolvimento cíclico da série Call of Duty, afirma que se aconselhou perante consultores militares para que o espaço seja usado de uma forma bélica credível. Não teremos nada de muito arrojado ou inacreditável. A nova fronteira militar será palco de eventos espectaculares numa campanha tradicional na série. As armas não serão assim muito malucas, os inimigos serão humanos, os locais serão credíveis mas ao mesmo tempo teremos situações que permite mais criatividade, libertas das amarras da já banal Terra.

A ideia da comunidade parece ir em completo oposto ao que a Activision e o Infinity Ward apregoam. Os fãs querem um jogo ao estilo clássico, querem melhores gráficos e não querem um ambiente futurista. No entanto, é precisamente isso que vão ter e entre um modo multijogador competitivo de eleição, Black Ops 3 é dos jogos mais populares da actualidade, um modo zombies que promete imensas horas de diversão e uma campanha ambiciosa num cenário inexplorado na série, Call of Duty: Infinite Warfare poderá estar a arrancar mal mas poderá provar o seu valor quando chegar às lojas.

Eis que chega então a revelação de Battlefield 1, apregoado como o amanhecer da guerra moderna. Se Call of Duty vai para uma nova fronteira, Battlefield regressa à origem. Dois sentidos completamente opostos e que geraram reacções completamente opostos. O trailer de Battlefield 1 regista actualmente 558,277 likes contra 11,046 dislikes no YouTube e não, a Activision provavelmente não tem assim tantos funcionários. Não servindo de forma alguma como métrica para o sucesso comercial do jogo, isso será as vendas a decidir, esta reacção ao trailer revela bem aquilo que a comunidade pedia: um jogo num ambiente histórico, com bons gráficos, capaz de providenciar uma experiência intensa e credível. A música utilizada ao longo do vídeo ajuda imenso a encher de adrenalina e intensidade um período temporal que muitos acreditavam não ter capacidade para ser emocionante num videojogo desta natureza.

O DICE sabe muito bem o que é estar debaixo do olhar das comunidades e provaram com Star Wars: Battlefront que conseguiam equilibrar as limitações tecnológicas, especialmente nas consolas, com uma boa dose de fan-service. Os problemas com o passe de temporada e escolha de heróis já é mais discutível e sensível para a sua imagem. No entanto, a sensação com que muitos ficam é que enquanto a Activision e os seus estúdios seguem a sua visão para criar algo divertido para convencer os fãs, o DICE e a Electronic Arts parecem mais empenhados em ir ao encontro dos fãs. Isso ou talvez a existência de outras licenças tenham impedido Battlefield de ir para o futuro. Seja de que forma for, a sua escolha resultou.

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"A Seven Nation Army em estilo dubstep serviu para imprimir adrenalina a um período temporal que muitos podiam considerar desprovido de tal capacidade."

Battlefield 1 poderá ser descrito como Battlefield na primeira guerra mundial, talvez seja mais fácil para os fãs entenderem o que esperar do jogo, mas o estúdio está a fazer tudo o que pode para combinar autenticidade com dinamismo e adrenalina. Mapas enormes capazes de suportar até 64 jogadores, uso de veículos como tanques ou aviões (nos quais um companheiro pode juntar-se e utilizar uma metralhadora), diferentes classes com capacidades e habilidades específicas, e armas históricas que serão apresentadas de uma forma que moldará a jogabilidade mas que se vão sentir divertidas de usar.

O maior feito do DICE com o trailer de revelação foi mesmo afastar quaisquer dúvidas que a Primeira Guerra Mundial seria um período aborrecido para representar nos videojogos cujas armas não conseguiram divertir. Parecem ter conseguido com sucesso afastar essa sensação pois ao assistir ao trailer vemos tanta coisa que até pensamos como não foi feito antes. Além dos tanques e aviões, o jogador poderá andar a cavalo, o combate corpo-a-corpo terá bastante importância, seja com espadas, baionetas ou socos, iremos combater em diferentes locais com tons distintos, desde a Arábia aos Alpes, e ainda será possível utilizar navios de guerra para semear o terror nas costas e praias dos diferentes mapas que o permitem.

O estúdio Sueco sabe fazer jogos divertidos capazes de agarrar a comunidade e será a sua criatividade na hora de tornar interessantes estas armas e veículos que glorificará Battlefield 1. O uso de gás para limpar trincheiras, ou um lança-chamas, a possível gestão entre o tempo de disparo e recarregar da arma perante o uso da baioneta ou espada, e aproveitamento de cada classe, poderá tornar a experiência intensa e divertida. Por outro lado, ainda falta descobrir de que forma será apresentado o sistema de progressão de classes e uma possível personalização de armas.

Quanto à campanha, o DICE diz que será mais ao estilo de Battlefield: Bad Company e mais distanciada do estilo de Battlefield 3 e Battlefield 4. Este é um dos elementos pelos quais mais aguardamos novidades e ao longo do trailer foi fantástico ver os diferentes locais, os aviões a navegar pelo desfiladeiro e as diferentes zonas de confronto.

Após assistir aos dois trailers, a sensação é que cada série está cada vez mais diferente da outra, cada vez mais focada nos seus valores e cada vez mais decidida em aprofundar a sua personalidade. Para muitos poderá ficar a sensação que é tudo mais do mesmo, mas será precisamente na forma como os estúdios moldam o mais do mesmo a seu favor para engrandecer os valores da sua experiência que estará o ganho.

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