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Shadow Warrior 3 Review - That's What She Said

Por vezes sabe bem este tipo de jogos.

Divertido, frenético e recheado de bom humor. Pauta-se por despreocupações das mecânicas de jogo, mas um tanto colado a outras apostas.

A complexidade de alguns títulos pode por vezes deixar-nos mentalmente esgotados, exaustos de tanta complicação e da gestão de um infindável número de variáveis, levando a uma dedicação quase religiosa a algo que suga todas as nossas energias. Não vou mencionar os títulos capazes de nos colocar num loop de dependência masoquista, o momento agora é dedicado a algo que traga algum equilíbrio, que contrabalance os pesos, uma coisa mais leve e subtil como Shadow Warrior 3. Este vai diretamente ao assunto sem rodeios, dá-nos a oportunidade de soltar as amarras e liberta-nos das exaustivas dificuldades e saborear para onde a brisa nos leva.

A Flying Wild Hog entrega agora a terceira incursão do seu first-person shooter. Já lá vão 6 anos desde Shadow Warrior 2, e este terceiro capítulo segue um caminho mais direto, com uma abordagem bem mais leve à história e direciona todos os esforços para uma jogabilidade frenética, com pouca margem para nos preocuparmos com entendimentos narrativos e até do que nos está a rodear. É tudo apresentado a uma velocidade apreciável, onde a jogabilidade entra em total sintonia com a progressão. Podemos desligar o cérebro e deixar que o jogo nos guie pelos múltiplos corredores e arenas a chacinar monstros.

O protagonista Lo Wang está de regresso, agora com uma nova voz, para salvar o mundo de seres demoníacos. Wang une-se ao seu anterior adversário, Orochi Zillaem, e formam uma aliança nesta caminhada para derrotar as forças do mal. Este é o ponto de partida para todos os acontecimentos futuros, não há aqui enredos confusos e diálogos infindáveis, é tudo apresentado numa bandeja pronta a servir. Os avanços são totalmente lineares e sem praticamente preocupações de sabermos o que desbloquear para aceder a novas áreas. Esta acessibilidade torna a experiência Shadow Warrior 3 leve e despreocupada para nos concentramos apenas e só na jogabilidade.

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Arsenal e jogabilidade frenética

Sendo um first-person shooter, temos obviamente várias armas, como uma besta e a nossa querida espada Dragontail. Todas elas capazes de fazer danos consideráveis após a aplicação de respetivos upgrades. Além das armas referidas, Wang ainda está munido de um poder, o Chi-Blast, que empurra os inimigos e conforme o desenvolvemos irá efetuar ações mais fortes. Do arsenal destaco o revolver, que me deu imenso gosto ao manusear, parecia um cowboy a matar tudo o que me aparecia pela frente, e depois de o evoluir as sensações multiplicam-se. De facto, as armas são um dos pontos de grande interesse, são variadas e com fins distintos. Umas para longo alcance e outras para aqueles embates cara a cara, são todas úteis, não encontrei uma que fosse especificamente superior ou outra que fosse totalmente irrelevante.

O arsenal é totalmente complementado por uma jogabilidade frenética e velocidade estonteante. Percorremos as secções sempre a abrir, seja através de saltos com um gancho (o nosso melhor amigo), subida de paredes, corridas desenfreadas, slides em grande estilo, tudo a uma velocidade alucinante ao mesmo tempo que vamos eliminando os inimigos. Shadow Warrior 3 consegue agarrar-nos com esta muito bem conseguida jogabilidade, que é fluida e praticamente sem interrupções para alaridos de enredos. Mas as suas virtudes também podem se tornar fraquezas, já que desta forma não consegue uma grande variedade de conteúdo, seja em mecânicas e alterações de estruturas jogáveis. Torna-se de facto demasiado repetitivo.

Dando continuidade à variedade aqui presente, e em relação aos inimigos, temos demasiada utilização dos mesmos ao longo de todo o percurso, com somente a introdução de novidades nas arenas através de bosses que posteriormente são reciclados para aumentar o desafio nas etapas finais. Não é propriamente variado neste campo, mas não seria de esperar doutra forma, já que tudo se desenrola muito rápido. Mas até temos inimigos interessantes, os bosses podem por vezes ser eliminados num golpe especial (quando este estiver carregado) e dessa forma obtemos uma arma temporária por ele fornecida que faz um imenso dano nos inimigos.

Visuais e a simplicidade

Visualmente, e apesar da passagem para o Unreal Engine 4, tem momentos distintos. Se por vezes temos uma apresentação com um aspeto que posso considerar belo, em outras ocasiões dá a entender que está datado. Penso que precisava de mais tempo para se estudar como encaixar cada peça e criar uma arte que agradasse no seu todo e não apenas a espaços. Certas secções são mesmo demasiado simplórias, enquanto outras denotam uma certa preocupação com o detalhe. Apesar de não ser muito exigente em termos de hardware (joguei no PC), denotam-se alguns problemas, principalmente relacionados com stutters irritantes em algumas secções, que quebram de certa forma a fluidez. Estes stutters são muitas vezes sentidos ao entrar em novas secções, felizmente não estão presentes nas arenas. Um bug incomodativo e que deveria ser corrigido está relacionado com inimigos perdidos no mapa fazendo com que o jogo não avance até que os consigamos matar (reiniciar o checkpoint resolve o problema).

Shadow Warrior 3 é divertido na sua simplicidade. É propositadamente despreocupado em termos de mecânicas de jogo, que de certa forma é positivo para nos afastarmos por momentos de jogos emaranhados por demasiadas exigências. Aqui nada é complexo, apenas a nossa destreza é que conta. Obviamente que tem o seu lado menos interessante, por vezes parece um parente pobre de Doom Eternal, pois é uma aposta excessivamente colada ao trabalho da id Software. Bebe muito da inspiração e do tremendo sucesso de Doom Eternal, com muitas mecânicas transportadas para um universo diferente.

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Longevidade e veredicto final

Apesar de tudo ainda possui o seu cunho pessoal, em parte introduzido pelo protagonista do jogo, Wang é um personagem peculiar, sempre de bom humor e com uma piada na ponta da língua - That's What She Said é a minha preferida (The Office dos Estados Unidos). Este humor transporta-nos por esta caminhada à velocidade da luz, terminei-o no nível médio em 6 horas, que é consideravelmente muito pouco em termos de longevidade. Mas a fórmula aqui implementada não tem espaço para grandes manobras, está formatada para um desenrolar demasiado rápido, teriam de realizar quebras de ritmo, introduzir novas áreas a explorar e desafios extra que pudessem prolongar a estadia.

Somando tudo e como resultado final, Shadow Warrior 3 é capaz de entreter por 6 horas, com um ritmo avassalador de acontecimentos e, sobretudo, uma velocidade frenética na execução de todas as mecânicas de jogo. Esta formatação tona-o demasiado repetitivo, bastante mesmo, suportado pela sua curta duração. Mas pode ser mesmo o jogo que estão a precisar neste momento, se procuram de um first-person shooter que vai diretamente ao assunto sem rodeios e sem grandes alaridos não há que enganar.

Prós: Contras:
  • Frenético e intenso
  • Muito humor
  • Boa variedade de armas
  • Ausência de mecanismos complexos
  • Demasiado repetitivo
  • Muito curto
  • Visualmente poderia estar melhor
  • Algum stutter

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In this article

Shadow Warrior 3

PS4, Xbox One, PC

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Sobre o Autor
Adolfo Soares avatar

Adolfo Soares

Director

É o nosso homem do PC, por isso qualquer coisa é com ele. É também responsável pelo Eurogamer, bem como dá uma perna nas notícias.
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