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Professor Layton and Pandora's Box

Boas maneiras quanto baste.

Pandora’s Box (ou Diabolical Box nas Américas) é o segundo jogo da série protagonizada por Professor Layton, e vem oferecer ao jogador uma nova aventura atestada de novos puzzles e desafios. A forma complexa, e de certa forma alternativa, como são apresentados os puzzles ao longo de toda uma aventura repleta de mistérios é o principal ponto de viragem na relação com outros do género. Mas se por um lado toda esta esquemática repleta de arte – e boas maneiras, como tanto Layton impinge a Luke – consegue encontrar uma natural facilidade em vincular-se ao jogador, por outro é de assinalar uma estranha e inesperada limitação que insiste em cingir o jogador a um caminho demasiado linear; mesmo quando este ambiciona algo mais.

Como o título indica, toda a aventura debruça-se sobre o eterno mistério da caixa de Pandora. Aliás, o jogo começa mesmo por vos perguntar se acreditam que estes rumores são verdadeiros: os rumores que apontam para as mortes relacionadas com o abrir da caixa. A aventura começa assim em media res, numa altura em que Luke e Layton partem no Molentary Express a fim de descobrir este mistério. Mas logo de seguida se descobre que o que os nossos heróis estão realmente a fim de descobrir é o mistério em volta da morte do Doutor Schrader que, na posse da misteriosa caixa, não aguentou sem a explorar, enviando então uma carta a Layton a descrever a situação. Perante isto, Layton e o seu aprendiz Luke não hesitam e ao chegarem a casa de Schrader deparam-se com o seu desaparecimento. Aqui se inicia a aventura.

Pelo caminho Luke e Layton vão descobrir uma infinidade de puzzles que cabe ao jogador resolver. Os puzzles são englobados em situações do quotidiano em que ambos se inserem, servindo as suas resoluções geralmente para promover o avançar no jogo. Existem porém desafios, normalmente propostos a Luke, que nada têm a ver com o caso, mas que se compreendem devido à necessidade de imprimir alguma variedade à actividade. Desde o inicio terão ao dispor a mala de Layton que conta com o seu diário, que faz referência às várias situações encontradas no decorrer da aventura; uma lista dos mistérios em resolução ou a possibilidade de repetir qualquer puzzle. Com o prorrogar da aventura serão adicionadas actividades à mala, onde é exemplo o mini-jogo do Hamster, no qual deverão coleccionar items de forma a emagrecer o coitado do bicho; uma câmara partida, cabendo ao jogador encontrar as demais peças de forma a arranjá-la ou ainda a possibilidade de criar chás com objectos coleccionados.

Bem parece que temos algo para descobrir.

Nisto, poderão ao longo da aventura questionar e interagir com diversas pessoas, sendo algo de carácter imperativo quando se encontram a meio de um mistério. Estranho é que num jogo deste calibre raramente me senti um verdadeiro explorador, ou talvez inspector. Mais um “resolve-puzzles” do que outra coisa. O jogador raramente tem liberdade de escolha, seja de acções ou caminhos, mas mesmo quando a tem, dificilmente será de uma forma tal que se sentirão realmente livres de escolher. Com o sem liberdade, todos os caminhos liderarão quase sempre ao mesmo. É sim de aplaudir a forma como todos os puzzles são apresentados. Originais e difíceis, muito difíceis por vezes. Mas enquanto o desafio permanece, por vezes a actividade tem quedas de euforia, rasando mesmo largos momentos de monotonia nos quais os puzzles não são tanto um recurso, mas mais uma obrigação. Alguns são de génio, outros são aborrecidos.

A aventura em si é divertida e consegue entreter por largas horas, mas vê-se muitas vezes obrigada a recorrer a missões colaterais que nada têm a ver com o caminho pretendido. E nestas alturas sente-se uma recaída no ritmo de jogo. Mas de vez em quando lá vos aparece um daqueles puzzles geniais que, ainda mais inserido neste estilo de jogo, vos dá um entusiasmo astronómico resolver, fazendo tudo valer a pena. É feito de momentos este jogo, e é isso que faz muitas vezes viver a aventura.

Não descorando, como é claro, todo o aspecto gráfico que é claramente impressionante. O estilo, as boas maneiras, o requinte, está tudo lá. Artisticamente é belo, e todas as secções de vídeo com a junção de outros tantos cenários magníficos dão uma vontade altissonante de seguir sempre em frente. O mesmo serve a nível de sonoplastia, com sons clássicos e ainda um ocasional voice acting por parte dos personagens que vale a pena ouvir. É pena que nem sempre a aconteça, mas proporciona ao jogador um maior contacto com as personagens.

Aqui há mistério.

Em cada puzzle é possível utilizar um total de 3 ajudas, mas para o fazerem necessitam de moedas que podem ser encontradas ao longo dos cenários. As ajudas falham por serem repetidamente de pouca ajuda; são por vezes demasiado óbvias. Sempre que resolvem um puzzle são compensados com Picarates. Se o fizerem à primeira – sem falhas – ganharão o máximo de Picarates, caso contrário serão descontados. Com os Picarates poderão comprar extras na loja do jogo, existindo ainda um bónus para todos aqueles que possuírem a primeira versão. Adicionalmente, sé ainda adicionado um puzzle grátis por cada semana – podendo ser descarregados via Online – que tendem a ser cada vez mais desafiantes.

A sensação de conquista quando resolvem certos puzzles é extremamente enriquecedora. Porém não são os puzzles que vos farão muitas vezes voltar por mais, mas sim a aventura e mesmo esta tende a ter os seus pontos baixos. Existem puzzles geniais, mas também outros que mais parecem querer encher chouriços. Independentemente disso, toda a relação com as personagens, a envolvência e o estilo requintado do jogo tendem a compensar estas falhas menores.

8 / 10

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Ricardo Madeira

Contributor

É redator e dá voz à Eurogamer Portugal. É um dos mais antigos membros da equipa, e ao mesmo tempo um dos mais novos. Confusos? É simples.

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