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Metal Slug 7

Slug fest em forma de portátil, mas sem a irreverência de outrora.

Numa altura que o espírito e rentabilidade das arcadas mais tradicionais é sinonimo de abandono e sentimento nostálgico, de qualquer forma algumas das marcas que sempre foram mais fieis à área transferem muitos dos seus principais conteúdos para as consolas da nova geração, aproveitando outras características, potencialidades, mercados, audiências; novas formas de continuar a gerar proveito e neste êxodo nem mesmo as consolas portáteis deixam de despertar interesse. Sistemas como a PSP e Nintendo DS revelam características invejáveis para máquinas usáveis na palma da mão, mas principalmente a consola dual da Nintendo, que com o atractivo do ecrã táctil e a liderança na tabela de vendas acaba por ter direito a algumas inscrições de relevo. E foi a partir desse desiderato que se gerou uma das maiores surpresas do ano, quando se soube, afinal, que o sétimo capítulo da marca Metal Slug publicado pela SNK Playmore e desenvolvido pela Ignition Entertainment chegaria não aos salões, não às consolas caseiras, não às lojas virtuais, mas à Nintendo DS.

Foi uma decisão que apanhou muita gente desprevenida e deixou admirados os simpatizantes e devotos seguidores do festival balístico em forma de acção 2D crocante que Marco, Tarma e restante comandita costumam protagonizar a cada novo Metal Slug, pese o devido desconto dos episódios concebidos para a Neo Geo Pocket, que nem de longe ou de perto têm margem de equivalência perante aos capítulos lançados para as arcadas e para a “Rolls Royce” caseira, a Neo Geo AES. Daí a dúvida, a questão em saber se preparar um jogo para a Nintendo DS seria dar resposta às expectativas dos fãs e ao mesmo tempo conceber uma nova edição com todos os elementos que são indispensáveis e já conhecidos da série. Metal Slug é daquelas raras séries facilmente identificáveis dentro dos shooters horizontais por encerrar uma abordagem mais atrevida, com muita paródia, elementos e ícones da segunda guerra mundial, humor, jogabilidade simples e tecnicamente perfeita, com um design e artwork por muitos tidos como o pináculo do desenvolvimento em duas dimensões.

O que ajudou a formar uma corrente de fervorosos adeptos de Metal Slug foi em grande parte a irreverência de um modelo de jogo, onde cada missão funciona como uma sinfonia de elementos entre música, ritmo desenvolto, jogabilidade nutritiva e um grafismo incondicional. A dificuldade que lhe é conhecida, quase desesperante por vezes, é outro traço marcante, capaz de dissuadir os jogadores mais incautos num jogo deste género, mas que alimenta as veias dos jogadores hardcore, que procuram em cada nova partida superar mais obstáculos e a si mesmos na meta da pontuação máxima. O típico jogo arcade. Daí que as máquinas de salão e mesmo os pads das consolas caseiras estejam preparados para aguentar com a pressão exercida pelos mãos para manobrar a personagem entre imensas de linhas de fogo, quase saídas da cena de dança laser do filme Ocean’s Twelve.

Os inimigos chegam de todo o lado e dentro do estilo que lhes é habitual.

E na transição para um sistema portátil tão ergonómico como a DS Lite não é fácil conjugar as condições habituais de um jogo que exige tanta coordenação dos botões, dentro do ritmo frenético. Mesmo assim e apesar de se perceber que o jogo acaba por ceder demais à estrutura da consola, diluindo-se algum do carácter, a execução não é problemática como a princípio seria de supor. É possível jogar e fazer um bom desempenho ao ritmo das missões, até das mais exigentes e preenchidas, contando com os semi-temíveis “bosses”, mas quando se pede a utilização da stylus para o mapa táctil, não é grande solução deixar a personagem desarmada e por aí se começa a perceber que apesar de ser possível correr um Metal Slug na portátil DS, o trabalho final fica aquém do esperado.

Logo a partir das missões iniciais se compreende que este Metal Slug está longe de assumir o desempenho de outros títulos como Metal Slug X e 3, os superlativos da série. Sendo a DS uma consola com processador algo limitado, em comparação com a PSP que consegue correr em pleno o disco Metal Slug Anthology, os produtores optaram por espartilhar o grafismo e adequá-lo à dimensão do visor, o que resulta numa área de jogo alargada mas em contrapartida as personagens, inimigos e objectos em movimento estão em tamanho pequeno e com isso diluiu-se uma parte significativa do detalhe. Contudo, é de aplaudir o esforço dos produtores por manterem uma animação e fluidez que consegue ostentar a essência da série. No entanto perderam-se muitos dos pormenores que faziam a diferença. Os fundos, por exemplo, estão muito aquém do comparável com Metal Slug 3.

Uma missão na neve, para fugir à rotina, mas do princípio ao fim o background pouco muda.

Sempre muito iguais do princípio ao fim de cada missão, mostram-se genéricos, ocos, desprovidos de efeitos, sem grandes temáticas a porem em evidência o trabalho artístico, com poucos contrastes (não há passagens à noite) e com uma paleta de cores meramente aceitável. Das sete missões concebidas para Slug 7 apenas duas conseguem exibir um background mais apelativo, com alguns efeitos de relevo e mesmo esses mantêm o mesmo tema do princípio ao fim. Aquilo que sempre foi bom na série, a excessiva obsessão pela inserção das personagens num ambiente a transpirar banda desenhada pelos poros, ficou aqui muito aquém do esperado.

Ainda assim, porém, as explosões continuam fiéis e bombásticas, com o caos visual que provocam, e como versão americana que se preze há sangue a jorrar cada vez que os soldados adversários são atingidos. No meio dos combates mais ferozes a animação mantém-se estável com raras situações de abrandamento, o que é de salvaguardar. Não deixou, no entanto, de se notar algum “screen tearing” nos fundos quando se atravessa uma secção com mais velocidade. Por outro lado as explosões e até a composição das personagens assim como outros objectos móveis denotam um efeito granulado.

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Metal Slug 7

Xbox 360, Nintendo DS

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Sobre o Autor
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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.
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