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Heavy Rain

O céu chorou. Três vezes.

O jogo não recorre a facilitismos gráficos, ou pura obtenção de certo impacto. A estória é contada de forma credível, com momentos extremamente banais do nosso dia-a-dia, que podemos ou não fazer ou querer sequer nos importar. A leitura dos pensamentos das personagens é muito interessante, deixando perceber o que querem ou que pistas poderemos obter. Acções como, tomar banho, fazer a barba, ir ao WC, trocar de roupa ou mesmo simplesmente andar livremente, é possível. Aliás, é de todo encorajado, pois só dessa forma podemos descobrir as personagens, os seus sentimentos e desejos., tornando não só mais um, mas sim a pessoa X e Y.

Uma das coisas assentes é a tentativa do jogo mexer connosco. Não raras são as vezes que nos sentimos extremamente relacionados com as personagens. É um feito ímpar, basta que deixemos que o jogo nos conduza. É interessante, que após tentar "estragar" o jogo e as acções que efectuava, ele sempre reagiu de forma séria, e no fundo, verdadeira. É aqui que a questão das QTE poderá entrar, e como já dito em anteriores artigos, as QTE apenas existem como forma de interacção e de nos colocar de certa forma bem dentro da acção. Se falharmos, quer por não termos conseguido, ou por termos feito de propósito, o jogo consegue antecipar estas nossas decisões com elevada velocidade e sem quebras.

Trabalho de casa.

Dou como exemplo, uma simples tarefa de carregar em L1, R1 e quadrado ao mesmo tempo para carregar o saco de compras que a mulher de Ethan Mars trouxe. Esta acção é feita em tempo real e temos pleno controlo da acção. Peguei nas compras, e caminhei ao lado dela, enquanto ela falava. Poderia desviar-me, ou simplesmente ignorar a acção, que o jogo continua. Mas, e pegando novamente nas palavras de Cage, "poderemos ser directores da nossa própria acção", pelo menos nestas pequenas. Concluindo este exemplo, ao caminhar lado a lado com o saco de compras, retirei o dedo do R1 (eram 3 botões), e simplesmente os sacos ficaram desequilibrados, caiu uma peça de fruta e a esposa apanhou e comentou o caso. Tudo de forma extremamente fluída e credível. Mas, uma coisa que fica assente, pelo menos até ao momento, estas decisões não mudam em nada o progresso do jogo. Quer faça de X maneira ou de Y maneira o resultado final é sempre o mesmo, o caminho até lá é que poderá ser diferente, deixando assim em aberto até que ponto as nossas acções irão influenciar o futuro, principalmente o desfecho final da estória.

Claro que todo este ambiente não esconde erros que o jogo tem. Um dos mais graves, é a nível da movimentação das personagens, quer as nossas, quer os transeuntes das ruas, lojas ou mesmo dentro dos ambientes mais fechados. Durante as cut-scenes, tudo corre extremamente bem e credível, mas quando movimentamos a personagem livremente, perdemos um pouco a sensação de viver o jogo. Sendo o momento em que reconhecemos que isto é um jogo. Alguns movimentos são robotizados, e demasiado direitos. Talvez a personagem que tem melhor movimentos seja Scott Shelby, talvez pela sua envergadura física, que "esconde" esse efeito. As outras personagens, aquelas que estão a encher o cenário, efectuam os percursos programados de forma completamente estranha. Claro que estamos perante uma preview, mas verificar que durante uma conversa um polícia passa por dentro de mim como nada fosse, quebra todo o momento necessário. E estas situações acontecem muitas vezes, bem como bugs a nível de colocação das personagens no cenário. Espero que estes problemas sejam resolvidos, pois em nada favorecem o jogo.

Porque não consigo dormir?

Existe ainda muito para dizer sobre Heavy Rain. Existem coisas ainda por rectificar, mas julgo que sejam de fácil resolução até à versão final. Estes primeiros capítulos souberam a pouco, e mesmo assim os pormenores são tantos, que teria que me alongar em demasia nesta que pretender ser apenas a antevisão antes da análise final. Uma coisa é certa, Heavy Rain está no bom caminho, é um projecto ambicioso, onde se nota todo o esforço, dedicação, e claro que posso dizer, o amor que toda a equipa da QuanticDream está a dar. Agora é aguardar pela versão final e comprovar em primeira mão se estamos perante um novo marco nos videojogos.

Heavy Rain tem data de lançamento para o início de 2010, sendo um exclusivo PlayStation 3.

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