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Call of Duty: World at War

Depois de Okinawa e Berlim, regressamos a casa.

World at War em modo singular não é um jogo de grande longevidade. Dependendo da dificuldade eleita é obra para se concluir entre cinco a dez horas. Dezasseis missões representam o percurso intercalado e não linear, tal como já sucedia nos jogos anteriores. Mas se isto parece pouco, e não deixa de ser, certo é que cada missão faz suar, sendo vivida com fervor e grande intensidade. Sem momentos mortos e já que os tempos de carregamento se fazem com curtos “briefings” de explicação histórica sobre o que está por detrás de cada missão, num tom respeitado e severo, há uma tremenda imersão bem favorecida pelo permanente ruído de balas e bombas, e gritos; o impiedoso som da guerra. Aliás com um bom sistema de som 5.1 à volta do televisor o barulho é qualquer coisa de abissal.

World at War põe o jogador na pele de dois soldados em duas frentes distintas. O norte americano Miller e o russo Dimitri Petrenko. Ambos escapam com sorte às mãos do inimigo. Miller está refém dos japoneses, vê o seu colega de armas executado com uma naifada ao pescoço, quando um grupo de “marines” consegue, em contra golpe, evitar mais uma execução, partindo de seguida para a limpeza dessa pequena ilha. Na Rússia, em Estalinegrado, Petrenko sobrevive ao extermínio de um grupo de soldados que ainda mostravam sinais de vida dentro de uma vala comum. Nos dois casos paira um sentido de vingança imediato, um ajuste de contas e uma vontade de reviravolta dos acontecimentos. Sem uma sequência linear, os campos de batalha oscilam.

Os inimigos revelam comportamentos distintos, são mais traiçoeiros e inesperados na Ásia, e no envolvimento do jogo as missões distinguem-se. Embora ocorram algumas comparações com Modern Warfare no primeiro capítulo da campanha na Rússia, entre os edifícios de Estalinegrado abatidos pelos bombardeamentos nazis quando ao soldado Petrenko lhe é dada uma espingarda com mira para uso ao jeito de um “sniper”, o palco da batalha progride por entre espaços abertos num acesso até às últimas barreiras e fortificações dos inimigos. Por outro lado, as zonas de confronto são agora mais amplas, extensas e possibilitam diferentes percursos e abordagens. Sendo uma nítida vantagem o sistema de gravação automática a cada “checkpoint”, deparada determinada dificuldade há sempre a hipótese de ir por outro caminho.

Missão Black Cat na calada da noite a bordo do PBY Catalina.

E na elaboração dos cenários não há como ficar surpreendido já que os produtores conseguiram captar em pleno a densidade e morfologia das montanhas nas ilhas japonesas, assim como as zonas agrícolas de Sallow, planas e de trilho fácil para o acesso do exército vermelho até Berlim, com a entrada no último reduto do regime Nazi, o Reichtag. Alternando entre a campanha americana e soviética, algumas missões assumem destaque pela espectacularidade, pelo conjunto em movimento. No avanço até Berlim, ao longo de uma planície, a movimentação imparável da infantaria soviética, sempre com os tanques a arrepiar caminho é qualquer coisa de fascinante. No Japão, o desembarque ao jeito do "Resgate do Soldado Ryan", precede um avanço periclitante entre bunkers, até ao aniquilamento da artilharia anti-aérea. Na missão seguinte procura-se por um piloto de um caça despenhado no meio de um pântano, até que mais à frente se chega a um ponto aberto de forte combate terrestre e aéreo, precipitado pela queda, além colinas, de um bombardeiro americano. Com o apoio de tanques e naquele inferno dilacerante de chamas, explosões e mortandade, os soldados controlados pela inteligência artificial prestam um auxílio fundamental.

Depois de chegarem a Berlim os soviéticos enfrentam um cenário denso, mais complexo, da guerrilha urbana, havendo muitos inimigos escondidos no interior dos edifícios semi-destruídos e escombros, “snipers” à janela, soldados abrigados em túneis escuros de opaca luminosidade. A natureza dos combates assume uma agressividade maior, quase repugnante moralmente (apesar de se enfrentar olhos nos olhos o que realmente aconteceu), na forma impiedosa como os mais fortes decepam a vida aos adversários tolhidos e desprovidos de qualquer defesa, sendo isso mesmo notório em algumas passagens de síntese