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Rescaldo: Comic-Con Portugal 2021 - Uma nova esperança?

Houve higiene e segurança, mas pouca oferta nesta edição.

Apesar das condições adversas em que estamos a viver, com os casos diários de COVID-19 a subir todos os dias desde meados de Outubro, o Comic-Con Portugal foi avante e realizou-se durante o passado fim-de-semana na MEO Arena. Desde que a pandemia atingiu Portugal em Março de 2020, que praticamente todos os eventos deste tipo foram cancelados ou continuamente adiados para o ano seguinte. Ainda no final de Novembro, a Lisboa Games Week foi mais uma vez adiada por não estarem reunidas as condições ideais para a sua realização. Vivemos tempos complicados, e ainda que a cultura pop continue bem viva em formato online, os eventos físicos estão ameaçados pela pandemia. Acho que ninguém pensava que esta situação ia durar tanto tempo, mas aqui estamos, a tentar adaptar-nos a esta nova realidade.

Apropriando-se do título do primeiro Star Wars, "A New Hope", a edição de 2021 do Comic-Con foi uma tentativa de voltar à normalidade, cumprindo claro todas as normas de segurança requeridas. A segurança para entrar no evento era restrita. Independentemente do certificado de vacinação da COVID-19, era necessário um teste negativo com supervisão e certificação de um profissional de saúde ou farmacêutico para entrar no evento, realizado 48 ou 72 horas antes (dependia do tipo de teste). O uso de máscara também era obrigatório, tanto dentro do recinto como na zona exterior. Apesar do momento não ser o mais favorável para a realização do evento, a organização tomou todos os cuidados necessários.

"Apesar do momento não ser o mais favorável para a realização do evento, a organização tomou todos os cuidados necessários"

A decisão de ir à Comic-Con 2021 foi tomada à última hora precisamente por causa da subida de casos, mas graças às medidas de segurança, senti-me seguro dentro do evento (mais seguro do que em qualquer centro comercial, por exemplo). Apenas fui um dia, no Sábado, e cheguei por voltar das 10h30 ao Parque das Nações, onde me deparei com uma fila assustadora para entrar. Comecei a caminhar ao longo da fila que começava na MEO Arena e só acabei quase no fim do Pavilhão do Conhecimento. Foram 47 minutos de espera para entrar. Tendo em conta as medidas de segurança e os passos extra requeridos para entrar no recinto comparativamente a outras edições, é compreensível. Além disso, saí do recinto para ir almoçar e quando voltei da parte da tarde voltei a entrar sem qualquer espera, não havia fila.

Um evento disperso, para o bem e para o mal

A primeira sensação que tive a entrar na Comic-Con Portugal foi o quão afastado estava tudo. O evento estava dividido em duas grandes zonas, uma cá fora, em redor da MEO Arena, com actividades da Disney, Fox e Marvel, e outra no interior, onde tinhas os auditórios, um showfloor com várias actividades ligadas a filmes e séries, e a habitual zona de lojas para comprar todo o tipo de merchandising. Por um lado, é bom que as coisas estivessem afastadas para evitar aglomerados de pessoas, mas por outro, esta edição do evento tinha claramente menos para oferecer. Com tudo afastado, mal entravas no evento tinhas uma sensação de que tudo estava despido, sem grandes decorações.

Esta sensação ficou mais forte quando entrei na zona gaming, relegada a uma grande tenda na zona exterior. A ausência da PlayStation, Nintendo e Xbox fez-se sentir. No que toca a gaming, havia muito pouco. A coca-cola estava nesta zona com máquinas arcade. A Redbull estava mesmo ao lado, com uma zona de computadores para jogar Magic: The Gathering Arena. Havia também uma zona de Star Wars, onde podias tirar fotografias dentro de uma nave e na cantina, e entrar para dentro de um Tie-Fighter para jogar. Por último, havia uma zona patrocinada pela Citroen e Fnac onde jogavas Beat Saber num capacete de realidade virtual. No geral, o aspecto da tenda era desolador.

"A ausência da PlayStation, Nintendo e Xbox fez-se sentir. No que toca a gaming, havia muito pouco."

Adiante, havia uma zona de cosplay igualmente pobre, seguida da zona alimentar, composta por food trucks com alguma variedade de comidas. Já perto das escadas para a MEO Arena, a decoração era maior graças à presença da FOX, com um museu dedicado a The Walking Dead (chamado relicário), onde estavam expostos moldes dos diferentes Walkers e as respectivas histórias e características, e da Disney, com insufluváveis gigantes com o escudo do Captain America e capacete do Mandalorian. Na zona da Disney, dentro de uma pequena área fechada, havia oportunidade para tirar fotografias com cartazes do Gavião Arqueiro, Cruela e Only Murders In The Building. Já cá fora, fazendo alusão à estreia do Livro de Bobba Fett, podias tirar fotografias com cosplayers profissionais de Bobba Fett e Mandalorian.

Pipocas, merchandising e variados sítios para tirar fotos

Dentro do recinto, mal entrei senti novamente a sensação de vazio. Não havia muita gente, o que só reforçou a sensação. Novamente, encontramos oportunidades para tirar fotografias. A HBO tinha um sítio para tirar fotos temáticas das suas várias séries - como Game of Thrones e Dexter. Havia também um sítio de fotos de Matrix Ressurections e da série de Chucky. Um dos locais mais animados pertencia ao canal Panda Biggs, que a troco de fazeres um vídeo para o TikTok com as devidas hashtags e identificações, dava-te um pequeno balde de pipocas. Mais à frente, entravas na habitual zona de merchandising, com muitas lojas a vender bandas desenhadas, posters, t-shirts, sweatshirts, figuras, POPs, e muitos outros itens coleccionáveis para os fãs da cultura pop. Para os mais novos, a LEGO apostou numa zona onde podias brincar com as novidades mais recentes, incluindo os sets de Super-Mario.

Uma zona de fotografias para promover a estreia de Matrix Ressurections.

Em termos de espaço, o Comic-Con Portugal deste ano foi o que descrevemos até agora. São tempos difíceis, como já havia dito, e isso reflectiu-se na qualidade do evento. Foi a edição mais fraca que tenho na memória. Apesar das condições adversas, a organização conseguiu trazer vários convidados de relevo como o actor Noah Schnapp de Stranger Things, Manu Bennett de Spartacus, e Lana Parrilla de Once Upon a Time. Também houve painéis de séries como Glória da Netflix e Pôr do Sol da RPT. E mais uma vez, a Lisboa Film Orchestra tocou ao vivo as músicas mais icónicas do cinema. São coisas que acrescentam valor ao evento, para além da experiência que obtinhas das diferentes áreas.

No entanto, o preço dos bilhetes é um ponto sensível. Compreendo que a situação está complicada para os eventos deste tipo e que nada se faz sem dinheiro, mas os 40 euros do bilhete diário são difíceis de justificar por aquilo que tive oportunidade de ver. O que sobressaiu do evento é o quão resiliente e unida é a comunidade portuguesa em volta do evento, que apesar de tudo isto, ainda aparecerem, alguns vestidos a rigor com cosplays impressionantes, que saltava mais à vista do que qualquer outra actividade do evento. Acabei por divertir-me no evento graças à companhia, porque no resto, deixou a desejar. Apesar de tudo, o evento trouxe, de facto, um pouco de esperança e de normalidade, que tanto precisamos neste momento. Ver a comunidade unida novamente num evento foi positivo.

Vamos fazer fisgas para que isto acabe rápido e a Comic-Con possa regressar com mais força do que nunca.

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Sobre o Autor
Jorge Loureiro avatar

Jorge Loureiro

Editor

É o editor do Eurogamer Portugal e supervisiona todos os conteúdos publicados diariamente, mas faz um pouco de tudo, desde notícias, análises a vídeos para o nosso canal do Youtube. Gosta de experimentar todo o tipo de jogos, mas prefere acção, mundos abertos e jogos online com longa longevidade.

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