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F1 2021 - Review - O duelo

Às portas de uma nova geração de monolugares

Eurogamer.pt - Recomendado crachá
Uma edição que tem no modo Braking Point a maior novidade, uma forma de conhecer e viver a F1 por dentro, com todo o drama e pressão.

Num ano marcado pela entrada da Codemasters no império da Electronic Arts, ainda é cedo para perceber até que ponto os novos patrões poderão afectar aspectos ao nível do design e da produção do jogo. A série F1 recebeu óptimos desenvolvimentos nos últimos anos, melhorias substanciais ao nível da jogabilidade, modos de jogo e optimização dos visuais, agora com uma entrada na nova geração de consolas. Os ingleses conseguiram refrescar o produto e ainda colheram uma imagem mais oficial, graças ao acordo com a proprietária dos direitos da F1, a Liberty Media, igualmente liderada por norte-americanos e que passou a controlar o Formula One Group, do qual deriva a licença do jogo.

Toda a componente oficial da actual temporada é mais uma vez contemplada, não só nos pilotos e nas escuderias de F1, mas também nos circuitos e até nos segmentos de entrada para as sessões de treinos, qualificação e corridas. A F2 está representada, mas na temporada pretérita. É o paddock devidamente oficial e em toda a sua extensão, onde estão presentes os parceiros e investidores, numa representação mais uma vez fiel e realista, através de sequências cinematográficas. No que respeita ao tipo de experiência, F1 2021 procura, mais uma vez, emular a condução de monologares que atingem em poucos segundos velocidades estonteantes. A condução é tão ou mais realista consoante o interesse em jogar com as assistências desligadas. Mais do que acelerar à saída da curva, depois de ultrapassado o apex, muitos dos ganhos por volta são alcançados no acerto do monolugar e na travagem, sem bloqueio de rodas e o mais tarde possível.

Numa temporada que é talvez a mais disputada dos últimos anos, numa titânica luta entre Verstappen e Hamilton, 2021 é o último ano da actual geração de monologares híbridos, introduzidos em 2014 e dominados pela Mercedes AMG. O próximo ano abrirá com novos carros, jantes com 18 polegadas e unidades motrizes diferentes. Mas nem em ano de transição a Codemasters se descuidou, não aliviando o pé do pedal, proporcionando uma edição forte em condimentos, nomeadamente a envolvente campanha apelidada de Braking Point, na qual iremos conhecer e viver por dentro duas histórias algo dramáticas; o peso da estreia de um rookie chamado Aiden Jackson e o preço da veterania de Casper Akkerman. Não é a mesma situação até porque os pilotos estão em equipas diferentes, mas lembra a luta que vai entre Valteri Bottas e George Russell por uma vaga na Mercedes a partir de 2022, eles que este ano já se envolveram num acidente aparatoso, em Monza, trocando alguns mimos.

Em Braking Point não falta drama dentro e fora das pistas.

Duelo entre veterania e juventude

Olhar para Braking Point é ter em conta um modo de jogo que funciona como uma campanha. Na forma como está desenhado e projectado para durar ao estilo de uma narrativa, ou uma história que acompanha o duelo entre dois pilotos, pode dizer-se que nestes moldes as anteriores tentativas de criar um modo semelhante não passaram disso mesmo, de uma tentativa. Braking Point está eivado de carga dramática ao mesmo tempo que dá conta de tudo o que se passa no paddock e em diferentes momentos de um fim de semana de competição, cujo ponto alto ainda é o grande prémio.

É pena que a Codemasters não tenha avançado já para o novo modelo das corridas sprint, que vai estrear este fim de semana em Silverstone. Trata-se de uma solução a título experimental para criar mais competição em pista, através de uma corrida de curta duração (meia hora) cujo resultado serve de grelha para a corrida de domingo (o Grande Prémio). O modelo ainda não é definitivo e só depois de uma avaliação após as corridas experimentais deste ano é que se procederá à sua inclusão ou não para os próximos anos. A Codemasters podia ter avançado já mas, talvez por esperar por essa avaliação, optou por não incluir a novidade no actual modelo de organização das corridas.

Aiden Jackson chega ao pelotão da F1 em 2020, depois de se sagrar campeão da F2 em 2019, na última corrida disputada em Abu-Dahbi, quando recuperou posições até ao primeiro lugar. A chegada à Fórmula 1, na temporada seguinte, leva-o a uma de várias equipas da cauda do pelotão. Causa um pouco de surpresa ver ali a Alpha Tauri, mas é verdade que arrancou para a temporada de 2020 na parte secundária do meio do pelotão. Depois de escolhida a equipa, Jackson conhece o seu colega de equipa, piloto veterano com quem estabelece um feroz duelo. É interessante a perspectiva com que a Codemasters cria uma narrativa. Por um lado desenvolve as entrevistas, as conferências de imprensa e mostra a nossa personagem ao lado de pilotos renomeados como Lando Norris, Esteban Ocón, entre jornalistas conhecidos da Sky. Por outro lado avança directamente para momentos capitais das corridas. Seja para fazer as voltas rápidas antes da paragem para mudança de pneus, efectuar voltas rápidas, ou ganhar distância nas últimas voltas da prova, é em momentos cirúrgicos da narrativa que o jogador é chamado a conduzir.

A actual temporada marca a despedida dos monolugares da geração híbrida, que começaram em 2014.

Isto liberta alguma da pressão de ter que disputar as várias sessões de treinos, afinar o carro, qualificar e percorrer toda a extensão de um Grande Prémio, só para bater o adversário. A luta com Akkerman é normalmente disputada em curtos mas muito intensos momentos, aos quais se segue um "debrief". Alguns momentos não são tão interessantes, como os telefonemas da mãe ou os mails do compromisso com a equipa, esbatendo a emoção da luta em pista, mas a organização deste modelo de campanha é óptima, mobilizando-nos de GP em GP, com as tais caras conhecidas pelo meio, até aos desfechos dramáticos e inevitáveis em pista, situações criadas pelos guionistas deste modo.

Ao mesmo tempo, Braking Point funciona como uma excelente e interessante porta de entrada para quem só agora começou a acompanhar a F1. A visibilidade na Netflix com Drive to Survive, a presença nos media e nas redes sociais, libertou um pouco mais do social da F1, mas a componente desportiva é altíssima e a FIA é exigente na forma como continua a definir esta categoria desportiva automóvel. São tantas regras de segurança, passando pela estratégia de corrida, afinações e gestão de pneus, que alguém pode sentir-se desorientado. Felizmente, Braking Point está bem organizado e deste ponto de vista é referencial na adaptação e inclusão ao desporto. A campanha é composta por duas temporadas e vale a pena começar a jogar por aqui. Ainda não está no ponto ideal, mas fica uma boa base para próximas edições. Os eventos são lineares, as possibilidades de escolha resumem-se ao grau de dificuldade e ao realismo da condução. Os objectivos são ou não cumpridos e não há grandes alternativas a explorar. É um modo mais cinematográfico, puro e duro, de grande visibilidade do paddock, ainda que o essencial aconteça em pista, em diversos momentos e ao longo de duas temporadas.

A gerir ou a estabelecer uma carreira enquanto piloto

Inscritos nos modos de jogo tradicionais estão My Team e o modo carreira. O My Team regressa pelo segundo ano consecutivo. É o mais abrangente, ao ponto de permitir a criação de quase tudo. Desde nome e pintura, escolha de piloto, patrocinadores, fornecedor de motores e criação de departamentos de desenvolvimento. Pensado para aqueles que gostam de competir e treinar em pista, mas também em criar e gerir a sua própria equipa. O tempo passado a tomar muitas decisões ao nível do funcionamento da equipa é grande, ao ponto de nos fins de semana se tornar quase irrelevante o tempo passado a conduzir. Com muitas áreas afectas ao desenvolvimento do carro e da equipa, pode parecer confuso ao princípio, mas a apresentação é bastante eficaz, com todas as informações e descrições necessárias para uma cabal compreensão.

Na versão Deluxe de F1 2021 os fãs poderão contratar alguns dos maiores campeões de sempre, como Senna e Schumacher pai.

Para um amante de F1, que segue as corridas, este My Team abarca todo o trabalho efectuado a partir das boxes, que muitas vezes não vemos e se revela crucial para o resultado de domingo. As sessões de treinos estão recheadas de objectivos, como o trabalho da escolha de pneus, preparação do carro para a qualificação e para a corrida, para além do teste de peças e novos componentes. É um trabalho bastante minucioso que também se pode revelar árduo e exaustivo. Felizmente é possível simular este esforço, obtendo uma percentagem que nos revela a eficácia do acerto ou do treino preparado. Ao mesmo tempo é possível ajustar o grau de dificuldade e realismo. Para quem joga habitualmente de pad na mão, o melhor é mesmo ajustar a configuração arcade, com algumas assistências, caso contrário vão acabar muitas vezes na gravilha. Com um apoio de um volante é sempre interessante desligar as assistências e tentar dominar o carro em condições de apoio - asa - mais realistas.

O modo carreira volta a oferecer a particularidade de configurarmos o nosso piloto em pista, um modelo real e preparado para correr lado a lado com os melhores. Novamente voltamos a erigir todo um trabalho em múltiplos domínios; dos contratos por vários anos, à subida por etapas até uma equipa de topo, passando pelo trabalho de pesquisa e desenvolvimento da configuração do carro, para o melhor adequar ao nosso estilo de condução. A temporada pode ser disputada na sua máxima extensão de uma vintena de corridas ou reduzida a um conjunto de provas, numa espécie de simulação da temporada 2020. O grau de dificuldade e realismo pode ser ajustado, aumentando também a inteligência artificial dos rivais. Interessante a opção de adicionar um segundo jogador à campanha, em estreita competição por um lugar na frente da grelha, ou dentro da equipa para um pecúlio maior no campeonato dos construtores. Começar a actual temporada com as tabelas de classificação em curso é uma forma de tentar dar a volta ao contexto de domínio de Max Verstappen. Em termos de oferta multiplayer, o epicentro ainda é a competição em rede, com vários jogadores, através de um grau maior de personalização das equipas, festejos no pódio e comunicações audio. O modo espectador permite visualizar a acção em pista como quem assiste a um GP de fio a pavio. Depois, há lugar a corridas rápidas, eventos de aquisição de pontos para a superlicença, eventos de fim-de-semana e ligas autónomas, nas quais podem competir e organizar o vosso campeonato.

Ver no Youtube

O feedback em pista talvez não seja tão surpreendente nesta edição, se jogaram algum dos anteriores F1. Os carros não são muito diferentes das temporadas transactas, mesmo que este ano possuam menos asa e apoio aerodinâmico, uma decisão que desfavoreceu a Mercedes e trouxe mais ânimo à Red Bull, especialmente a Verstappen. No entanto, a sensação de condução é muito semelhante, não se sente grandes discrepâncias. As melhorias gráficas e visuais são discretas, estando no entanto garantida uma boa fluidez, especialmente nas corridas à chuva, com todo o spray largado pelos pneus intermédios quando o pelotão parte compacto. Para os fãs portugueses de F1, o circuito de Portimão será aditado em forma de DLC gratuito, mais adiante, juntamente com Imola, estando presentes Austrália e China, pistas que escaparam (novamente) à temporada em curso em resultado da pandemia. Pena é que o plantel de F2 corresponda à temporada de 2020, que conheceu Mick Schumacher como campeão, podendo ser duplamente seleccionado (piloto da Prema e da Haas), bem como Mazepin e Yuki Tsunoda, os dois que também saltaram da temporada passada.

Em resumo, num ano que assinala várias mudanças no panorama da F1, a Codemasters proporciona um jogo que tem no Braking Point - o modo história - o ponto mais ressonante. É um modo de jogo de entrada imediata, tanto para veteranos como para novatos, que sai favorecido na forma como consegue cativar, através de momentos cruciais a que o jogador é chamado a intervir ao longo de um fim de semana de Grande Prémio. Não só permite um bom conhecimento do paddock e tira todo o proveito da licença oficial, como ainda estabelece um bom nível de competição, ajustável ao tipo de experiência mais conveniente. Nem tudo é perfeito e parece existir mais margem de desenvolvimento, mas replica muito bem as incidências da competição e de um campeonato disputado. Com os novos monologares para 2022, as corridas sprint no novo formato de fim de semana, parece que a Codemasters vai ter um inverno muito trabalhoso para a próxima temporada. Para já, em ano de mudanças, consegue proporcionar um jogo da modalidade bastante competente, que tanto pode ser desfrutado como um simulador, como no conforto das experiências arcade.

Prós: Contras:
  • Conhecer a F1 através do Braking Point
  • Aproveitamento da licença F1
  • Desenvolvimento fora e dentro das pistas em MyTeam
  • Gestão das sessões de treinos no MyTeam
  • Começar a actual temporada com a classificação em curso
  • Adição de Portimão e Imola
  • Plantel F2 de 2020
  • Sem clássicos
  • Penalizações implacáveis nos limites da pista

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F1 2021

PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S, PC

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.
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