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Hood: Outlaws & Legends review - Nada good

Uma ideia arrojada, mas muito mal executada.

Eurogamer.pt - Evitar crachá
Um jogo PVPVE frustrante, mal executado e cheio de desequilíbrios. A equipa não soube transportar a ideia do papel para a prática.

Hood: Outlaws & Legends é um daqueles jogos que não deveria ter saído do papel. A ideia foi pegar na lenda de Robin Hood - o mítico ladrão que roubava aos ricos para dar aos pobres - e adaptá-la para um jogo multiplayer. Francamente, estamos sempre abertos a jogos que tentam experimentar coisas novas, mas neste caso houve muita pouca imaginação na adaptação do conceito. No desenvolvimento de videojogos há sempre um período de pré-produção que é essencial para estabelecer o conceito e perceber como vai funcionar o jogo. Acho que os produtores de Hood: Outlaws & Legends não devem ter gasto mais do que 5 minutos nesta fase. No seu estado actual, parece uma ideia forçosamente convertida em multiplayer em que diversos elementos não resultam como deveriam.

O conceito de Hood: Outlaws & Legends mistura multiplayer competitivo com elementos PVE. Pegando no mito de Robin Hood, coloca duas equipas de guerreiros a competir para roubar um tesouro de um castelo e no final distribuir os espólios pelos pobres (mas também podes ficar com o dinheiro para ti). Logicamente não faz muito sentido que dois grupos de ladrões estejam a competir pelo mesmo tesouro, ainda mais quando partilham o mesmo objectivo. A lenda de Robin Hood torna-se assim num pretexto completamente despropositado para o jogo. Se achas que a ideia soa ridícula neste momento, é ainda pior quando vês o jogo em acção. Existe uma componente de stealth que é praticamente ignorada por toda a gente porque simplesmente não compensa ser sorrateiro. Todas as partidas tornam-se num festival de jogadores contra jogadores, sendo que a IA (que controla os soldados do castelo) é apenas um pequeno incómodo.

Um roubo de três fases

As partidas têm sempre a mesma estrutura: duas equipas de quatro jogadores, um mapa. As duas equipas começam em pontos distintos dos mapas - castelos fortificados - e têm o mesmo objectivo: roubar a chave ao guarda, entrar na sala do tesouro, e transportar o cofre para um dos pontos de extração. No ponto de extração dois jogadores precisam de dar à manivela para elevar a plataforma onde está colocada o cofre. Um jogo requer cooperação de equipa para ter sucesso e até poderia ser um daqueles títulos de diversão descerebrada, mas há elementos demasiado rudimentares e que funcionam mal. O combate é um deles. Os confrontos próximos, corpo-a-corpo diga-se, são absolutamente horríveis e uma festa de stun locks. A jogabilidade é desajeitada, com controlos que não respondem como devido e animações feias.

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O pior é que podes morrer com o único golpe desde que o outro jogador te apanhe por trás, mesmo não estando em stealth. Não encontrei um único momento de diversão, apenas frustração atrás de frustração. O sistema de matchmaking não ajuda nada a combater este sentimento. Encontras sempre jogadores que estão a nível máximo ou perto disso, com todas as habilidades desbloqueadas nas quatro classes de personagens. Enquanto isso, nós estávamos nos primeiros níveis, com praticamente tudo bloqueado. Mesmo ignorando o factor da experiência de um jogador que está a nível máximo contra alguém que está a iniciar-se, existe uma enorme desvantagem nas habilidades das personagens.

Um jogo desequilibrado

Em cada partida os jogadores podem escolher uma de quatro personagens, que personificam diferentes classes. Robin é um Ranger, ideal para combates a longas distâncias com o seu arco. Marianne é uma caçadora, conseguindo ficar praticamente invisível. Tooke é tipo um feiticeiro, conseguindo curar companheiros com a sua habilidade especial e envenenar adversários. Por último, John é um tipo grande, um lutador de curtas distâncias com força para esmagar os seus oponentes. O primeiro problema é que as classes estão altamente desequilibradas neste momento. Robin, apesar de ser a "cara" do jogo, é fraco devido às suas desvantagens (flechas limitadas, precisas de abastecer). Marianne é demasiado forte, conseguindo esquivar-se bastante e ser muito forte a curtas-médias distâncias. O segundo problema é que não existe limite de classes, podes encontrar uma equipa inteira a usar a mesma personagem.

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O próprio desenrolar das partidas revela um jogo pouco pensado. Não existe quase vantagem nenhuma em apanhar a chave e carregar o cofre para o ponto de extração. No final da partida ganhas mais um pouco de ouro se o fizeres, mas a acção só começa (e pode durar uma quantidade absurda de tempo) quando o cofre tem que ser extraído. Como são necessários dois jogadores para rodar a manivela, são alvos estupidamente fáceis. Neste momento, as partidas tornam-se numa onda infinita de respawns, em que as equipas frequentemente se aniquilam uma à outra, com pouco progresso na extração do baú. Pior ainda é quando uma equipa faz quase o trabalho todo, levando a extração até à penúltima fase, e a outra equipa ganha completando apenas a última fase (existe uma barra de progresso, composta por várias fases).

O stealth não cumpre grande propósito

Como estava a dizer no início, o jogo nunca deveria ter saído do papel. A ideia pode parecer engraçada, mas na prática o conceito funciona mal. Vejam o caso da componente stealth, que é uma piada. Se qualquer uma das equipas for avistada, o que acontece é que certas portas do mapa fecham-se, mas ainda é possível sair do castelo por outros sítios sem grande dificuldade. Não existe uma consequência palpável por quebrar o stealth. A única coisa realmente assustadora é o Sheriff, um grande soldado coberto de armadura que é invencível. Se ele te apanha, é morte instantânea. Na última fase, este bruta-montes pode tornar-se num grande incómodo para ambas as equipas se for atraído para o local de extração. Atraí-lo para um local até pode ser uma estratégia para causar o caos. Ou seja, neste jogo o stealth não depende só de ti e geralmente é quebrado nos primeiros dois minutos de uma partida. Embora o Sheriff seja assustador, há que dizer que a IA é muita estúpida e facilmente consegues fugir, andar em círculos ou esconderes-te novamente.

"Embora o Sheriff seja assustador, há que dizer que a IA é muita estúpida e facilmente consegues fugir"

Outro dos problemas de Hood: Outlaws & Legends é a falta de conteúdos. Existem apenas cinco mapas e um modo de jogo (que podes jogar em modo competitivo ou cooperativo contra IA). A longevidade resume-se a subir o nível do teu esconderijo e das diferentes personagens para desbloquear habilidades, armas e novos fatos. Pode dizer-se que não custa tanto como outros jogos (o preço é de €29,99), mas aquilo que o jogo oferece parece muito pouco na mesma. Piorando o cenário, e visto tratar-se de um jogo multiplayer, a base de jogadores parece estar a cair rapidamente. O facto de não ter encontrado outros jogadores do mesmo nível que eu mostra que apenas um grupo de jogadores adquiriu o jogo e desde então jogaram-no até à exaustão, atingindo o nível máximo. Testei o jogo na PS5, e apesar de haver versões para outras plataformas (incluindo consolas da geração anterior e PC), foi definitivamente a pior experiência que tive até agora no nova geração.

A premissa do jogo até pode ser única, mas a execução é terrível.

Prós: Contras:
  • Uma ideia arrojada
  • Sacar tiros na cabeça com Robin é satisfatório
  • Integração do Dualsense
  • Matchmaking injusto
  • Conceito mal pensado e executado
  • O stealth é quase uma gimmick
  • O combate funciona mal, deixa-te frustrado
  • Falta de conteúdos

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