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Persona 5 Strikers - review - Persona em formato Action RPG

Combates Musou numa estrutura não Musou.

Eurogamer.pt - Recomendado crachá
Um soberbo Action RPG com design e estrutura Persona 5, mas sem pressões de tempo e combates Musou. Torna-se num vício.

Persona 5 Strikers é quase o que chamaria de colaboração de sonho. Persona 5 é um dos meus jogos favoritos de todos os tempos, entre os 3 favoritos que já joguei, enquanto as experiências Musou (especialmente as colaborações da Omega Force com outras propriedades) são o meu maior guilty pleasure nesta indústria dos videojogos. Desde Dynasty Warriors 2 no ano de 2000 na PS2 que acompanho os trabalhos do estúdio da Koei Tecmo e acompanhei o crescimento desta fórmula ao longo das décadas. A introdução de Samurai Warriors em 2004 foi uma entusiasmante oportunidade de explorar um novo cenário, enquanto em 2007 começaram as colaborações com outras propriedades que representam os esforços que acredito terem ajudado a levar a série para novos patamares.

De colaboração para colaboração, começando com Dynasty Warriors: Gundam em 2007 e indo até Hyrule Warriors: Age of Calamity em 2020, com Fist of the North Star: Ken's Rage, One Piece: Pirate Warriors, Arslan: The Warriors of Legend, Berserk and the Band of the Hawk, Fire Emblem Warriors e Dragon Quest Heroes pelo caminho, a Omega Force moldou repetidamente e com sucesso a sua fórmula Musou. No caso de propriedades de outros formatos media, a adaptação foi mais direta, mas no caso das colaborações com outros estúdios e séries de videojogos, criou autênticos híbridos que misturam o melhor dos dois mundos, revitalizando a experiência Musou de parceria para parceria. Aos olhos de quem está no exterior, parecem todos iguais, mas quem vibra com estes jogos, sabe que isso não é verdade.

Eis então que chegamos a Persona 5 Strikers, que chega meses depois do glorioso Age of Calamity para a Nintendo Switch e que mais uma vez serve como um atestado ao crescimento da Omega Force na abordagem às colaborações. Ao trabalhar de forma íntima com os responsáveis pelo material original consegue desenvolver jogos Musou específicos e diferentes da série principal. No entanto, no caso de Persona 5 Strikers o conceito de um híbrido vai ainda mais longe e na sua ambição de criar uma espécie de sequela para estas colaborações, a Omega Force moldou a fórmula Musou para um Action RPG sendo mais fácil descrever Persona 5 Strikers como um Persona 5, mas onde o sistema de combate por turnos deu lugar aos combates Musou.

Cover image for YouTube videoPersona 5 Strikers – Launch Trailer | PlayStation 4, Nintendo Switch, PC

"A quantidade de companhias que querem um Musou de uma propriedade sua evidencia o estatuto alcançado pela fórmula da Omega Force e como representa diversão imediata."

Os Phantom Thieves regressam iguais a si mesmos

Persona 5 Strikers foi desenvolvido pela Omega Force numa colaboração com a P-Studio da Atlus, sendo apresentado como uma sequela para Persona 5. Este novo jogo decorre 4 meses após o aclamado RPG da Atlus, quando o protagonista e Morgana regressam a Tóquio para passarem as férias juntos com os amigos que fizeram ao longo do primeiro jogo, como quem diz, os Phantom Thieves. No entanto, quando todo o Japão é assolado por misteriosos comportamentos altamente similares aos que envolveram este grupo em Persona 5, eles vão dar por si envolvidos em mais uma jornada para mudar corações e restituir a justiça aos que sofreram perante certos indivíduos importantes.

No entanto, ao contrário de Persona 5, em Strikers a ação decorre em diversas cidades japonesas e ao invés de Palácios, terão de enfrentar Prisões. O conceito é muito similar, mas existem algumas diferenças. As Jaulas não desaparecem quando eliminas a pessoa responsável por ela (podes revisitá-las à vontade para ganhar XP ou cumprir atividades opcionais que te dão boas recompensas) e as nuances na narrativa sobre os responsáveis pelas Prisões são maiores. Ao contrário de Persona 5, em Strikers estes temíveis adversários também são retratados como vítimas de alguém ou algum acontecimento, sendo pessoas que sofreram os seus traumas e perderam o seu caminho devido a isso. É um pouco diferente e tenta conferir camadas extra à narrativa, o que acabará por criar bons diálogos e cenas com os Phantom Thieves, que tentam perceber a origem da situação.

Como referido, esta missão de descobrir a origem das Prisões que estão a surgir por todo o Japão forçará os Phantom Thieves a viajar pelo país e isto é dos elementos mais deliciosos de Persona 5 Strikers. Se gostaste da estética visual de Persona 5 e da sensação de passear por Tóquio, vais adorar passear por locais como Sendai, Sapporo e Okinawa, vibrando com as paisagens, as cenas e diversos pequenos detalhes que mostram como a Omega Force e a P-Studio quiseram levar um pouco do Japão até ao mundo todo. Além disso, conhecerás várias personagens novas, desde Sophia, a nova inteligência artificial que luta ao teu lado e Zenkichi, um adulto e polícia que travará uma relação de entreajuda com os Phantom Thieves.

A ação em tempo real de Musou com a estratégia por turnos de Persona

De forma a manter uma identidade fortemente similar à de Persona 5, seja na narrativa, personagens, estética visual ou banda sonora, Persona 5 Strikers não é um verdadeiro Musou. Este não é um jogo no qual entras numa missão e com uma personagem enfrentas centenas até chegar ao boss e terminar o nível. Persona 5 Strikers é um jogo com design muito similar ao de Persona 5 (sem as restrições de tempo e o sistema Confidant que te forçava a decidir como e com quem querias passar o tempo). Aqui não existem pressões de gestão de tempo, mas quase tudo o resto é altamente similar, exceto o sistema de combate. Após os habituais diálogos e cenas típicas de Persona, poderás passear por algumas zonas das diversas cidades e comprar itens para usar nas batalhas, mas inevitavelmente terás de reunir os Phantom Thieves na sua autocaravana (o novo esconderijo) para entrar nestas Prisões.

No esconderijo, podes aceder através do teu telemóvel e com a ajuda de Sophia, nova I.A. que luta ao teu lado) entrar na única loja que te permite comprar armas e equipamento, podes aceder à Velvet Room para registar, criar Personas ou melhorar o seu nível, e podes ainda aceder às Prisões, mesmo às que já terminaste em cidades anteriores para completar desafios extra. Estes "Pedidos" efetuados pelos diversos Phantom Thieves podem ir desde eliminar determinado inimigo com a sua fraqueza, eliminar um número específico de inimigos, encontrar um tesouro para Morgana ou até criar Personas com uma habilidade específica. As recompensas são boas (desde novo inventário de armas nas lojas a novos níveis nas habilidades BOND). Este sistema BOND deixa-te adquirir habilidades gerais (como HP+5 para todos, maior rácio de máscaras no final da batalha, recuperar HP no final dos combates, por exemplo) e o nível aumenta ao avançar na história, completar Requests (as referidas missões opcionais) e no final de cada batalha.

Cover image for YouTube videoPersona 5 Strikers – Liberate Hearts Trailer | PlayStation 4, Nintendo Switch, PC

"Strikers mostra a incrível versatilidade da Omega Force e se Age of Calamity deslumbrou devido ao trabalho da equipa da Nintendo, este Persona 5 Strikers conta com o trabalho da P-Studio e isso significa mais uma narrativa de grande qualidade."

Quando entras numa Prisão, usas uma equipa de 4 Phantom Thieves e podes alternar entre cada um a qualquer momento. Existem diversos locais dentro destas Prisões (separados por um loading que, apesar de curto, quebra o ritmo da experiência) e terás de, tal como em Persona 5, ativar ou desativar mecanismos de defesa ou derrubar barreiras para proceder. Existem diversos locais dos cenários onde te podes posicionar (até a mecânica Third-Eye está presente para ajudar a identificar) para efetuar uma emboscada aos inimigos e entrar nos combates, onde sentirás a maior diferença para qualquer outro Musou e uma grande proximidade a Persona 5.

Ao tocar num adversário, passas para o modo de combate e aqui é um Action RPG, onde a ação apenas para te deixar escolher o que queres fazer com a Persona (apenas Joker pode usar várias e o tempo também para quando alternas entre elas). É um sistema incrivelmente dinâmico, Musou, mas que combina na perfeição com Persona pois respeita tudo o que adoraste nos combates de Persona 5. Desde as fraquezas, obter mais Personas, usar as armas de fogo (não tens de comprar novas em Strikers e usas sempre a mesma), usar o Baton Pass para trocar entre um dos 4 membros que escolheste, é Persona 5, mas com um sistema de combate de ação em tempo real. Jamais imaginaria que funcionaria tão bem e não fosse a ausência de masmorras totalmente abertas e possíveis de explorar sem loadings, diria que é incontestavelmente sublime.

Persona 5 de alma e espírito

Apesar do sistema de combate Musou, a narrativa, masmorras e design da experiência é totalmente Persona 5, simplificado com o sistema de Requests e BOND para descartas as pressões do tempo e gestão de atividades. A banda sonora a cargo da Atlus também assegura uma elevada qualidade e é mais um fator a contribuir para essa preciosa familiaridade em facetas da experiência que beneficiam com essa decisão. No entanto, existe um ponto que inevitavelmente deixa a desejar e mostra falta de ambição por parte da Omega Force e da P-Studio, o departamento visual.

É Persona 5 em tudo, menos nos combates Musou, que integram com inteligência todas as características do jogo da Atlus. Pena o aliasing severo.

Persona 5 Strikers é um claro contraste dos demais Musou, seja pelo design ou pela longevidade (cerca de 50 horas de jogo para terminar a história e as Requests), mas no departamento visual, a estética Persona 5 apenas pode fazer a sua parte. Existem imensos locais destas masmorras que são altamente básicos e nas cidades existem demasiadas texturas básicas à vista. Os loadings entre zonas removem algum do dinamismo de uma experiência verdadeiramente aberta, mas o principal problema está mesmo nos visuais, mais especificamente na falta de anti-aliasing.

O efeito serrilhado nos cenários é enorme e retira qualidade à experiência. Joguei Persona 5 Strikers e apesar dos loadings rápidos e performance altamente fluída, a presença tão gritante de aliasing é uma desilusão, tanto quanto a ausência de uma atualização para tirar proveito da PS5. É pena e é o único ponto no qual sinto que deviam ter feito mais. Persona 5 Strikers chegou às lojas 4 meses após a nova consola da Sony.

Mais um triunfante híbrido Musou

Depois de Age of Calamity em Novembro, sinto-me verdadeiramente mimado com Persona 5 Strikers poucos meses depois e enquanto fã de Musou, não podia estar mais feliz por ver a fórmula alcançar estas parcerias que a elevam para outros patamares. O novo trabalho da Omega Force beneficia imenso com os esforços da P-Studio na narrativa, estilo, fidelidade e tudo o que é preciso para se sentir como uma sequela do magnífico Persona 5. Combina os elementos de ação em tempo real de Musou com a estratégia por turnos e design de masmorras de Persona, sem esquecer a sublime narrativa. É um híbrido altamente divertido e que poderá despertar a curiosidade de um amplo espetro de jogadores, desde os fãs de Musou até aos adeptos de Action RPGs de alto sabor nipónico.

Prós: Contras:
  • Narrativa ao estilo Persona 5
  • A banda sonora é fenomenal
  • Estrutura Persona 5, mas com combates Musou resulta muito bem
  • Imensas missões opcionais que prolongam a longevidade e dão recompensas importantes
  • Viajamos por diversas cidades e isto é fantástico para os apaixonados pelo Japão
  • Novos personagens interessantes
  • Visualmente datado em algumas partes dos cenários
  • Ausência de atualização PS5
  • Ausência de anti-aliasing é demasiado percetível
  • Ocasionais picos de dificuldade se não cumprires as tarefas opcionais
  • Os constantes loadings ao trocar de locais nas Prisões

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Persona 5 Strikers

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Bruno Galvão

Redator

O Bruno tem um gosto requintado. Para ele os videojogos são mais que um entretenimento e gosta de discutir sobre formas e arte. Para além disso consome tudo que seja Japonês, principalmente JRPG. Nós só agradecemos.

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