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Por que razão The Last of Us: Parte II é um jogo tão premiado?

Já lá vão 261 premiações.

The Last of Us: Parte II é oficialmente o jogo mais premiado de sempre. Nunca, na história dos videojogos que já leva décadas, houve um jogo a receber tanto reconhecimento. Por um lado, é fascinante que, numa indústria com cada vez mais diversidade de jogos e tipos de jogador, haja tanta concordância relativamente aos méritos de um jogo. Por outro, é curioso que estejamos neste momento a falar da quantidade de prémios acumulada por The Last of Us: Parte II quando há pouco menos de um ano todos estávamos a discutir se a direcção da Naughty Dog para a sequela tinha sido a mais apropriada. A fuga do final do jogo para a Internet, entre outros detalhes da narrativa, provocou um curto-circuito no cérebro de muitos fãs e, sem o devido contexto, era realmente difícil perceber porque razão é que a Naugty Dog pretendia destruir praticamente a fórmula vencedora que tinha valido ao primeiro jogo tantos prémios, reconhecimento, e sucesso.

A Naughty Dog não fez uma sequela típica...

A indústria dos videojogos habitou-nos a sequelas que não arriscam, principalmente em novas propriedades intelectuais de sucesso. Existe uma razão muito concreta para isto: investimento seguro. Quer se queira quer não, o mercado dos videojogos é servente do capitalismo. Acredito que os videojogos podem ser arte, e sem querer tirar mérito à complicada coreografia que é a produção de um jogo, a crua verdade é que a esmagadora maioria dos jogos são feitos para serem consumidos, para entreterem, sem haver um qualquer propósito artístico maior ou mensagem subliminar. A produção do jogo não é, na maioria das vezes, igual a pintar um quadro, em que o artista está sozinho e controla o processo. Pode existir imensa pressão de forças superiores para moldar os jogos, para os tornar em apostas seguras, que não se desviem muito da fórmula mágica de sucesso. Isto pode resultar em jogos bons, divertidos, mas dificilmente serão marcantes.

Ver no Youtube

... e atingiu um novo patamar!

Não me lembro de quantos jogos acabei como parte desta carreira, mas já me esqueci completamente de uma porção deles completamente. Não me recordo da história, dos personagens, dos seus nomes e de outros detalhes. Não quer dizer que fossem maus jogos, até podiam ser jogos momentaneamente divertidos, uma agradável distracção, mas faltava-lhes algo mais. The Last of Us: Parte II é um jogo especial por várias razões e quer tenhas gostado quer não, uma coisa é certa: este é um jogo do qual vamos estar a falar durante anos. A Naughty Dog não tratou a sequela como uma oportunidade para capitalizar numa fórmula estabelecida; em invés disso, é uma expressão autêntica, sem limites ou pressões, de um grupo de pessoas extremamente talentosas. É muito raro encontrar isto numa produção de um jogo que envolve quantidades absurdas de dinheiro.

"Quer tenhas gostado quer não, uma coisa é certa: este é um jogo do qual vamos estar a falar durante anos".

A quantidade de prémios que The Last of Us: Parte II continua a acumular não vem do risco criativo a que a Naughty Dog se sujeitou, mas sim do excepcional resultado que essas condições permitiram alcançar. É uma das histórias mais poderosas, marcantes e emocionantes que podes presenciar num videojogo. As personagens não foram desenhadas de acordo com ideais perfeitos para fazerem boa figura na capa, mas como humanos normais que cometem falhas e que se deixam levar pelas suas emoções. Há quem argumente que esteja ou aquela personagem nunca faria isto ou aquilo, mas a imprevisibilidade faz parte da condição humana. Nunca senti tanto realismo vindo de personagens virtuais, parecem de carne e osso. Para alcançar isto é preciso mais do que perfeição técnica - que a Naughty Dog garantidamente tem, o jogo é uma obra-prima tecnológica - há que ter uma equipa fantástica de escritores, escolher os actores certos para as personagens e, mais importante, ter uma história e mensagem que ressoe com a audiência.

A história de The Last of Us: Parte II envolve amor, vingança, perda e arrependimento.

A derradeira obra-prima

Existem múltiplos jogos que podemos considerar obras-primas, mas The Last of Us: Parte II conseguiu tornar-se na derradeira obra-prima. A criação de videojogos envolve conhecimentos em múltiplas disciplinas e a Naughty Dog revela uma mestria sem rival em praticamente todas elas. Por isso, amealhou mais prémios do que qualquer outro jogo. Não se trata apenas de ser o melhor no geral, é a melhor narrativa, as melhores personagens, os melhores gráficos, melhor direcção, melhor design sonoro, melhor prestação dos actores, e por aí em diante. Ainda recentemente revisitei a sequela e fiquei novamente incrédulo com o que a Naughty Dog alcançou. The Last of Us: Parte II é um hino à arte (ou múltiplas artes) de fazer videojogos. Não preciso de 261 prémios para validar aquilo que já pensava sobre o jogo, mas é bom ver o trabalho da Naughty Dog a ser reconhecido.

Lembrete amigável: The Last of Us: Parte II está em promoção nas lojas portuguesas até 28 de Fevereiro. Durante este período podes adquirir o jogo por €29,99 em vez de €69,99.

Supra sumo dos videojogos mestria de todas as vertentes artisticas de um jogo

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Sobre o Autor
Jorge Loureiro avatar

Jorge Loureiro

Editor

É o editor do Eurogamer Portugal e supervisiona todos os conteúdos publicados diariamente, mas faz um pouco de tudo, desde notícias, análises a vídeos para o nosso canal do Youtube. Gosta de experimentar todo o tipo de jogos, mas prefere acção, mundos abertos e jogos online com longa longevidade.
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