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PlayStation 5 review - Uma consola premium

Sony entrega uma verdadeira experiência de próxima geração.

A Sony começa esta nova geração de consolas numa posição bem diferente da Microsoft. A companhia americana é o underdog, a transbordar de fome e vontade de se tornar no líder da indústria. Já a Sony é a actual líder. A PlayStation 4 foi a consola mais vendida da geração anterior, com 113.8 milhões de unidades vendidas segundo os dados mais recentes. Apesar do percurso incrível da consola nos últimos sete anos, que se tornou a casa de jogos valiosos e memoráveis - Bloodborne, Horizon: Zero Dawn, God of War, The Last of Us: Parte II, Uncharted 4, Shadow of the Colossus, Dreams, Spider-Man, só para mencionar alguns - a verdade é que a Sony ganhou a geração antes de a começar graças ao início desastroso da Microsoft.

Quando a Sony anunciou na E3 de 2013 que a PS4 custaria 399 euros - face aos 499 da Xbox One, com Kinect incluído - e que emprestar um jogo a um amigo seria tão fácil como sempre foi, o público entrou em êxtase. Naquele momento, a Sony foi vista como a grande salvadora dos videojogos. O cenário neste início de geração é bem diferente. A Microsoft está mais forte e não entregou uma vitória de bandeja, pelo contrário. Ainda assim, a Sony não se tem deixado ameaçar apesar das medidas disruptivas da Microsoft. A companhia japonesa está ciente das suas forças e está a jogar com elas, o que resultou numa consola que segue uma filosofia completamente diferente da rival, ainda que as duas - a PlayStation 5 e a Xbox Series X - partilhem algumas características.

Uma consola premium

Esta é a sensação quando tocas e olhas para a PlayStation 5. É certo que a Sony correu mais riscos estéticos - quando queres ser arrojado, é mais difícil agradar a todos - mas tem pormenores fantásticos. Desde a micro-textura com os símbolos da PlayStation (que também está presente no novo comando, o Dualsense), passando pelo símbolo da PlayStation recortado num dos cantos, até às placas laterais que formam um V quando vista de frente, simbolizando que esta é a quinta consola da Sony, a PlayStation 5 revela que não é apenas uma consola, é uma peça para ser apreciada. Quando ligas a consola, luzes azuis surgem das frinchas formadas pelas placas laterais e a peça central. É impossível não reparar na consola, mesmo que não saibas o que é.

A textura da consola revela uma atenção ínfima ao detalhe.

É certo que a consola também é grande. Com 39 cm de altura e 4.5 Kg, a PlayStation 5 é um arranha-céus comparativamente às outras consolas. Colocada lado-a-lado com uma televisão de 49 polegadas, a consola é tão grande que luta pela atenção. É quase como se fosse um carro exótico, que rouba sempre a atenção por onde passa. Um suporte vem incluído na embalagem para colocar a consola em posição vertical ou horizontal, como preferires. A grande dimensão da consola é justificada pelo sistema de arrefecimento, uma grande ventoinha de 12 cm de diâmetro e 4,5 cm de profundidade.

"A PlayStation 5 revela que não é apenas uma consola, é uma peça para ser apreciada"

Se estás com receio que a consola atinja os níveis de ruído da PS4 ou PS4 Pro, fica descansado. A PlayStation 5 é silenciosa e, mais importante, super fresca. Mesmo depois de jogar Spider-Man: Miles Morales, o jogo mais exigente disponível para a consola neste momento, sentes ar fresco a ser emanado das saídas de ar. Ou seja, o design escolhido pela Sony não é apenas vistoso, é também funcional e eficaz. Só o tempo dirá se o design se vai manter actual, mas de momento, a PlayStation 5 é uma bela peça de hardware para se ter na sala de estar, principalmente se gostas de tecnologia e de gadgets.

Cover image for YouTube videoPlayStation 5 - Unboxing & Primeiras Impressões!

Dos 0 aos 100 km/h em quantos segundos?

A PlayStation 5 é estupidamente rápida. E antes que perguntes, sim... é ainda mais rápida do que a Xbox Series X. Por enquanto, apenas testámos dois jogos nativos da consola: Spider-Man: Miles Morales e Astro's Playroom (não há nenhum jogo da consola rival que carregue tão rápido como estes). O loading inicial de qualquer um deles não demora mais do que segundos e depois, assim que começas a jogar, nunca mais serás perturbado por ecrãs de carregamento. Nos jogos retro-compatíveis a consola não é tão rápida e existe claramente trabalho de optimização a fazer, mas no resto a consola simplesmente desliza. Os downloads também são rápidos - God of War demorou cerca de 20 minutos por Wi-Fi (é óbvio que isto também depende da tua ligação à Internet).

"Nunca mais serás perturbado por ecrãs de carregamento"

Para além dos loadings iniciais muito rápidos - visto que depois não existem praticamente loadings - a funcionalidade de poderes carregar directamente determinadas partes do jogo é útil e impressionante. Novamente, isto apenas está disponível nos jogos nativos da PS5. Em Astro's Playroom, um jogo em que existem diversos coleccionáveis para apanhar, podes optar por carregar desde o menu da consola a parte do nível que desejas visitar. Em Spider-Man: Miles Morales podes saltar directamente para certas actividades. Até agora, para fazeres isto, precisarias de algum tipo de ficheiro gravação. A solução da Sony é elegante, prática e inovadora. Mais importante, melhora a qualidade da experiência para o utilizador.

Os jogos da consola já mostram o poder da nova geração

A geração acabou de começar, mas a Sony já tem duas grandes amostras do que esperar da sua nova máquina: Spider-Man: Miles Morales e Astro's Playroom (estes foram os únicos jogos da PS5 aos quais tivemos acesso, ou seja, excluindo títulos retro-compatíveis). São dois jogos muito diferentes e aconselhamos-te a ler as reviews completas (clica nos links acima) para saberes detalhadamente o que esperar de cada um, mas mostram muito bem a maior força da Sony e da PlayStation 5: as suas propriedades exclusivas. Tanto num como noutro sentimos que entramos numa nova geração, ainda que levemente. É normal, nenhum jogo inicial vai aproveitar completamente as capacidades da consola.

Cover image for YouTube videoAstro's Playroom - O divertido jogo gratuito da PS5 (gameplay)

Spider-Man: Miles Morales é uma excelente amostra do que esperar dos jogos em mundo aberto. Sem loadings a meio para te interromper, com transições imediatas para as cinemáticas nas missões de história. A imersividade é total, deixaram de existir as típicas pausas em que te recordas que aquilo é um jogo e é preciso tempo para carregar os dados do disco. Visualmente, temos vislumbres do ray-tracing na iluminação e nos belos reflexos que vemos nos edifícios espelhados de Nova Iorque e nas pinturas polidas dos veículos. Em alternativa, podemos jogar a 60 FPS com 4K upscale, que é deliciosamente fluído. Já Astro's Playroom, é uma soberba exibição do Dualsense, que depois de experimentares, provoca tanto entusiasmo como a própria consola.

Dualsense, um comando de próxima geração

Nos últimos meses tem-se falado imenso sobre consolas de próxima geração, relegando o resto para segundo plano. Embora vários executivos da Sony e produtores de videojogos tivessem dito coisas positivas acerca do Dualsense, nomeadamente que iria intensificar a experiência, não estava à espera de ficar tão impressionado com o comando. Existe a questão se os estúdios third-party vão investir tempo em optimizar os seus jogos para as funcionalidades do comando, mas do que pudemos experimentar até agora nos dois exclusivos da Sony, vale bem a pena. O Dualsense ajuda-te a sentir o que se passa dentro do jogo, aliando-se aos gráficos e à sonoridade para te deixar imerso.

Em Spider-Man: Miles Morales sentimos a resistência dos gatilhos adaptativos sempre que lançamos uma teia para baloiçar e diferentes intensidades e tipos de vibração no combate graças ao feedback háptico, mas é Astro's Playroom que leva as coisas mais longe. Há dois momentos marcantes em Astro's: quando controlas um mini-foguetão - os gatilhos tremem loucamente quando lhe dás gás - e quando tens que dirigir uma bola por um percurso de obstáculos -o nível sensorial vindo do feedback háptico é detalhado, sentes-te em completa sintonia com o jogo. É um comando muito mais avançado do que qualquer outro disponível actualmente e uma peça importante que complementa a experiência da PlayStation 5.

Na questão da bateria - um assunto de grande debate depois do Dualshock 4 ter desiludido nessa questão - o Dualsense porta-se melhor. Apesar destas novas funcionalidades todas, e passando a maior parte do tempo a jogar os Astro's Playroom e Spider-Man: Miles Morales - que fazem uso constante do feedback háptico e gatilhos adaptativos - o Dualsense durou entre 10 a 12 horas (o comando tem uma bateria de 1560 mAh, com quase o dobro da capacidade do Dualshock 4). O comando é recarregado via USB-C, com o cabo que vem incluído na consola. Tal como na PS4, podes recarregar o comando quando a consola está em modo repouso.

No design e ergonomia, segue a linha premium da consola. Os materiais transmitam qualidade e encaixa que nem uma luva na mão. Os novos gatilhos e botões de ombro são uma melhoria e há que destacar o microfone embutido no comando que capta razoavelmente o som da tua voz (isto significa que não és forçado a usar um headset para comunicar na consola, podes usar uns headphones convencionais, que no geral têm melhor relação entre qualidade e preço).

Sobre a retrocompatibilidade com a PS4

A retrocompatibilidade voltou às consolas da Sony, algo que já não víamos desde os primeiros modelos da PS3 (apenas o modelo de 60 GB tinha retrocompatibilidade com títulos da PS2). A PlayStation 5 é retrocompatível com praticamente todos os títulos da PlayStation 4. A lista de jogos que não são retro-compatíveis é mínima. Todos os jogos que testámos na consola - Uncharted 4, God of War, Days Gone, The Last of Us: Parte II e Fall Guys - correram sem problemas, mas sem melhorias a apontar. É um passo em frente, visto que na PS4 não tínhamos qualquer tipo de retro-compatibilidade, mas nesta questão a nova consola da Sony não é tão abrangente como a Xbox Series X, que tem retro-compatibilidade com todas as consolas anteriores da Microsoft. Ainda que seja discutível quantas pessoas estão realmente interessadas em jogar títulos de duas ou três gerações atrás, é sempre melhor ter do que não ter.

"É um passo em frente, visto que na PS4 não tínhamos qualquer tipo de retro-compatibilidade"

Há também a questão de quão fácil é transitar para a PlayStation 5. Basta aceder à tua lista de jogos para encontrares todos os títulos que adquirires na PlayStation 4 e PlayStation 5, além de todos os jogos que tens disponíveis através da subscrição PlayStation Plus. Todavia, na questão de transferir ficheiros de gravação, tive que o fazer manualmente. Depois de instalar títulos como Days Gone, God of War e Uncharted, tive que aceder aos ficheiros de gravação guardados na nuvem através do PS Plus (através das definições da consola) e fazer download para a consola. Isto acontece porque, contrariamente aos jogos first-party da Microsoft, não há uma sincronização dos ficheiros de gravação sempre que entras e sais do jogo. Para uma consola que noutras coisas é super-rápida, isto é como encontrar um obstáculo na auto-estrada enquanto circulas a velocidades elevadas.

Interface minimalista e intuitiva

O menu da PlayStation 5 é uma evolução daquele que conheces da PlayStation 4. Os quadrados continuam a existir, mas estão agora mais pequenos, havendo mais destaque para o conteúdo seleccionado. Carrega no d-pad para baixo e tens acesso às actividades de um jogo que podes carregar imediatamente (nos jogos da PS4 aparece a lista de troféus por desbloquear). Vindo da PlayStation 4, vais-te adaptar numa questão de minutos. A interface continua a ser minimalista e altamente intuitiva. Está tudo no sítio onde esperas que esteja. A única excepção para mim é o acesso ao sub-menu para desligar a consola, que deixou de aparecer quando ficas a pressionar no botão PlayStation. Agora tens de carregar no botão uma vez e deslocar-te até à extrema direita para desligar ou deixar a consola em modo repouso.

O "novo" botão Create, que vem substituir o botão Share, deixa-te que captures imagens, clips ou faças longos vídeo de gameplay. A consola deixa-te que graves a 1080p ou 4K (neste caso, a qualidade não parece ser a melhor). Foi incrivelmente fácil gravar um vídeo gameplay de Spider-Man: Miles Morales a 4K (ainda não o podemos partilhar por questões de embargo), facilitando a vida para quem iniciar-se na criação de conteúdos. Como o Dualsense tem microfone embutido, a consola dá-te todas as ferramentas que necessitas para começares a criar conteúdos, se isso é algo que te interessa.

Um verdadeiro salto geracional

Se havia dúvidas quanto ao comprimento do salto geracional que a PlayStation 5 ia trazer, o tempo que passamos com a consola, e os poucos jogos que testámos, são muito promissores. Há algum trabalho a fazer na questão da retro-compatibilidade, mas em tudo o resto, a PlayStation 5 é rápida, sólida e entusiasmante. A consola consegue criar a sensação de novidade e de que tens coisas novas e maravilhosas para jogar, exactamente aquilo que se espera de uma consola de nova geração. A velocidade dos loadings da consola estabelecem um novo padrão nos videojogos, o Dualsense altera completamente aquilo que esperávamos de um comando (num óptimo sentido) e os seus jogos são a maior amostra que tivemos até agora daquilo que o hardware de próxima geração é capaz. A PlayStation 5 oferece-te uma experiência premium, em que 499 euros (preço da edição Standard, com leitor de discos) parecem mais do que justificados. Agora aguardamos com ansiedade os próximos jogos da consola, principalmente os exclusivos.

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Jorge Loureiro

Editor

É o editor do Eurogamer Portugal e supervisiona todos os conteúdos publicados diariamente, mas faz um pouco de tudo, desde notícias, análises a vídeos para o nosso canal do Youtube. Gosta de experimentar todo o tipo de jogos, mas prefere acção, mundos abertos e jogos online com longa longevidade.

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