Se clicares num link e fizeres uma compra, poderemos receber uma pequena comissão. Lê a nossa política editorial.

Raised in Oblivion: Sobreviva ao Apocalipse no Rio de Janeiro

Um projeto brasileiro muito ambicioso.

Habitualmente, o Brasil é retratado pela mídia por seus lindíssimos cartões postais. É muito comum ver as lindas praias, os pontos turísticos, a felicidade radiante do povo e os costumes tradicionais, como o carnaval, ganhando destaque internacional. Rio de Janeiro e São Paulo estão sempre no topo da lembrança para quem vem de fora. Sim, o brasileiro tem orgulho de suas maiores metrópoles, mas o que deve ser levado em consideração é que o país tem proporções continentais. Os estados são tão extensos quanto países inteiros. Isso significa que diferentes tribos, estilos, classes sociais, costumes e religiões avivam um povo multicultural. É nessa "sopa de diferenças" que surge a First Phoenix, um estúdio de jogos independente encabeçado por Bannaker Braulio.

Um Brasil pós-apocalíptico

Bannaker iniciou sua história como modelador especializado em design de interiores. Mas, como ele era um grande consumidor de jogos, passou a testar, a princípio de curiosidade, algumas engines 3D para expandir seus conhecimentos como um generalista. Aos poucos, esta prática foi tornando-se cada vez mais comum. Assim, quando sua aptidão se tornou considerável, ele migrou de área, formando seu primeiro estúdio focado em produção de games com alguns conhecidos. Por conflitos internos, o primeiro projeto desta equipe foi descartado e o estúdio desmantelado, mas Bannaker não desistiu. Tempos depois, a segunda tentativa veio por sua própria ação, agora unindo forças com alguém que, desde a infância, era de sua confiança. Esta pessoa era nada mais, nada menos que Jhoniker Braulio - seu irmão. Assim nasce Raised in Oblivion, um projeto brasileiro muito ambicioso. A equipe, hoje, conta com 11 pessoas que estão espalhadas pelo Brasil e o mundo.

Conhecendo o Apocalipse

Cover image for YouTube videoRIO Raised In Oblivion - Mate ou morra (Teaser Trailer)

Raised in Oblivion trata-se de um jogo de sobrevivência em mundo aberto, lembrando muito as mecânicas de Day Z, mas a diferença, aqui, é que ele é situado na região da Praça Seca, na famosa cidade maravilhosa - o Rio de Janeiro. A história do jogo explica que o governo decidiu construir muros na região após não conseguir controlar o surto de uma doença que, até então, era desconhecida. A doença fez com que os humanos infectados perdessem, aos poucos, suas faculdades mentais, tornando-se em seu estado final um ser que consegue apenas reproduzir suas necessidades mais básicas, como a fome. Os infectados também têm um aumento de agressividade compulsivo, atacando qualquer um que esteja próximo. Para piorar a situação, assassinos permeiam a cidade em busca das suas próximas vítimas para poder tirar vantagem delas. Visando amenizar o caos, o governo brasileiro dá início a uma força tarefa nomeada de "Ordem", que são paramilitares contratados para conter a onda de homicídios.

O enorme muro de contenção da Praça Seca

Como explicado, o jogo levará os preceitos de jogos como Day Z, H1Z1 e Infestation: Survivor Stories, mas sob uma nova perspectiva. O foco agora é a realidade brasileira. RIO mostrará em detalhes as áreas urbanas que são pouco representadas nos games, então esqueça, por hora, as lindas regiões praianas frequentemente vistas na mídia. As famosas favelas estão presentes, mas o jogo exibe prédios, praças públicas, ginásios desportivos, construções inacabadas, ruas, vielas e muitos outros pontos fiéis quando comparados às fotografias das regiões reais.

As favelas estão presentes, mas elas não são os únicos locais urbanos disponíveis

A First Phoenix sempre buscou uma representação fidedigna, mesmo no início do desenvolvimento. O cenário foi deliberadamente escolhido pela equipe que possui conhecimento da área. A Praça Seca é na região Oeste, onde localidades costumam estar fixadas no meio de cadeias montanhosas, afinal, uma das principais pautas é provar que o Rio de Janeiro não é somente litorâneo. O foco do RIO é o modo sobrevivência, ou seja, o jogador terá que lidar com a fome, sede, fadiga, doenças e outros obstáculos no caminho. Inicialmente, o servidor suportará cerca de 70-100 pessoas simultâneas, mas as futuras atualizações podem reunir até 600 jogadores em apenas um servidor. Levando em consideração que, intencionalmente, o mapa será menor que o dos títulos semelhantes do mercado, o confronto acontecerá com muito mais frequente. Ainda sobre o confronto, a melhor perspectiva escolhida, sem dúvidas, foi a câmera em primeira pessoa, visto que o jogo está inclinado para o "close-quarters combat", ou combate de curta distância. É quase impossível perambular sem encontrar alguém no caminho.

Explore áreas residenciais, condomínios e prédios

O mapa por completo possui cerca de 12 quilômetros. Em um teste realizado pelos desenvolvedores, a travessia, correndo à toda, demorou cerca de 40 minutos em linha reta. Quando conferida, a interface mostrará as regiões e o nível de dificuldade delas. Para guiar a aventura, a bússola dirá a direção e localização atual. A diálogo também será indispensável no processo de posicionamento. Haverá um chat global integrado, mas os "radinhos", que é uma característica forte da comunicação entre criminosos na realidade, estará disponível apenas com patente mais altas, habilitando, assim, a comunicação por voz.

Aliados ou caminhante solitário?

No primeiro contato, todos os jogadores começarão de forma neutra. Mas, é certo que duas "facções" fazem parte do conteúdo final: os assassinos e os membros da Ordem. O jogador, em algum momento, terá que se posicionar em uma destas duas. Mas alertamos, a indecisão é sua pior escolha. Para melhor situar, vamos comentar um pouco sobre ambas:

  • Os assassinos são bandidos cruéis. Eles são implacáveis e qualquer um que entre em seu caminho pagará um preço alto. Os assassinos são independentes, individualistas, anarquistas em seu âmago. Eles geralmente andam sozinhos; mas, podem se unir em grupos para dominar regiões ou exterminar outro grupo de jogadores. Um assassino poderá progredir, escalando as dez patentes presentes até o topo, onde receberá o título de "Dono do Morro". Um ponto interessante sobre os assassinos é que em toda temporada um deles será nomeado como o melhor. Este, receberá uma skin única e exclusiva, sendo modelada de acordo com sua própria preferência, contanto que não viole nenhuma regra de conduta da First Phoenix.
  • A Ordem é um grupo paramilitar comandado pelo governo brasileiro. Seu objetivo principal é combater os assassinos e "instaurar a paz", na medida do possível. Este é um grupo mais cooperativo e organizado. Assim como os assassinos, haverá dez patentes. O jogador que alcançar a patente máxima receberá o título de Membro Oficial da Ordem. Mas não pense que eles são os mocinhos! Nada em RIO é preto no branco. Não há o bem e o mal. Tudo é um jogo de interesses.

Indiferente da facção que optar, algumas missões opcionais surgirão, sempre levando em consideração o seu aspecto moral. As missões, então, entram em cheque. Um assassino pode receber uma missão de transportar uma carga de narcóticos de uma região à outra. Caso tenha êxito em sua tarefa, receberá recompensas. No mesmo instante que o assassino recebe sua carga, membros da Ordem receberão a missão de interceptá-la; ganhando também recompensas caso tenham sucesso em sua missão. Resumindo, o confronto, mais uma vez, é incentivado.

Entrando de cabeça no Rio de Janeiro

Uma visão fiel das comunidades do Rio de Janeiro

RIO possuirá alguns recursos e mecânicas que causarão impactos consideráveis no desenvolvimento da caminhada do seu personagem, ou até mesmo no enredo. Tudo foi planejado para se adaptar à realidade brasileira. Por isso, explicaremos detalhadamente os features:

  • Enchentes: Muitas regiões do Rio de Janeiro sofrem graves problemas de saneamento básico. Em algumas partes do estado, tudo é muito precário e de péssimo planejamento urbano. Essa realidade terá seu reflexo, enchentes serão um problema direto a ser lidado no jogo. Elas se farão presentes em regiões geograficamente mais baixas, causando lentidão, doenças, cansaço e também deixarão os jogadores com fome e sede mais rápido.
Evite as enchentes
  • Narcóticos: O jogador poderá consumir alucinógenos para se beneficiar momentaneamente em algum atributo específico, mas, terá que pagar um preço bem alto. Entres seus efeitos colaterais estão a visão turva, movimentação desconcertada, mira instável, entre outros problemas.
  • Árvores de Habilidades: Elas serão anexadas à sua patente. Quanto maior a patente, mais habilidades serão desbloqueadas. O jogador poderá adquirir uma série de benefícios, como um melhor recuo das armas e movimentação mais dinâmica. Tenha em mente que fatores como o posicionamento, terreno e narcóticos afetarão diretamente o desempenho de suas habilidades.
  • Briga de Galo: Este recurso é baseado em notícias de acontecimentos factuais no Rio de Janeiro. O jogador poderá encontrar, eventualmente, as aves perambulando pelo mapa. Ao capturá-la, uma zona estará disponível para o mascote provar seu valor. É interessante ressaltar que o próprio jogador controlará seu galo durante as rinhas.
  • Áreas Seguras: Nestas áreas o confronto é proibido. Aqui, o jogador poderá encontrar NPCs que vendem armas, modificações para elas, skins e recursos diversos; um inventário global também estará disponível por lá; e claro, a interação com outros jogadores, que é essencial e necessária para disponibilizar as rinhas de galo.
  • Propriedade Privada: Embora ainda não haja construção, uma espécie de “housing” está implementado no jogo. Esse sistema permitirá que jogadores tomem casas e estruturas para si. As casas, por sua vez, disponibilizarão um inventário pessoal e ampliará o leque de modificações. Entretanto, outros jogadores poderão disputar e conquistar sua casa. O jogador terá que se prevenir de ataques.
A escuridão não é sua aliada
  • Dominação: Para muitos, uma pequena casa não é suficiente. Por isso, RIO disponibiliza regiões inteiras para serem dominadas. Qualquer um tem a liberdade de se reunir e reivindicar certas demarcações, personalizando-as de acordo com sua preferência. Grafittis, pichações, placas e bandeiras de times nacionais; tudo fica por conta de quem manda no pedaço. Mesmo quando assumimos o papel de assassinos individualistas, o trabalho cooperativo é essencial para a defesa do território.

De cartão postal ao pesadelo real

Cerca de 11-15 armas de fogo estarão disponíveis no lançamento. Snipers, rifles, pistolas e escopetas compõem o arsenal. Todas as armas de fogo foram baseadas em modelos reais utilizados, especificamente, pela polícia e traficantes cariocas (nascidos no Rio de Janeiro). Entre elas, estão: AK-47, FAL/PARAFAL, GLOCK, Magnum .357, G3, M4A1, M16, IMBEL IA2, Barrett .50, G3, Colt 32. Mas não é só isso, armas improvisadas e bizarras relatadas pela polícia brasileira estão sendo modeladas e, sim, estarão na versão final. A condição das armas também pode variar, o que afetará na aparência delas, como ferrugem e arranhões. Ah! Não podemos esquecer das armas brancas! Para quem prefere algo mais furtivo, esta é a pedida. Silenciosas, elas são ideais para enfrentar infectados sem fazer muito barulho e pegar oponentes desprevenidos.

RIO carregará consigo diversas paródias de marcas locais, incluindo igrejas, supermercados, forças táticas, cooperativas de transportes, times de futebol, comidas e bebidas. A comunidade tem um papel importante. Tudo está sendo moldado levando em consideração os pedidos realizados nos canais de comunicação da First Phoenix.

É válido destacar a parceria que os desenvolvedores fizeram com coletivos e marcas periféricas para obter conteúdo, por exemplo, a Soudcrime, Recayd Mob e Blakk Clout formam uma iniciativa que fornecem aos desenvolvedores músicas, trilhas, modelos fotográficos, grafittis e até mesmo roupas que irão basear a customização dos sobreviventes. O trap, rap e samba moldam a trilha do universo, mas o funk carioca também se faz presente. Dfideliz, forte persona da cena trapper local; e MC Lan, fenômeno do funk, são opções de personagens jogáveis.

O desafio de achar valores no meio de uma pandemia

O jogador terá que vasculhar as regiões para achar itens. Quanto mais perigosa for, melhores itens serão encontrados. A única forma de guardá-los é por meio do inventário global da safe zone ou na sua propriedade. Se o jogador morrer, perderá todos eles. Por isso, é melhor temer os infectados. Atraídos por som e visão, alguns deles são mais agressivos que outros. Nas partes mais densas, eles correrão. Vale reforçar: eles não são zumbis, mas sim humanos que portam uma doença, até então, incurável. Ao explorar o mapa, será possível ouvi-los gritando palavras lúcidas em desespero, como clamar por um familiar ou urrar de dor.

A estilização é um dos pontos de maior preocupação. Todos começarão com uma roupa básica, mas peças do torso, pernas, capacetes, óculos, luva e sapato poderão ser encontradas pelo mapa. As roupas, por sua vez, são inteiramente baseadas no costume de vestimenta de bandidos e forças tarefas locais. Uma das mais comuns é a camisa de times de futebol do Rio de Janeiro. Porém não se anime tanto! Se alguém te abater, dê adeus aos seus equipamentos.

O conflito está prestes a começar

Além do modo sobrevivência, o tão requisitado battle royale também está em vista, porém deve chegar pouco depois do lançamento. Além disso, a First Phoenix nos revelou que há uma grande chance do modo campanha se tornar realidade, mas a produção dependerá exclusivamente da aceitação do produto no mercado. Raised In Oblivion está em pré-venda e a plataforma escolhida para receber o título foi o Steam. Os que fizerem a compra antecipada receberão diversas bonificações, além disso, participarão do beta fechado 15 dias antes do lançamento oficial sem perder o progresso de suas respectivas contas.

Revisão por Jonathan Pinheiro

Cover image for YouTube videoRIO: Raised In Oblivion - 13 Minutos de Gameplay

Sign in and unlock a world of features

Get access to commenting, newsletters, and more!

Sobre o Autor
Jack Smith avatar

Jack Smith

Freelance Writer

Jack Smith é o correspondente brasileiro do EuroGamer / BrasilGamer, Morador do Rio de Janeiro, ele é responsável por trazer artigos, entrevistas, análises, cobertura de eventos e novidades do Brasil. Adora jogos de RPG, storytelling e experiências cooperativas.

Comentários