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Red Dead Redemption 2 e a arte da imersão

Obsessão sem igual.

Red Dead Redemption 2 já se encontra disponível nas lojas e a sua chegada permitiu-nos descobrir o resultado de oito anos de trabalho levado a cabo pela popular Rockstar Games - que mais uma vez decidiu seguir o seu próprio caminho.

Mesmo com as peculiaridades de um gameplay e controlos que não prescindem do toque Rockstar, Red Dead Redemption 2 é um glorioso triunfo do entretenimento interactivo, um daqueles jogos capazes de marcar uma geração, um autêntico fora de série.

Não é só no gameplay ou na forma como conta a narrativa, pausada e focada em diversos personagens em torno de um protagonista que é a tua perspectiva neste não tão velho oeste, que a Rockstar Games se mantém fiel a si mesma e até alheia ao resto.

A maior amostra do pedigree e do ADN da Rockstar Games está, mais uma vez, na forma como manuseia a arte da imersão - elemento tão importante num videojogo.

A paixão por experiências cinemáticas conciliada com uma inigualável obsessão pelo detalhe contribuem imenso para criar um mundo atmosférico no qual terás todo o gosto em te perder. Esse é um dos maiores trunfos de Red Dead Redemption 2 e devo confessar que é um pouco inesperado.

Todos sabemos que a Rockstar Games é conhecida por levar o detalhe para um novo patamar, que os seus jogos estão repletos de cidadãos envoltos no quotidiano, easter eggs e curiosidades que dão vida aos seus mundos abertos, mas a forma como consegue envolver-te neste mundo de rara beleza é surpreendente.

A Rockstar Games fez tudo para tornar até o mais banal dos cenários num possível momento para mais tarde relembrar, deixando uma imensa vontade por um Modo Foto mais abrangente. Desde o envolvimento cinemático, a obsessão pelo detalhe, um mundo aberto vivo e repleto de tarefas mundanas, a um excelente uso da iluminação, Red Dead Redemption 2 é um mestre na imersão.

Existem momentos magníficos.

Sei que toda esta bajulação poderá soar excessiva, mas a verdade é que frequentemente dei por mim parado a apreciar a forma como uma bela panorâmica é banhada por alguns raios de sol que escapam entre algumas nuvens e o mundo ganha profundidade. A Rockstar consegue até manipular a luz para esconder partes dos cenários com menos detalhe, com fontes de luz estrategicamente posicionadas, para tornar a cena mais atmosférica.

Acredito que muitos jogadores se perdem no mundo de Red Dead Redemption 2 não apenas porque querem encontrar um qualquer momento aleatório e totalmente inesperado que só podia vir da mente da Rockstar, mas também porque não conseguem parar de procurar mais belas paisagens neste mundo. Dá gosto cavalgar neste simulador de cowboys da Rockstar, dá gosto presenciar uma arte que vai muito além da qualidade gráfica e triunfa sustentada por uma conjuntura de factores meticulosamente preparados.

A forma como a Rockstar manipula a iluminação para tornar as cenas mais atmosféricas é algo sem igual.

Vivemos numa era em que os jogos vibram pela forma como conseguem surpreender graficamente, mas nem todos parecem entender que é preciso ir mais além, é preciso criar um envolvimento para acolher o jogador. Ao jogar Red Dead Redemption 2, recordei-me frequentemente de outros clássicos que conseguiram usar a imersão como uma arte, jogos como BioShock, Silent Hill ou The Legend of Zelda: Breath of the Wild que conseguem transportar-te para o seu mundo e deixar-te constantemente fascinado.

Jogos que podiam não ser os melhores no departamento gráfico, que podiam apresentar algumas falhas aqui e ali, mas que foram desenvolvidos com uma saudável atenção ao detalhe e cujos mundos comunicavam constantemente contigo de diversas formas. Mundos que recorrem a diversas ferramentas para te fazer sentir que viajaste para um local vivo, inesperado e vibrante em potencial.

A imersão, a capacidade de sentires que foste transportado para um mundo virtual, é uma arte e existem diversas formas de a interpretar, mas seja nos momentos inesperados, no sacrifício da agilidade do gameplay para maior autenticidade ou detalhe, se preferires, a Rockstar Games esforçou-se ao máximo para o tornar num trunfo.

Saint Denis faz-nos sentir que estamos já numa nova geração.

Red Dead Redemption 2 acaba por se tornar numa lição, uma que te ensina um delicado equilíbrio e onde usar filosofias como "menos é mais", como a obsessão pelo detalhe, mesmo os que vão passar despercebidos à grande maioria dos jogadores, permitem uma imersão verdadeiramente superior. A Rockstar Games é conhecida por levar as coisas mais além, mas aqui prova decididamente que ao investir esforço na qualidade triunfa incontestavelmente.

Existem imensos detalhes em qualquer cena de Red Dead Redemption 2 que nem vais conseguir reparar em todos e não faz mal, estão apenas lá para tornar o todo muito mais especial. Quando sentes isso, quando sentes a beleza de um local a ganhar vida como um todo, é a melhor forma de validar o esforço que esta equipa teve ao longo destes anos.

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Red Dead Redemption 2

PS4, Xbox One, PC

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Sobre o Autor
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Bruno Galvão

Redator

O Bruno tem um gosto requintado. Para ele os videojogos são mais que um entretenimento e gosta de discutir sobre formas e arte. Para além disso consome tudo que seja Japonês, principalmente JRPG. Nós só agradecemos.

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