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Meio ano depois Gran Turismo Sport está ainda melhor

Turbo autorun.

Quando a Sony lançou Gran Turismo na PlayStation nos últimos meses de 1995, as experiências de condução arcade ainda ocupavam um papel importante no género, muitas delas impondo-se facilmente perante os esparsos lançamento para consolas. Claro que havia outras soluções para computador, e as máquinas 32 bit começavam a receber algumas versões relevantes oriundas do PC, como Need For Speed. Mas a Polyphony Digital desenvolveu Gran Turismo, a peça que daria outra velocidade à engrenagem dos jogos de condução automóvel. Os dois primeiros jogos da série, em especial o segundo, asseguraram uma conjugação plena de vários domínios, pondo num só título carros desportivos de elevada performance, de grandes marcas, a par dos grandes bólides de competição em circuitos icónicos e imaginários.

Se até então as experiências automobilísticas eram um pouco fragmentadas, Gran Turismo combinava vários percursos dos jogos de condução num só. Abriu as portas para o futuro, ao mesmo tempo que seduziu os fãs pela qualidade dos visuais e estilo de condução, num misto arcade e simulação que não deixava ninguém indiferente. As edições posteriores de Gran Turismo só confirmaram a toada de crescimento, com uma quarta versão que anunciava um futuro ainda mais promissor. Depois de dois bons lançamentos na anterior geração, Kazunori Yamauchi e a Polyphony Digital debruçaram-se sobre o novo jogo da série para a actual geração.

Pesou o tempo de espera, sem causar mossa mas pairando a dúvida sobre o novo rumo. Só alguns anos depois do lançamento da PS4 foi mostrado fumo branco e a garantia de qualidade com que a PD brindava os fãs parecia então estar assegurada. Gran Turismo Sport foi lançado em Outubro do ano passado, ainda com muito calor nas pistas do hemisfério norte do planeta a justificar umas "hot laps". Mas a deriva do jogo, quase exclusivamente para o formato das corridas online, inquietou as hostes, onde militam alguns fãs de sempre, os mesmos que apreciavam o habitual modo carreira.

GT League é composto por um largo conjunto de provas, começando pelos carros menos potentes até às elevadas cilindradas e fórmulas.

Gran Turismo Sport parece ter sido lançado sob o signo das corridas online, da competição em pista alargada a jogadores espalhados pelo mundo, em percursos tão memoráveis como exigentes, a bordo de carros de marcas dominantes e populares do desporto automóvel, tudo devidamente aprovado pela FIA. Dos veículos do dia-a-dia até aos exigentes LMP1 de Le Mans. Pelo caminho perderam-se algumas excentricidades, como o segmento de condução do veículo na lua e a criação de corridas sujeitas à alteração de condições meteorológicas e passagem do tempo. É verdade que a PD emagreceu significativamente o conteúdo do jogo face à última entrega, mas revigorou a musculatura e afinou na direcção da competição, mais apertada e sob um quadro visual verdadeiramente majestoso. A condução melhorou imenso face aos anteriores jogos. Gran Turismo Sport proporciona mais agressividade e uma abordagem bem mais próxima da simulação do que dantes.

Apesar do foco na componente online, nem por isso a PD descartou uma série de desafios em lugar das licenças, levando os jogadores em jeito de reconhecimento pelos circuitos, que não sendo em grande número, são óptimas pistas e apresentadas com pompa e todos os detalhes relevantes (uma corrida em Nurburgring mostra-nos os chefes de posto de segurança segurando as bandeiras amarelas caso um carro saia de pista). A isso acrescem outros desafios, imprescindíveis para assegurar a licença definitiva de acesso às corridas mundiais, marcadas por novas regras de desportivismo.

Em Outubro de 2017, a Sony lançou um GT Sport robusto, competente e focado na competição. Talvez com menos alguns conteúdos que o habitual e uma ausência detectável no modo carreira. Contudo, o forte compromisso da PD em assegurar o cuidado necessário com a sua nova empreitada, levou-os a desenvolver uma série de actualizações. Seis meses depois do lançamento, chegamos a um ponto no qual são já visíveis grandes mudanças, em directa resposta aos insistentes apelos dos fãs.

Entre os bólides adicionados constam belezas como este colossal Jaguar XJ13 (Gr.X).

Gran Turismo é talvez a série de condução que revela uma apresentação de grande nível. Os menus minimalistas mas funcionáveis, as músicas de fundo, as imagens realistas - o modo "scapes" - e toda uma devoção automóvel, são detalhes únicos e reflexos de uma produtora que se esmera a cada novo capítulo. O primeiro update, lançado a poucos dias do Natal, colmatou a gritada ausência do modo carreira, introduzindo as tão apetecidas competições "single player", a tradicional GT League. Com ela juntaram-se dezena e meia de novos carros, alguns clássicos e antigos, entre monstros dos anos noventa, como o Ferrari F40, o último Ferrari lançado ainda em vida de Enzo Ferrari, o lendário criador da marca.

Só por aqui a PD acrescentou umas boas horas de jogo. Claro que há sempre um factor de nostalgia a apontar uma ausência destas, mas é conteúdo sempre bem recebido, que nos leva a melhorar, logo numa primeira fase, as habilidades de condução. Sensivelmente um mês depois, a PD voltou a reforçar o conteúdo do jogo, desta feita a 26 de Janeiro, pondo a pista de Monza ao serviço dos pilotos, enquanto assegurou outras variantes e percursos alternativos a algumas pistas existentes. É verdade que o número de circuitos presente em GT Sport não é particularmente elevado, mas inscreve algumas das mais importantes catedrais do desporto automobilístico. O reforço de peso provém de Monza, uma cidade que dista meia centena de quilómetros de Milão, em linha recta, e com ela vieram mais ângulos fotográficos enquadrados no sempre apetecível "scape mode", modo que também saiu reforçado com mais localizações e ambientes, em prol dos amantes da fotografia.

No final do mês passado, nova actualização, com mais uma dezena de novos carros, entre os quais alguns modelos icónicos como o Alpine A 110S, o De Tomaso Pantera, o Dodge Charger de 1970 e o modelo F1 Gran Turismo (F1500T-A), assim como o Toyota Supra 3.0 GT Turbo e o Toyota MR-2 GTS, estes últimos deliciosas fatias da década 1990. Em suma, uma combinação de alguns impressionantes motores e chassis de sempre, valendo pela sua utilidade em determinadas corridas, juntaram-se à nova configuração do circuito Blue Moon Bay.

Monza adiciona uma série de curvas irónicas como a longa parabólica e a extensa reta da meta. É usualmente a catedral da Ferrari.

Depois destas constantes actualizações, revelando uma preocupação por parte da editora em assegurar um apoio contínuo à experiência de GT Sport, temos um jogo não só bem mais alargado em conteúdos como incisivo na abordagem ao mundo automóvel, apostando em detalhes, carros e eventos que marcaram gerações de entusiastas, muitos dos quais em contacto com o jogo. O reforço da GT League recuperou a base da série e devolveu a GT Sport o estatuto de uma experiência também "single player", que lhe deu o mérito de partida há 22 anos. Há um factor nostálgico nestas corridas, uma herança em revista, mas que enforma e releva na forma como a PD adaptou o seu jogo de corridas para a actual geração de consolas, com cuidado e uma apresentação indelével.

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