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Xbox One X - O restart da Microsoft

Começou mal a geração. Será que consegue terminar bem?

A Microsoft não entrou na actual geração de consolas com o pé direito. Ainda me recordo bem daquela conferência desastrosa na E3 2013, na qual a Microsoft anunciou os planos para lançar uma consola sempre online e que dificultava imenso a simples partilha de jogos. A Microsoft foi rápida em renunciar os seus planos e a voltar atrás no que tinha anunciado previamente, mas os estragos estavam feitos e a desinformação espalhou-se rapidamente entre os consumidores. Piorando a situação, a consola estava agarrada ao Kinect, o que a tornava mais cara e menos poderosa do que a sua rival directa. Efectivamente, isto permitiu que a concorrência ganhasse uma grande vantagem sem, efectivamente, fazer nada especial.

Numa questão de meses, o Kinect deixou de estar incluído na Xbox One, o que permitiu à Microsoft rivalizar, em termos de preço com a concorrência, no entanto, o mal já estava feito e desde então que a Microsoft tem corrido atrás do prejuízo. A Xbox One X, a consola mais poderosa desta geração, é um novo capítulo para a marca e que deixa para trás as controversas decisões do passado. É uma forma da Microsoft dizer que está no mercado das consolas para ganhar e que não vai simplesmente desistir. É também uma forma de agradar aos jogadores mais hardcore, uma clara mudança de filosofia face ao início da geração, em que a Microsoft se focou demasiado no Kinect e outros aspectos da Xbox One (como a aposta em filmes e séries de televisão).

Quais são as capacidades da Xbox One X?

A Xbox One X é uma versão muito mais poderosa do que a Xbox One normal. É praticamente uma nova consola, mas que é compatível com todos os jogos lançados anteriormente, não dividindo assim a base instalada de jogadores. A consola vem preparada para as televisões 4K, mas também tem benefícios para as televisões 1080p, portanto, adapta-se aquilo que o utilizador tem (há até suporte para resoluções intermédias como 1440p). Igualmente importante é o suporte para HDR. A Xbox One S já tinha suporte para esta tecnologia e faz uma grande diferença na qualidade de imagem. O HDR, abreviatura de High Dynamic Range, é um método para representar as imagens com mais precisão, principalmente em áreas muito escuras e muito claras.

A diferença entre a resolução 4K e 1080p.

Será que a resolução e o HDR fazem diferença nos jogos? À medida que a resolução for aumentando, a diferença será cada vez menor. Dito isto, há melhorias evidentes a olho nu na transição para a combinação 4K / HDR. Em Call of Duty: WWII, Forza Motorsport 7 e Gears of War 4, três dos jogos que mais experimentei na Xbox One X, a diferença é imediatamente visível. A imagem é mais nítida graças ao aumento na resolução, o HDR dá uma maior naturalidade às cores e iluminação, e por fim, o poder extra da Xbox One X permite ter melhores texturas e efeitos visuais. Por enquanto, nem todos os jogos são compatíveis com a Xbox One X, mas a lista actual é respeitável e tem variedade.

4K / 30 fps vs 1080p / 60 fps

Alguns títulos com suporte para a Xbox One X, como Gears of War 4, oferecem aos utilizadores duas opções de desempenho. Neste caso, é possível optar por um modo de qualidade, que aumenta a resolução para 4K mas mantém a fluidez nos 30 fotogramas por segundo, ou pelo modo que mantém a resolução 1080p (a mesma da Xbox One normal) mas aumenta a fluidez para 60 fotogramas por segundo. Ambos os modos são viáveis e depende da preferência do utilizador. Os 60 fotogramas por segundo são melhores para a jogabilidade, enquanto que a resolução maior beneficia quem quer um espectáculo visual.

O ideal seria que todos os jogos tivessem esta opção, mais concretamente aqueles que não conseguem atingir os 60 fotogramas por segundo enquanto mantém a resolução 4K (Forza Motorsport 7 é um dos raros casos que consegue fazer as duas coisas), mas tal não acontece. Dito isto, não há como negar a grande conquista da Microsoft com a Xbox One X. É verdade que nem todos os jogos correm nativamente a 4K, mas em todos os casos, a Xbox One X consegue superar o desempenho da PlayStation 4 Pro. Isto é um marco importante para a Microsoft. Até agora a Xbox One era a consola caseira menos poderosa (a Nintendo Switch é um caso à parte). Com a Xbox One X, os lugares invertem-se. Quem tem a consola mais poderosa é a Microsoft.

Por 499 euros, não há desempenho igual

O 4K nos videojogos não é novidade. Já há algum tempo que é possível jogar a 4K num PC. O que é novidade na Xbox One X é a relação entre custo e desempenho. Por 499 euros, não há nada que consiga oferecer o mesmo desempenho. Efectivamente, a Xbox One X torna o 4K mais acessível às massas. Sim, é mais cara do que uma PlayStation 4 ou Xbox One normal, mas trata-se de tecnologia relativamente recente. Há que levar em conta que uma consola destas tem que estar ligada a uma televisão 4K com suporte para HDR. Não é um requisito obrigatório, mas se queres tirar partido máximo das capacidades da Xbox One X, é a única alternativa. Se ainda não tens uma televisão 4K, podes conferir as nossas recomendações aqui.

Cover image for YouTube videoXBOX ONE X - UNBOXING

"Uma consola destas tem que estar ligada a uma televisão 4K com suporte para HDR"

Design compacto e funcionamento silencioso

A vitória da Xbox One X não está apenas na relação entre custo e desempenho. O design é impressionante. Quando digo isto, estou a referir-me ao tamanho compacto da consola, a mais pequena já alguma vez lançada pela Microsoft. O que é mais impressionante, é que a Microsoft ainda conseguiu meter a fonte de alimentação dentro da consola (já o tinha feito com a Xbox One S, mas recordem-se que Xbox One é mais poderosa). Como é que a Microsoft conseguiu fazer uma consola tão poderosa e compacta sem problemas de aquecimento? A resposta está no sistema de refrigeração. A Xbox One X inclui um sistema de refrigeração com vapor líquido, semelhante a sistemas já implementados em placas gráficas de ponta. Não é revolucionário, mas é mais eficaz do que o sistema tradicional. Resta dizer que a consola é surpreendentemente silenciosa.

Retro-compatibilidade com vantagens

A lista de jogos "Enchanced" para a Xbox One X também inclui títulos da Xbox 360. A retrocompatibilidade é uma das melhores funcionalidades da Xbox One e sem igual na concorrência. Com a Xbox One X, essa funcionalidade fica ainda melhor. Os títulos Enhanced da Xbox 360 ganham com a Xbox One X um visual mais apurado e com melhor qualidade. É quase como se fossem uma remasterização. Um dos melhores exemplos é Halo 3. Nota-se claramente que é um jogo datado e com uma camada de anos em cima, mas a melhoria feita para a Xbox One X tornam-no mais agradável visualmente. Infelizmente, a lista de jogos Xbox 360 melhorados para a Xbox One X é ainda muito curta, mas existe sempre a possibilidade de ser expandida no futuro.

Vale a pena comprar a Xbox One X?

Se tens uma televisão 4K e queres jogar com a melhor qualidade possível, sem teres que montar um PC caríssimo para jogar, a resposta é a afirmativa. A Xbox One X é precisamente uma consola para aqueles que querem o melhor sem abandonar o conforto das consolas. No que toca a desempenho, qualidade de imagem e funcionalidades, como a retrocompatibilidade, a Xbox One X é a melhor opção, já para não falar que vem com um leitor Blu-Ray UHD, algo que a PlayStation 4 e PlayStation 4 Pro não têm.

" A Xbox One X é uma consola para aqueles que querem o melhor sem abandonar o conforto das consolas"

No que toca a exclusivos, a Xbox One tem títulos exemplares como Forza Motorsport 7, Gears of War 4, Quantum Break e Cuphead. Para o ano estão reservados jogos como Crackdown 3 e Sea of Thives. Cancelar Scalebound enfraqueceu o catálogo da consola, e de facto, a Microsoft tem falta de estúdios internos e de novas propriedades intelectuais, algo que só poderá ser corrigido com tempo e que Phil Spencer já prometeu reforçar. No entanto, a Microsoft parece mais empenhada do que nunca em captar o interesse e confiança dos jogadores. O lançamento da Xbox One X é uma prova concreta dessa intenção.

Portanto, depois de um mau começo de geração com alguns trambolhões, a Microsoft recuperou a concentração e parece ter redescoberto a mesma vontade de triunfar que estava desaparecida desde a Xbox 360. A concorrência é mais forte do que nunca, mas agora que tem a consola mais poderosa, a Microsoft só tem que continuar a apostar nos jogos, a melhorar os seus serviços e ofertas, e a ouvir o feedback dos jogadores.

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Sobre o Autor
Jorge Loureiro avatar

Jorge Loureiro

Editor

É o editor do Eurogamer Portugal e supervisiona todos os conteúdos publicados diariamente, mas faz um pouco de tudo, desde notícias, análises a vídeos para o nosso canal do Youtube. Gosta de experimentar todo o tipo de jogos, mas prefere acção, mundos abertos e jogos online com longa longevidade.

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