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Golf Story - Análise

Cumprir um sonho de criança.

Eurogamer.pt - Recomendado crachá
Missões que se resolvem com uma pancada numa bola de golfe, um mundo pixel-art marcante e situações inusuais. Uma experiência agradável.

É longa a tradição do golfe, enquanto modalidade desportiva, nas consolas da Nintendo. A juntar ao Golf, título desenvolvido para a NES ainda na década de oitenta, a linha Mario Golf como produção da Camelot Software é uma das mais conhecidas, desde o primeiro jogo lançado para a Nintendo 64 em 1999, até ao recente Mario Wolf: World Tour, desenvolvido para a portátil 3DS, em 2014. Não é por isso uma absoluta novidade encontrar um novo jogo da modalidade em exclusivo para a Nintendo Switch. Ao lançar Golf Story, a Sidebar Games oferece uma visão um pouco diferente das produções autenticadas pela Camelot. Desta vez estamos perante uma aventura de role play em 2D isométrico, na qual o protagonista pretende alcançar um lugar cimeiro no plano desportivo, mesmo depois dos tropeços logo ao começo.

Golf Story é ao mesmo tempo um jogo com uma arte que nos lembra os Mario Golf da Game Boy Color e simultaneamente outros títulos 16 bit como Earthbound e até mesmo The Legend of Zelda, numa estética pixel-art deveras contagiante. Depois de uma trajectória no género marcada pela Camelot, encontramos agora uma produção independente, refrescante e valiosa. Ao promover um jogo de golfe que é também uma aventura em formato role play, a narrativa tornou-se num dos pontos centrais da experiência, a juntar a uma série de boas ideias.

Os primeiros momentos de Golf Story podem causar alguma desorientação. Essencialmente podemos percorrer o mundo de forma livre, conversando com os npc's que encontramos. Mas alguns apresentam um balão de conversa, o que significa algo de relevante, eventualmente conexo com a progressão. Como acontece com outras pessoas, também o protagonista ficou maravilhado, quando ainda era um petiz, com o mundo do golfe. Acompanhado pelo seu pai, aprendeu algumas técnicas, mas nunca as desenvolveu de forma suficiente, nem sequer pôde contar com um treinador à altura. Alguns anos depois, pretende concretizar o sonho de criança e, para isso, aventura-se no mundo do golfe, começando por treinar numa escola para praticantes, na cidade chamada Wellworn.

A estética pixel-art é deveras convincente, bem como a aventura.

O ritmo narrativo é gradual, mas os diálogos são muito interessantes. Para além do carácter das personagens, alguns dizem coisas incríveis, o que ajuda a tornar os diálogos mais agradáveis. As situações invulgares e insólitas também acontecem, desde praticantes nas ervas à procura de uma ajuda para chegarem ao buraco, até um bando de rufias que impedem os praticantes de exercer a sua modalidade.

Depressa percebemos que as habilidades da personagem evoluem de forma gradual, determinadas por uma distribuição dos pontos por nós definida, consoante o interesse em desenvolver certas valências. Da precisão, à força, vários parâmetros podem ser melhorados, o que se reflecte na prestação quando partimos para os relvados. Estes pontos são obtidos mediante o sucesso das pancadas certeiras, o que acarreta não só a obtenção de experiência mas de dinheiro indispensável para comprar uma data de coisas, nas casas para o efeito. Efectivamente, esta é uma aventura na qual a exploração é premiada sob a forma de situações novas, diálogos, e um chorrilho de missões principais e secundárias. Não só seremos chamados a participar em torneios e provas de maior dimensão como teremos pela frente pedidos e "quests" das personagens que encontramos, sendo fundamental tomar uma participação activa, ainda que nos seja permitido transitar entre "quests".

Existem oito grandes ambientes passíveis de exploração. As áreas são grandes e integram diversos campos de golfe. Por isso, a riqueza maior deste jogo nem é tanto a actividade do golfe, mas a envolvente componente de exploração que lhe está associada. Em todas as áreas encontramos uma série de casas, lojas e até zonas secretas, algumas só acessíveis através da resolução de puzzles. Na prática cada localização oferece novos desafios e situações que urge resolver. Se formos eficazes não só promovemos uma melhoria das nossas habilidades como tornamos um pouco melhor aquele mundo que sendo caricato e promotor de situações humorísticas é também sinónimo de esmero e atenção ao detalhe.

Só para lembrar

De frisar que o sistema "rumble" da Switch é permanentemente convocado, mesmo em situações de diálogo, o que serve quase de alerta para o que é transmitido, uma forma de dar sublinhado às palavras como quem dá uma cotovelada. A técnica do golfe é muito simples e ao mesmo tempo desafiante. O sistema para dar uma pancada tem décadas e envolve três momentos: um para activar a pancada, outro para definir o alcance e um último para conferir precisão. Os tacos podem ser alterados e também podem mudar para um sistema que atribui maior precisão.

Estes aspectos podem ser alvo de controlo, mas há que ter em conta mais factores que de forma directa podem interferir nas tacadas, nomeadamente o vento, obstáculos e forma do relvado. Tudo isso tem interferência e pode afectar o desfecho da jogada. De um modo geral, o golfe aqui praticado é bastante consistente e desafiante para nos manter ligados com interesse. Talvez mais algumas opções pudessem ser contempladas, mas como está segue uma toada mais arcade, que é também acessível para quem esteja a começar.

Embora seja uma experiência predominantemente individual, uma aventura em moldes de um role play, Golf Story pode ser partilhado com um outro jogador, relegando um Joy-Con para o adversário, a partilhar num dos campos. Mais relvados ficam disponíveis à medida que progridem na aventura, oferecendo diferentes configurações e buracos, bem como mais obstáculos e os sempre temíveis cursos de água.

Cover image for YouTube videoGolf Story Reveal Trailer

Em conclusão, Golf Story é uma das melhores propostas indie à vossa disposição na eShop da Switch. Uma aventura que role play que apresenta algumas equiparações com alguns clássicos de Mario Golf, mas ao mesmo tempo diverge pela sua estrutura e narrativa. Não é um jogo que estabelece um padrão ou se torna numa referência para o género. Mas vale sobretudo pelo brilho e narrativa, um tanto diferenciada do que encontramos até aqui. Um jogo equilibrado, que mesmo não sendo deslumbrante, se destaca pela exibição de um grafismo retro e pixel art muito convincentes.

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Sobre o Autor
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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.

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