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Everybody's Golf - Análise

Todos podem jogar.

Eurogamer.pt - Recomendado crachá
Uma experiência cativante, acessível e plena em desafios. O golfe não tem que ser monótono.

Everybody's Golf é uma série que detém vasto currículo nos sistemas PlayStation, à semelhança de Gran Turismo. O primeiro título data de 1997, mas curiosamente, o meu primeiro contacto com este divertido jogo de golfe, só aconteceu por ocasião do lançamento da PlayStation 3. Após criar uma conta japonesa, comecei por sacar a demonstração de Gran Turismo, seguindo-se a demo de Everybody's Golf 5. O seu ritmo arcade, desafiante, de comandos simples, para quase toda a família, foi como uma agradável surpresa. Sobretudo a boa execução das pancadas e aquele ajuste de última hora para se enviar a bola na direcção pretendida quando os ventos sopram com mais força. Os campos limpos, pulverizados de cores, a sensação de liberdade e leveza colmataram a experiência.

O golfe é uma das modalidades desportivas mais relaxantes e só lamento não ter aproveitado uma oportunidade para me tornar num praticante amador. Mas talvez um dia destes dê experimente num relvado a sério, só para perceber melhor as sensações. Para começar a treinar, conhecer profundamente as regras e desenvolver as melhores técnicas, o novo jogo da série para a PlayStation 4, quatro anos depois de EG 6, perfila-se como uma das melhores opções do género, senão a mais projectada para singrar enquanto jogo de golfe em mundo aberto, que é na realidade o que sucede com esta nova engrenagem.

O abandono da numeração no título sugere um desfasamento, uma alteração na estrutura do jogo, sem abdicar da imagem e design que permaneceu ao longo de quase duas décadas. Interessante a manutenção da nipónica Clap Hanz como produtora, a cargo do desenvolvimento de todos os jogos com excepção do primeiro. Torna por isso esta evolução muito mais natural, como um novo capítulo, uma nova página enquanto mantém grande parte dos atributos por que se notabilizou até aqui.

Leva algum tempo até chegarem aos melhores campos, com mais obstáculos.

Sendo este um jogo mais para todos do que para um nicho, desde o primeiro instante que se vislumbra o afastamento das coordenadas que fazem os simuladores. É um jogo mais na linha de um Mario Golf ou Neo Turf Masters (ainda hoje uma excelente opção) de tendência arcade, embora sem entrar no capítulo do sobrenatural, com pancadas e efeitos colossais, apostando antes numa toada mais realista e técnica, o que significa alguma complexidade depois de percorridos os níveis iniciais, acessíveis, de aprendizagem e adaptação. O que vem adiante é a conciliação da vertente técnica, algo que deixará os amantes da modalidade satisfeitos, podendo aplicar os conhecimentos e prática em campos onde se projectam maiores desafios, com o mundo do golfe, como um circuito internacional, agregado no mesmo "hub".

Esta segunda componente do jogo, marcada pelo editor que nos permite personalizar o jogador, participar em torneios, percorrer muitos campos e desafiar rivais, não só na vertente single player como online, fomenta a prática desportiva e acrescenta relevo, no fundo a identidade do jogo. A apresentação é muito eficiente, fomentando bom ambiente e cuidado, especialmente nos detalhes relevantes, como os campos, as ondulações do terreno, os obstáculos, a erva alta e erva aparada e os riachos que cortam os verdes claros. Graças ao extenso editor, as personagens são muito diferentes, exibindo particularidades que as distinguem facilmente.

Vale a pena perder tempo com o editor, a determinar o tamanho da nossa personagem, cor de pele, sexo, aspecto, mais alta ou baixa. Não faltam opções e no final o resultado pode até ser bastante hilariante. De todos os jogos lançados, este é o mais estimulante, visualmente, e mesmo sem atingir gráficos ultra detalhados, não precisa deles para criar um ambiente festivo e relaxante. Ao começo perdem algum tempo naqueles diálogos um pouco enfadonhos, embora perceba que essenciais para receber quem chega, mas podiam ser um pouco mais abreviados. Ao fim de alguns minutos saltam para os primeiros torneios e aqui é que o jogo começa a ficar interessante.

A escolha da indumentária é do vosso critério.

O sistema de pancadas é basicamente uma recuperação das iterações anteriores, o que significa um lançamento em através de 3 toques: um para a partida, outro para determinar a potência e um último para acertar na bola, no fundo o momento de maior precisão. O ponto certo para a pancada ideal é um indicador vertical assinalado na barra, só que para conseguirem ouvir o som metálico da perfeição, terão que ser muito precisos e nem sempre esse golpe é atingido à primeira. Nalgumas pancadas direccionei mal e bola e acabei por enviá-la para o charco.

Existem outros factores a ter em conta, como os efeitos a dar na bola, através de uma pressão no d-pad em qualquer direcção. Isto é relevante para vencer as ondulações do terreno e até a direcção do vento, quando sopra mais forte. Tudo isto é tão bem explicado e acessível que rapidamente nos acostumamos ao sistema, avançando entre os rankings e os primeiros torneios com alguma facilidade. Embora o grau de dificuldade seja bastante baixo nesta fase, há-que dizer que custa um pouco até o jogo arrancar. À semelhança de um jogo de role play, a nossa personagem acumula pontos e experiência ao vencer os torneios, para lá das moedas amealhadas, com as quais pode adquirir equipamento, sobe de nível, tendo acesso a mais desafios e novos campos.

A eficiência com os tacos é outro factor a considerar no desenvolvimento da personagem. Se forem bons com um taco para pancadas distantes, ficarão mais habilitados a usá-lo para pancadas futuras. Esses tacos passarão a ser utilizados como predefinição e ficarão mais perto do buraco ao fim de duas pancadas (desde que sejam certeiros), podendo concretizar uma preciosa vantagem sobre os adversários. Enquanto jogam, os adversários circulam pelo campo e antecipam-se. É vê-los a jogar enquanto corrigem a câmara ou escolhem o taco para a pancada. Claro que são apenas corpos fantasma, mas isto promove uma ideia de competição, para além do preenchimento do espaço. Aqueles adversários existem e estão lá.

Quando o golfe falha, sobram os carros.

Já os desafios vs, contra um rival, podem ser um pouco mais demorados, sendo obrigados a assistir a todas as suas jogadas. Contando com um campo composto por nove buracos, isto pode ser muito demorado e penoso. Pena que não haja uma opção para passar adiante quando chega à vez do adversário controlado pelo computador. Por isso é que a primeira fase do jogo é muito demorada. Acabam por repetir os mesmos torneios, enfrentar muitos adversários directamente, antes de abrirem todos os campos, que é quando o jogo propriamente dito começa. Nessa fase poderão acusar algum desgaste, depois de algumas horas muito repetidas, mas vale o esforço, sobretudo pelas particularidades dos campos e do grau de desafio.

Mas se a componente individual apresenta este começo em modo lento, já a estrutura online, assente num jogo de golfe em mundo aberto, apresenta mais opções, como os torneios diários, acrescendo a isto uma agregação muito eficaz dos jogadores. É quase um serão de domingo à tarde passado ao ar livre, através de umas tacadas e nos intervalos dos buracos a conduzir o pequeno bólide no transporte do saco para a próxima paragem. Não faltam torneios e competições. A pensar num embate entre equipas, os produtores criaram as "turf wars". Sai como vencedora a equipa que tiver mais pontos obtidos pelas somas individuais dos jogadores. Esses pontos são obtidos por uma escolha feita por critério do jogador, sobre que buraco atacar. Uma ideia interessante e sobretudo eficaz.

Everybody's Golf marca uma boa estreia na PS4. A Clap Hanz há muito que nos habituou a produções convidativas, mas desta vez esmerou um pouco mais os processos e o que temos diante é um jogo mais desenvolvido e tentador, especialmente na sua componente online. Ao começo a ilha é um espaço algo limitado, mas assim que abre e recebe mais torneios e actividades (poderão pescar enquanto aguardam pelo próximo torneio), a expansão dá lugar a novos e interessantes desafios. Não é o golfe mais radical, nem vestem a pele do Tiger Woods antes da ruína, encontram um ponto intermédio com todas as coordenadas do golfe e aquele efeito arcade de alguns clássicos como o Neo Turf Masters. Quem sabe não partem daqui para um campo de golfe a sério.

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Sobre o Autor
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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.

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