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Hey! Pikmin - Análise

Na sombra dos originais.

Preserva alguns elementos de Pikmin, mas na adaptação perde-se o brilhante design e o carisma que deram relevo à obra de Miyamoto.

Pikmin foi um dos jogos de lançamento da GameCube e mais uma das "invenções" de Shigeru Miyamoto, que desde sempre gostou de cuidar do jardim da sua casa, acreditando que podia, a partir desse contacto com a natureza, transportar algumas ideias para a produção de videojogos. Não é difícil ver o jogo original como um produto de um certo imaginário infantil, ao pensarmos na sobrevivência quando somos do tamanho de uma formiga ou de um pequeno insecto que pousa sobre uma planta. Uma poça que de repente ganha dimensão de um lago ou uma folha capaz de custar uma casa às costas. Como o mundo se altera consoante o nosso tamanho.

Miyamoto cumpriu esse desiderato, oferecendo não só uma experiência apelativa em design, muito bem construída, mas simultaneamente expansiva e desafiante. A sequela renovou a ideia, e já recentemente, uma nova edição Wii U de Pikmin acrescentou mais pureza e frescura. Não sendo porventura das produções mais populares, o jardim de Miyamoto tem reservado um espaço entre os jogos mais originais da Nintendo. Quando soubemos da criação de um novo jogo da série, pela mão da Arzest, para a 3DS, ficámos de pé atrás, crescendo algumas das nossas reservas para a viabilidade de uma produção francamente amparada, ao deixar cair algumas das melhores qualidades, nomeadamente a profundidade e dimensão dos espaços tridimensionais.

Hey! Pikmin destitui-se de grande parte do brilho e charme dos originais. Ao definir uma perspectiva side scroll, o jogo esvazia-se daquela riqueza luxuriante, a beleza dos espaços naturais, cuja profundidade tridimensional assumia relevância não só enquanto objecto como era importante em termos de design enquanto jogo de estratégia. Este afastamento torna o jogo mais simples, acessível e imediato, até para um público mais infantil, mas não preserva o encanto dos originais e com isso fica a perder, não obstante a adaptação à 3DS.

Os pikmin trabalham em equipa e são rápidos nas suas tarefas.

Conduzido por força de um evento imprevisto a um novo planeta distante, Olimar (o eterno capitão) terá que reunir 30 mil sementes Sparklium, o combustível necessário para pôr em funcionamento a sua nave intergalática. Este conteúdo existe no planeta enquanto matéria prima, podendo ainda ser obtido a partir de objectos aparentemente produzidos por humanos. Tudo conta nesta tarefa hercúlea e por isso os puzzles sucedem-se. Olimar não está só e será acompanhado pelas pequenas criaturas Pikmin, todas com cores diferentes e habilidades, que de imediato respondem à chamada mal recorremos ao apito.

Controlando Olimar através do analógico esquerdo, numa movimentação para a esquerda ou direita, e por via do jetpack para atravessar pequenos abismos, o comando dos Pikmin opera-se por via do stylus, uma opção elegante e acessível, mas que depressa revela os seus limites, quando percebemos que podemos lançar as pequenas criaturas para pontos elevados, tocando neles. É um sistema bem simples que facilmente nos transmite conforto, mas ainda assim muito distante da profundidade dos originais. Desde logo porque os perigos provocados pelas criaturas maiores, apesar de existentes, são contornados com alguma facilidade. Basta lançarmos um bom número de Pikmins sobre a sua cabeça para que sejam neutralizados. A parada segue em frente.

Infelizmente, o design do original perde-se e sem ele grande parte do encanto da obra.

Outras vezes as pequenas criaturas fabricam pontes, transportam peças e resolvem até alguns quebra-cabeças sob as nossas instruções. É importante ter em conta as cores e as habilidades deles: os vermelhos lidam com o fogo, enquanto os azuis sentem-se como peixe na água. Os amarelos lidam com electricidade, enquanto que os pretos quebram superfícies como vidro. Já os rosa, se os projectarmos, voam e alcançam plataformas ainda mais elevadas. Face a este esquema de possibilidades, a abertura dos níveis a caminhos alternativos e áreas secretas favorece a exploração e premeia os jogadores mais afoitos. O resultado é uma obtenção mais rápida de Sparklium, ainda que demore muito até atingirem o valor pretendido.

Existem algumas formas de obter adicionalmente mais combustível, através dos tesouros escondidos em áreas adicionais, onde ficam alojados temporariamente os Pikmin. Mas apesar desta diversidade, é impossível não sentir os limites e a imensa linearidade das áreas. Enquanto que nos originais a perda dos pequenos ajudantes era muito mais constante, aqui isso não é tão óbvio e todo o design está bem mais condicionado, assente num esquema que se repete. É uma produção de escala reduzida, um jogo modesto por comparação, e isso reflecte-se na dimensão do desafio, mais curto. Pessoalmente continuo a preferir os originais e a recomendar a versão Wii U, se ainda não a jogaram. Hey! Pikmin é um jogo mais dispensável, uma produção de nível intermédio, que não nos conquista mas que também não sabe assim tão mal. O problema é que perante tanta oferta para uma consola como a 3DS, existem actualmente propostas bem mais tentadoras.

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Hey! Pikmin

Nintendo 3DS

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.

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