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Splatoon 2 - Análise

Roll on.

Eurogamer.pt - Recomendado crachá
Splatoon 2, apesar da sensação de familiaridade, volta a encher os depósitos de tinta. Sólido shooter, desafiante, criativo e duradouro.

Quatro meses depois do lançamento da Nintendo Switch, a nova plataforma híbrida da Nintendo prepara-se para receber Splatoon 2, a sequela de um jogo originalmente lançado na Nintendo Wii U (Maio 2015). Splatoon destacou-se pela originalidade do design e pela frescura com que abordou o modelo dos "shooters", um pouco como Mario Kart entre as experiências arcade de condução automobilística e, mais recentemente, com ARMS entre os "fighting games". Tendo inevitáveis ligações e influências dos "shooters", Splatoon conseguiu surpreender apesar das inevitáveis aproximações, mostrando-se como uma proposta refrescante, com os seus argumentos e regras.

Quase ao mesmo tempo, tanto Splatoon como Arms integram o que se pode chamar de produções de uma nova geração a subir cada vez mais, na Nintendo. Muito ligada a produtores emblemáticos que moldaram e atribuíram o carisma à companhia que é hoje (o seu ADN criativo perdurará), como Miyamoto, Aonuma e Koizume, há uma nova geração de produtores, constituída por figuras emergentes, entre os quais emerge, por exemplo, Kosuke Yabuki, o produtor de ARMS. Essa geração tem vindo a liderar as novas propriedades intelectuais e isso permite uma subida de nível não só deles mas da companhia, concretizando uma passagem de testemunho tão necessária quanto vital para manutenção dos estúdios, no futuro.

A sequela de Splatoon não é uma surpresa na Switch, considerando que apesar do insucesso da Wii U foi, ainda assim, um dos jogos mais valorizados, apreciado tanto pelos jogadores como pela crítica. Retirar esse mérito ou não aproveitar uma oportunidade para chegar a mais público mais vasto seria errado e porventura retiraria a margem de propensão para o sucesso da franquia. Tal como ARMS apresentou um conceito diferenciador no sistema de combate, também Splatoon se afasta de alguns princípios basilares nos shooters, numa consolidação de ideias definidas. Desde logo porque é mais importante pintar território que atacar os rivais, sendo esse o conceito-chave do jogo.

Os jet pack asseguram o domínio aéreo mas tornam-se numa presa fácil.

A partir desta ideia forma-se um dos jogos mais divertidos, na medida em que o tradicional sangue ou gritos de morte dão lugar a batalhas com jactos de tinta e uma espécie de combate de guerrilha, onde quase se ouve o marulhar dos líquidos quando os "inklings" se transformam em lulas, descendo depressa e quase imperceptíveis sob o fluxo libertado pela sua arma, enquanto reabastecem o depósito e readquirem forma humana na tentativa de surpreender o adversário. É esta faceta genuína e fascinante de Splatoon que nos desperta desde o primeiro instante, quando começamos a subir de nível nas designadas Turf Wars ou a escalar as diversas áreas que integram a componente para um só jogador.

Desenhar uma sequela sem conferir uma sensação de familiaridade é quase impossível, do mesmo modo que se torna mais difícil replicar a sensação de frescura e originalidade que trouxe Splatoon no começo do verão de 2015. Apesar de brotar da mesma espécie, Splatoon 2 melhora muitos dos aspectos do original e no geral é um jogo superior, ainda que não desprovido de uma sensação de familiaridade, que no entanto poderá agradar aos fãs mais acérrimos do primeiro.

Uma preocupação da Nintendo nesta sequela passou por equiparar a vertente a solo ao multiplayer, acrescentando mais conteúdo. Se não na mesma medida, pelo menos através de um reforço apreciável. A campanha de Splatoon não era muito longa e foi na base do multiplayer que o jogo cresceu, ganhou audiência e notoriedade. Desta vez, talvez não seja bem assim a pender só para um dos lados. Nos dois anos que entretanto decorreram, a equipa acrescentou ainda mais desafios a uma campanha entusiasmante mas com margem de progressão moderada. Dando todo o significado aos combates online, desta vez a vertente a solo dirá muito mais aos fãs e será bem recebida pelos novos jogadores, servindo sobretudo como factor de aprendizagem ou porta de entrada para uma série de desafios únicos.

A arma especial tenta missiles: salve-se quem puder.

Inkopolis square volta a ser o centro nevrálgico, uma espécie de "baixa" que serve como ponto condutor e agregador: desde lojas onde se vendem roupas até loucos penteados, assim como as componentes da experiência multiplayer, para lá do modo história, designado Hero Mode, acessível por um tubo de despejos, de acesso à primeira área. Lá vão encontrar Marie, uma personagem do primeiro jogo, que nos contrata como agente para uma tarefa especial: encontrar o Great Zapfish e resolver o mistério por detrás do desaparecimento de Callie. Supostamente, os malévolos octarians estarão por detrás da trama e com isto entramos no grosso da missão.

O modo Hero é composto por cinco sectores, dispondo cada sector de várias entradas que dão acesso aos níveis onde estão retidos os "zapfish". É variável o número de níveis por área e muitas vezes terão que palmilhar bem toda a área a fim de os encontrarem. É uma estrutura que lembra imenso a forma como Super Mario Galaxy está conectado, quando exploramos a "hub". Aliás, a equiparação torna-se ainda mais evidente na estruturação dos níveis, com segmentos ligados entre si, quase de forma automática, com múltiplos desafios pelo meio.

O modelo é muito semelhante e o objectivo passa por combater os octarians usando uma entre várias armas disponíveis, até libertarem o zapfish. Os octorians defendem-se sob as mais diferentes formas: usando escudos, protecções e balões. Todos os segmentos de um nível estão meticulosamente trabalhados e isso reflecte-se na qualidade dos desafios. Existem rampas de lançamento, que projectam os inklings para diante, enquanto espalhamos tinta para mergulhar nela e avançar um pouco mais depressa. Outras vezes podemos percorrer um feixe de tinta como se estivéssemos sobre carris, atravessando anéis e com balões ao redor para rebentar. É um segmento pejado de recordações de Sunset Overdrive, estimulante naquela interacção.

Salmon Run é um modo horde multiplayer com boa definição cooperativa.

A segunda área exibe uma espécie de "tutorial" com destaque para as armas, uma vez que temos uma personagem à nossa disposição que nos faz chegar novo equipamento para testar. Cada arma reveste-se de importância naquele momento e só mais adiante é conferida mais flexibilidade, ao ponto de ser o jogador a descobrir qual a que melhor se adapta ao tipo de arma e ambiente no qual está inserido. Os bosses constituem uma parte integrante da experiência, através de combates que se desmultiplicam por três secções, de dificuldade gradual. Grande parte da riqueza do Hero mode está na criatividade dos desafios, surpreendendo constantemente através de novas mecânicas e diferentes formas de interacção. Ao mesmo tempo o jogo revela um equilíbrio e uma afinação notáveis, especialmente em garantir o prazer de um "shooter" na terceira pessoa com a transformação do inkling numa lula para avançar mais rápido entre a área coberta com a sua tinta enquanto recarrega o depósito que transporta às costas.

"Grande parte da riqueza do Hero mode está na criatividade dos desafios, surpreendendo constantemente através de novas mecânicas e diferentes formas de interacção"

As armas podem ser melhoradas, usando ovos de salmão como moeda de troca. Os incentivos à recolha de itens adicionais são constantes, sendo recomendável que explorem bem todas as áreas e não se dediquem somente a lutar contra o relógio. Verão que há muitas coisas escondidas e que lutar por elas traz vantagens. À medida que avançam torna-se ainda mais decisiva a escolha da arma. Todas implicam uma diferente interacção mas os seus efeitos em certos combates produzem resultados díspares. Poderão ter que repetir um nível mais do que uma vez até acertarem na escolha, mas isso é um reflexo do incremento da dificuldade. Refira-se ainda que muitos acessos aos níveis estão bem escondidos.

O Hero mode em Splatoon 2 está muito bem desenhado. Não é tão vasto ou abundante em riquezas como Super Mario Galaxy mas não fica muito atrás, se considerarmos que decorreram apenas dois anos desde o último jogo. É um conteúdo maior que a campanha de Splatoon, capaz de satisfazer uma audiência mais exigente. Talvez não esteja ainda a par com a componente multiplayer, mas oferece uma experiência necessária para introduzir os principiantes, de forma estruturada e criativa.

Podem modificar as roupas das personagens e o seu aspecto. Com isso ganham novas habilidades como carregamentos mais rápidos de tinta, recomeços mais rápidos e até novos espaços para habilidades. O grau de personalização é elevado.

O multiplayer (online e local) é uma parte nuclear em Splatoon 2, na qual porão em prática todas as habilidades, competindo por um lugar no ranking mundial ou simplesmente medindo forças contra jogadores espalhados pelo globo, entre duas formações de quatro jogadores. O modo Turf Wars é a base da experiência e o segredo de Splatoon (2). O objectivo passa por espalhar mais tinta que o adversário, sobre o território. Para isso terão que escolher uma arma eficiente na projecção de tinta, mas ao mesmo tempo uma boa opção para combater os adversários que possam aparecer pelo caminho, fazendo uso de uma arma secundária e alguns efeitos.

É a partir daqui que as coisas aquecem, pois assim que atingem uma certa percentagem de área coberta com tinta, desbloqueiam os poderes da arma secundária, podendo ser activada com uma pressão no botão R, como a ink mine ou a splash wall. Ao princípio começam com uma arma moderada, mas subindo de nível acedem a novo equipamento, mais e melhores opções que poderão adquirir com o dinheiro recolhido após as partidas. No final de um desafio de 3 minutos, a vossa pontuação depende sobretudo do volume de área pintada e dos adversários neutralizados. Se ganharem o resultado será obviamente melhor, assim como o número de vezes que utilizaram com eficácia a arma secundária também será considerado.

Juntamente com as armas, que vão ficando disponíveis na loja após a subida de níveis, encontram equipamento como camisolas ou sapatilhas e até podem mudar o vosso aspecto visual, sempre com efeitos favoráveis. Os acessórios melhoram certos atributos e como existem às dezenas, já estão a ver o grau de estratégia. Mas será sempre melhor focarem-se nas armas com as quais se sentem mais confortáveis. A diversidade em equipamento é grande e nem todas se ajustam às vossas características. Uma das minhas favoritas ainda é o Aerospray MG, muito eficiente na propagação de tinta e nos combates de curta distância.

Mais uma arma especial: splashdown é muito eficiente e difícil de evitar se estiverem próximos.

Muitas armas principais de Splatoon regressam, assim como as armas secundárias, embora não falte novo equipamento como as Splat Dualies ou o carregador Goo Tuber. O armamento inclui as "shooters", os famosos rolos, as "chargers" - splat charger - e as "splatlings" - heavy splatting -, com destaque para as armas especiais (tenta missiles, sting ray, inkjet, splashdown), activadas quando cobrirem uma porção de área com tinta. Muitas destas armas afectam o movimento do vosso inkling como a opção que permite esquivar das investidas do adversário, um movimento não só útil mas imprescindível. Como resultado das novas armas principais e secundárias a acção está ainda mais frenética, com novos raios de acção e disparo, e um contacto mais rápido com os adversário, o que resulta em momentos de grande intensidade, especialmente quando os jogadores dão uso ao equipamento secundário e aparecem aqueles indicadores dando conta que nos encontramos debaixo do alvo. Toca a fugir e a ripostar.

Os novos mapas contribuem para dilatar a experiência, com destaque para o Inkblot Art Academy, entre outros. Muitos mapas regressam, mas de um modo geral apresentam-se bastante diversificados, alguns deles com extensão horizontal, enquanto que outros estão ligados por vários pisos a nível vertical. Os três modos de competição online a contar para o ranking dividem-se entre rainmaker, splatzone e tower control. O primeiro consiste no transporte de uma arma especial até à área dos rivais. A splatzone obriga que cubram algumas partes do território com tinta e procedam à sua defesa. Na opção tower control terão que deslocar uma torre móvel até à zona do adversário. As "league battles"constituem uma opção competitiva adicional, só disponível depois de desbloqueado o ranking-b no modo ranking, e que consiste numa série de batalhas que se prolongam por duas horas de modo a apurar a equipa vencedora. O nível no ranking não é posto em causa. As "Splatfests" constituem mais outra opção destacada por Pearl e Marina, as apresentadoras de serviço. Basicamente é uma opção turf war na qual os jogadores escolhem jogar pelo lado dos bolos ou dos gelados (cake vs ice cream)

Uma das novidades em Splatoon 2 é o Salmon Run, uma espécie de modo horde, no qual quatro jogadores enfrentam sucessivas vagas de Octarians, enquanto lutam pela sobrevivência. É um desafio eficaz, robusto e sólido, composta por um tutorial que numa primeira parte nos mostra o crucial das operações e numa segunda ronda os "chefes" que teremos que defrontar. Os quatro jogadores terão não só que travar as vagas de pequenos octarians como recolher os ovos maiores e encaminhá-los para um cesto, onde há um número limite a cumprir. Além disso, terão que enfrentar uma série de "chefes", procurando os pontos fracos para os anular. Há um tempo limite dentro do qual podem conseguir os objectivos, mas a dificuldade será maior na ronda seguinte.

Alguns mapas de Splatoon regressam mas outros são novidade.

Embora haja uma sensação de familiaridade e transmissão de muitos dos conteúdos, ideias e design que contribuíram para a criação do original, a sequela de Splatoon 2 expande a experiência e atinge um novo patamar. Do renovado e amplo Hero Mode, passando pelas novas opções disponíveis no multiplayer online (e local, até 8 jogadores podem estar ligados, por via portátil), vários elementos foram alvo de tratamento e melhoria. O Hero Mode quase que justifica por si a aquisição do jogo, com uma apresentação mais desafiante e recheada de tarefas. Se antes a opção single player podia ser vista como um parente menor, agora não é assim, havendo muito para explorar. Mas a consistência de Splatoon 2 reflecte-se sobretudo na experiência multiplayer online, nos rankings e nas tradicionais "turf wars", com a nova opção salmon run a ampliar as possibilidades de jogo em rede. Uma experiência desafiante, refrescante e duradoura.

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Splatoon 2

Nintendo Switch

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.

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