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Os ports da Wii U para a Switch são bons para a Nintendo - e para nós

Uma geração de jogos que merece uma segunda oportunidade na nova consola híbrida.

13 de Janeiro de 2017: a Nintendo demonstra pela primeira vez a sua nova consola ao vivo, e à medida que caminhamos por Hammersmith Apollo, existe um sentimento constante de déjà vu, um sentimento de que já vimos tudo isto antes. A maioria dos jogos apresentados são ports da Wii U ou sequelas melhoradas. O Legend of Zelda: Breath of the Wild é, de longe, o jogo mais impressionante do evento, mas lá no fundo trata-se também de um porte da Wii U. Com o lançamento de uma nova consola espera-se novos jogos e experiências, portanto é difícil não nos sentirmos desapontados. Porém, dois meses mais tarde este sentimento muda drasticamente. A consola é fantástica, e o software é de tal forma impressionante que o Mario Kart 8 GOTY se torna no título que ultrapassou o recorde de vendas nos 25 anos de história desta série.

Para além disso, quando a Platinum Games sugeriu que o Bayonetta, Bayonetta 2 e Wonderful 101 serão lançados para a Switch, a reação dos jogadores foi muito positiva, sugerindo que independentemente de terem jogado estes jogos ou não, estão ansiosos pela chegada destes títulos à nova consola. Ou seja, a realidade é que os ports da Wii U não puseram em causa o catálogo de jogos da Switch, tal como nós tínhamos receio. Se tivermos em conta a capacidade que a Nintendo tem em fazer jogos únicos, e juntarmos este facto à nova consola híbrida, é fácil perceber porque é que os ports funcionam na Switch.

Estes ports também têm uma função estratégica para a Nintento. De uma forma simplista, esta empresa não tinha os recursos para providenciar a quantidade de software para a Wii U e 3DS que o mercado pedia e precisava. Ao juntar o conceito de uma consola tradicional a uma consola portátil, a Nintendo está a aumentar a quantidade de jogos first-party na consola. Mas levará algum tempo para que as equipas façam transição para a nova consola. Enquanto isso, se a Nintendo escolher bem quais ports lançar para a Switch, a empresa deverá conseguir o tempo necessário para que as equipas façam a transição. E até agora, esta estratégia tem resultado bem.

O simples facto de criar um Mario Kart 8 portátil, com um modo multiplayer local, é uma ideia genial, e o modo de 1080p na dock é a cereja no topo do bolo. Para além disso, se os ports forem produzidos de forma correta, eles podem-se tornar em algo melhor que uma conversão, pois é possível aumentar a frame-rate e a resolução. Se compararmos o port do Lego City Undercover com a sua versão da Wii U, iremos nos aperceber que na verdade este jogo é uma conversão da versão para PlayStation 4. O Fast RMX da Shin'en Multimedia provou que, com algum talento, os ports para Switch também podem providenciar um aumento na qualidade visual. O Fast Racing Neo era um marco tecnológico na Wii U, mas o RMX está noutro nível completamente diferente.

Cover image for YouTube videoMore Wii U Ports Heading To Switch! Is This A Good Thing?
Com mais ports da Wii U a caminho da Switch, será que isto é uma coisa boa? Rich acreduta que sim, e lista uma série de jogos que proporcionariam uma excelente experiência na nova consola da Nintendo.

São ports como estes que aumentam as expectativas dos ports do Bayonetta, Bayonetta 2 e Wonderful 101: para além de os podermos jogar em qualquer lado, o docked mode pode providenciar o poder extra que é necessário para corrigir alguns dos problemas encontrados na Wii U, assim como alcançar os 60fps. Um dos aspetos mais satisfatórios do catálogo da Switch tem sido o facto de que muitos jogos tentam atingir os 60 frames por segundo. É óbvio que existem alguns jogos emulados neste catálogo, mas baseando-nos nos nossos cálculos, cerca de 80% dos jogos disponíveis na loja online da Switch têm como objetivo os 60fps.

Tudo isto deixa-nos ansiosos por mais, pois o catálogo de jogos das últimas consolas da Nintendo é rico em títulos que merecem um regresso. Por exemplo, o Donkey Knog Country Tropical Freeze, é um jogo que demonstra a capacidade que a Nintendo tem para criar um estilo de arte que transcende a tecnologia sobre a qual foi construída. O que mais se destaca neste jogo são os níveis incrivelmente interativos, a forma como eles estão animados, por vezes ao ritmo da música, e a forma como em vários casos os níveis constroem-se à medida que jogas. Para além disso a forma como utilizaram uma câmara dinâmica que troca de 2D para 3D é verdadeiramente surpreendente. Este jogo é um daqueles casos onde um salto para uma resolução mais alta iria melhorar um jogo que já é excelente. E sim, é outro título que alcançou os 60fps.

O Pikmin 3 é outro jogo que merece estar presente na Switch. Este jogo ainda foi lançado durante o ciclo de vida da Wii U, e é uma das poucas franchises da Nintendo que usa 30Hz, em vez dos habituais 60Hz. A razão pela qual este jogo deveria estar na Switch é evidente: os gráficos são excelentes, tem uma art direction impressionante, efeitos brilhantes e texturas estonteantes. Um port direto para Switch, sem qualquer tipo de melhoramento, já seria uma excelente notícia, pois a possibilidade de jogar este jogo no modo portátil da Swwitch seria algo de fenomenal. Neste momento a Nintendo está a trabalhar no Pikmin 4 para a Switch, mas fazer um port do Pikmin 3 é uma jogada que a Nintendo provavelmente irá fazer, especialmente se tivermos em conta que os dois primeiros jogos desta série foram levados da geração de consolas original para a seguinte.

Cover image for YouTube videoFast RMX Analysis: Switch Visuals Heavily Enhanced Over Wii U!
Os melhoramentos nos ports têm sido mínimos, mas o Fast RMX da Shin'en Multimedia mostra-nos que o Nvidia Tegra é capaz de fazer muito mais.

O mesmo se passa com o Metroid Prime 4, este jogo ainda está no início de produção, e prova disso é o facto de que a Nintendo apenas conseguiu apresentar um logo animado na E3. Enquanto o novo jogo não é lançado, seria uma excelente ideia jogar a trilogia original na Switch. Nós sabemos que a Consola Virtual da GameCube está a caminho, possivelmente oferecendo acesso aos três jogos originais, mas gráficos melhorados e uma resolução maior seriam bem-vindos. Super Mario Odyssey será lançado antes do final do ano, mas quem é que não gostaria de jogar o Super Mario 3D World na Switch? De facto, até mesmo o Super Mario Galaxy, e a sua sequela, seriam bem-vindos na nova consola. De forma a comprovar o nível de mestria que a Nintendo tem no visual design, nós corremos estes dois jogos a full 1080p60 (um objetivo viável para a Switch) no Dolphin emulator, e ambos os jogos alcançaram bons resultados.

Ao princípio, a ideia de encher o catálogo da Switch com jogos antigos pode parecer um grito de desespero, particularmente agora que a era dos remasters HD da Microsoft e da Sony parece ter chegado ao fim (agora estamos a mover-nos para uma era de remakes totais, tais como o Shadow of the Colossus e Modern Warfare Remastered). No entanto, na Switch a história é diferente. Esta consola híbrida pode trazer os clássicos da Nintendo, os quais estavam restringidos às consolas caseiras, para uma consola híbrida, permitindo os jogadores desfrutar destes clássicos em qualquer lugar, fazendo com que um jogo antigo pareça novo. Para além disso, isto ajuda a Nintendo a combater um problema que as suas consolas têm sofrido: estes jogos levam tempo a serem terminados, e as equipas de desenvolvimento recusam-se a apressar o processo. Por isso, a introdução de clássicos da Nintendo na Switch, após passarem por algumas melhorias, parece trazer vida e dinâmica a esta consola híbrida.

No entanto, a produção de jogos novos é algo preferencial, como é óbvio. E agora que as equipas da Nintendo estão apenas focadas num hardware, em vez de dois, é provável que em breve possamos desfrutar de novos títulos. Mas enquanto isso, estamos satisfeitos com o lançamento de ports, especialmente da Wii U, tendo em conta que esta consola não teve a atenção que merecia. Há sete meses atrás, no evento de demonstração da Switch, a ideia de promover o lançamento de mais ports para uma consola acabada de lançar poderia ser visto como algo desnecessário. Mas agora, com o eventual regresso de Bayonetta e Wonderful 101 à Switch, é inevitável que pensemos que a Konami está atenta a tudo isto, e que o Metal Gear Rising deverá estar em fila de espera, a aguardar por um port.

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Richard Leadbetter

Technology Editor, Digital Foundry

Rich has been a games journalist since the days of 16-bit and specialises in technical analysis. He's commonly known around Eurogamer as the Blacksmith of the Future.

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