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MXGP3 - Análise

Drifts na lama.

O Unreal Engine acrescenta alguma solidez mas os conteúdos são escassos e falta mais produção no capítulo gráfico.

É uma das grandes apostas do ano em curso para a Milestone, o estúdio italiano que faz regressar o mundial de motocrosse sobre a égide MXGP3, procurando um novo impulso no capítulo da produção gráfica, através do Unreal Engine 4. Pena que as soluções no que toca ao motocrosse sejam por esta altura escassas. Nos anos noventa eram lançadas com alguma regularidade novidades no género. Contando com licenças oficiais ou simplesmente ofertas de "linha branca" de tendência arcade, havia por onde escolher. Agora não é tanto isso que sucede e vemos novamente uma Milestone a fazer o seu percurso depois de duas edições.

Ainda em Março do corrente tivemos um primeiro contacto com MXGP3, revelado pela primeira vez como um dos jogos em produção a fazer uso do novo motor gráfico. Com ele o estúdio italiano melhorou alguns aspectos: a cadência de frame rate é estável nos 30 fps, a animação dos motards é melhor e os ambientes beneficiam de mais tratamento. Apesar disso, os limites em termos de conteúdo ainda persistem, para lá de outros aspectos que continuam a condicionar a performance desejada. O efeito da chuva, por exemplo, não é o melhor, com pesadas gotas de tom verde como que a toldar o ecrã.

A condução permanece essencialmente como arcade, apesar das várias assistências que uma vez retiradas produzem uma sensação um pouco mais realista mas nunca convincente como simulador. Diria que a jogabilidade se situa num meio termo, num ponto de equilíbrio capaz de gerar satisfação e simultaneamente produzir um desafio a quem se aventura nas sinuosas pistas cobertas de terra ou lama. A degradação da pista, através da abertura de sulcos e cavidades é um ponto a ter em conta, mas por mais rápidos que sejamos, travando de forma apertada à entrada das curvas, a queda só ocorre de forma quase forçada, o que é um pouco contra a corrente deste tipo de corridas.

A corrida é sempre em dose dupla, mesmo à noite.

Mas talvez seja essa a finalidade da Milestone, encontrar um ponto de equilíbrio algures entre a simulação e o registo arcade, apresentando ao mesmo tempo uma condução simples. Pena que permaneçam algumas situações que retiram um pouco da verdade desportiva, como os atalhos sem penalizações (se cortarem de forma óbvia e grosseira são penalizados) ou aqueles embates provocados pelos pilotos controlados pela inteligência artificial, com efeitos no desempenho da corrida.

À semelhança do que sucede em MotoGP 17, também a IA em MXGP3 deixa a desejar, ora porque gera uma situação artificial de avanço, criando uma vantagem para os atletas da frente que é uma resposta à nossa progressão, ora bloqueando a passagem do nosso motarde, diante um aglomerado de pilotos.

Sendo este um jogo baseado no mundial de motocross, o uso das licenças que compõem os diversos campeonatos significa que estão presentes todas as marcas e todos os pilotos das diversas categorias (MX2 e MXGP). Na categoria mais elevada a condução consegue ser mais proveitosa e desafiante, embora a categoria de entrada sirva justamente para nos adaptarmos ao estilo de condução e pista. Todos os traçados do mundial estão presentes, formando um verdadeiro périplo mundial. Se a isto adicionarmos o Monster Energy MX (uma espécie de torneio das nações) temos em mãos um conjunto valioso.

De dia a luminosidade é mais eficaz. As corridas à chuva não são tão agradáveis à vista.

Quanto aos modos de jogo, a opção carreira permite começar do zero, obter patrocínios, comprar melhores motas, partes e subir de categoria. Os objectivos são estabelecidos quase prova a prova, visando superar um piloto ou acabar uma corrida na frente. Pena que não sejam dados outros incentivos ou uma gestão mais estimulante. Depressa tudo se torna muito segmentado, com pouca margem de manobra e opções.

Os restantes modos não galvanizam a experiência. O modo grande prémio oferece o fim de semana de corrida e o "time trial" serve sobretudo para marcar tempos. Já a opção "compound" deixa-nos andar de mota livremente mas depressa nos sentimos desorientados e algo perdidos, sem uma academia capaz de atribuir uma sensação de progressão. Aos poucos modos existentes acresce uma verdadeira ausência de incentivos a progredir e essa é uma das maiores falhas desta produção.

A utilização do Unreal Engine 4 trouxe mais estabilidade e fluidez, mas em termos visuais o jogo ainda está muito aquém do que outras produções de índole motorizada são capazes de alcançar. Ainda há muito a melhorar e seguramente teremos próximos desenvolvimentos com mais conteúdo, já que os actuais modos de jogo têm dificuldades em criar um verdadeiro sentido de progressão e desafio. Para os jogadores sazonais, adeptos da modalidade, vão encontrar algumas melhorias neste MXGP3, mas ainda é um jogo com reduzidos valores de produção e isso reflecte-se na sua dimensão global.

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MXGP3

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.

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