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Detroit Become Human - pacifista ou insurrecto? O jogador decide - Antevisão

A Quantic Dream coloca emoções nos androids.

Com o lançamento de Beyond Two Souls, no já distante ano de 2013, o estúdio francês Quantic Dream (Heavy Rain, Fahrenheit) manteve a mais recente produção, Detroit: Become Human, fora dos holofotes. Isso deveu-se à extensa e longa fase de desenvolvimento que o jogo atravessou e ainda representa para o estúdio, agora que aplica um novo motor gráfico que deverá tirar proveito da tecnologia disponível na PS4, da Sony.

O resultado desses anos de trabalho e desenvolvimento é uma exibição mais consistente e apelativa, guardada para esta E3, e finalmente revelada na conferência, seguindo-se uma apresentação à porta fechada, ainda que a título demonstrativo, sem possibilidade de efectuar hands-on, por enquanto. Todavia, as impressões que recolhemos são positivas. Estamos perante um jogo que seguindo a linha conceptual dos títulos que o precederam, reforça muitos aspectos, nomeadamente a narrativa e as múltiplas direcções que pode seguir consoante as nossas decisões.

Sim, este é um jogo sobretudo sobre escolhas e consequências. Todas as escolhas produzem efeitos, afectam o rumo da história e levam sempre a uma diferente direcção. Será por isso interessante descobrir até que ponto começar uma nova campanha se torna num exercício de possibilidades e diferentes caminhos a seguir. Caso ocorra algum percalço, o jogo define invariavelmente um rumo, leva-nos para outra direcção, sendo interessante explorar este mar de possibilidades e consequências que se projectam.

A sequência final da demonstração acaba num mar de chamas.

A relação entre os androids e os humanos constitui o núcleo da narrativa. O espaço é a cidade de Detroit, corre o ano 2036. Estas máquinas inteligentes agem como humanos e esse é o seu mais forte desígnio, num comportamento em todo fiel e tangível, a tal ponto que se torna praticamente indissociável, ao ponto de adquirirem paulatinamente sentimentos, algo impensável numa máquina.

É a partir dessa demonstração de consciência e sentimento humanos que alguns androids se demarcam da massa informe robótica, criando condições para uma insurreição. A Quantic Dream aposta nas personagens e cruzamento de fios narrativos. Nesta E3, na demonstração acompanhada à porta fechada, o destaque vai para Markus, um android que procura transmitir a outros colegas o mesmo sentido de insurreição, ao acordar-lhes os sentimentos e tornar evidente a subjugação aos humanos, desafiando a lei e as forças policiais.

A abordagem às situações é o ponto nuclear das primeiras sequências de um plano que tem de ser gizado antes da polícia acorrer ao local, quando se dá uma tentativa de libertar alguns androids presos a uma montra de um centro comercial. Várias possibilidades se abrem, desde neutralizar um "drone" e dessa forma impedir que o sinal de alarme seja transmitido, até correr o risco e enfrentar a situação depois do alarme disparar.

O produtor que nos acompanha ao longo da demonstração revela as situações de maior conflito e dúvida, expondo-nos as incertezas e os caminhos disponíveis em função da escolha tomada. A polícia acaba então por recuar, assim que desactivamos o alarme e depressa Markus reune mais máquinas, convertidas ao seu ideal de insurreição. Esta personagem, curiosamente e à semelhança de outras, dispõe de uma série de habilidades (como despertar outros androids) exclusivas, com destaque para a simulação de alguns caminhos a seguir, algo útil e que nos dá uma ideia dos resultados da nossa acção. Basicamente basta premir o botão R2 para se abrir o "palácio mental", com apresentação dos diversos pontos passíveis de interacção. Ao mesmo tempo são apresentados os objectivos e tarefas a cumprir, com toda a secção do desenvolvimento narrativo apresentada no local, dando uma ideia da forma como podemos interagir com o mundo em termos narrativos. Este momento corresponde a um "congelamento" da acção e podemos estar neste estado o tempo que entendermos.

"A opção recai sobre uma retirada pacífica ou simplesmente o recurso a uma mensagem violenta, destruindo e queimando o cenário, algo que o produtor se esforça por mostrar, de forma dramática"

A Quantic Dream trabalhou imenso na captura de movimentos e reprodução realista dos rostos. Atingirá um novo patamar no seu conceito que vem explorando desde The Nomad Soul?

Depois de assegurada a entrada na "loja", no centro comercial, Markus encaminha os Android convertidos para a cidade "Jericho", onde muitos outros se juntam e formam uma espécie de exército, em oposição aos ditames impostos pelos humanos. O final desta sequência é talvez o momento de maior indefinição. A opção recai sobre uma retirada pacífica ou simplesmente o recurso a uma mensagem violenta, destruindo e queimando o cenário, algo que o produtor se esforça por mostrar, de forma dramática, uma decisão que não permite qualquer retrocesso e afecta definitivamente a marcha dos acontecimentos.

As acções contextuais e pequenos desafios continuam como imagem de marca da Quantic Dream. Embora não sendo uma novidade, requerem a atenção e total disponibilidade do jogador para realizar, umas vezes em fracções de segundo, acções rápidas. Em termos visuais, este é, até à data, o jogo com melhor aspecto do estúdio francês. A composição dos cenários é muito rica, em termos de design estamos perante uma percepção futurista muito vincada e os rostos das personagens, a captura de movimentos, constituem o expoente desta produção. Parece que o foco em torno das decisões terá maior impacto, e nesse sentido esta aventura será não só para os jogadores mas também para a produtora um novo desafio.

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.

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