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No Man's Sky - Análise

O infinito não é suficiente.

No Man's Sky ostenta um conceito que transborda potencial, mas precisava de mais variedade para prolongar o seu apelo.

No Man's Sky é uma impossibilidade tornada real. É inacreditável que um estúdio tão pequeno como a Hello Games, que começou com quatro pessoas (hoje a equipa conta com cerca de 15 membros), tenha sido capaz de criar um jogo tão megalómano como No Man's Sky. Quando o primeiro trailer surgiu no evento VGX 2013, a reacção geral foi de incredulidade. Quase três anos depois desse momento, o jogo chegou finalmente às nossas mãos e a ambição da Hello Games levou a melhor sobre as dúvidas, tendo criado um jogo tão grande que é humanamente impossível visitar todos os planetas (o número de planetas é superior a 18 quintilhões).

O milagre por detrás de No Man's Sky é um código que gera todo o universo do jogo. Os planetas, os animais, a vegetação, o clima, os sistemas solares, as galáxias, e até mesmo as linguagens das raças alienígenas são geradas com base num código. O que a Hello Games fez foi criar vários conteúdos que servem de base para a criação, e o código maravilha pega nesses conteúdos e mistura-os para criar o universo de No Man's Sky. Foi assim que um estúdio independente como a Hello Games foi capaz de criar algo tão enorme. É uma solução engenhosa e, algo que não podemos negar, é o potencial deste conceito.

Nas últimas semanas, à medida que o lançamento se aproximava, No Man's Sky gerou um entusiasmo tremendo, mas creio que muitos tinham uma ideia errada do que seria o jogo. A melhor forma de resumir No Man's Sky é descrevê-lo como um jogo de exploração no espaço com alguns elementos de sobrevivência à mistura. De planeta em planeta e de sistema solar em sistema solar, vão recolhendo recursos para prolongar a vossa viagem pela galáxia. Existem dois objectivos distintos: chegar ao centro da galáxia (e para isto têm que atalhar por buracos negros) ou seguir o caminho do Atlas, um estrutura gigante e misteriosa que tem a forma de um losango.

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Portanto, o apelo de No Man's Sky está em explorar, dependendo absolutamente apenas do vosso desejo de descoberta. Existem outras coisas envolvidas em No Man's Sky, como ataques de naves hostis e as sentinelas que vos incomodam enquanto exploram e recolhem os recursos dos planetas, mas olhando para o plano geral, são apenas uma pequena parte da experiência. A maior parte do tempo em No Man's Sky é gasto a viajar para novos planetas e sistemas solares, e a recolher recursos. Tudo o que vocês fazem em No Man's Sky gasta recursos: a nave precisa de combustível para levantar voo e viajar a grandes velocidades, e se quiserem saltar para outro sistema solar, têm que fabricar ou encontrar uma Célula Warp, que são pouco comuns e cujo processo de fabrico requer uma combinação de vários recursos.

No Man's Sky também requer uma gestão constante do inventário, que é extremamente pequeno no início. É possível comprar uma nave maior para ter mais espaço e aumentar a capacidade de transporte do fato, mas isso implica gastar unidades (o dinheiro do jogo). Para obter unidades precisam de vender itens e recursos, e como no início têm pouco espaço, o progresso é extremamente lento. Como o objectivo do jogo é continuar a viajar, e isso implica ter recursos, No Man's Sky acabar por cair num loop de repetição infinito. Visitam um planeta, recolhem os recursos mais valiosos, analisam as espécies de animais e vegetação para ganhar unidades extra, e depois vão embora para outro planeta para repetir o processo.

"O apelo de No Man's Sky está em explorar"

Entretanto também vamos encontrando raças alienígenas (os Gek, Vy'keen e Korvax). Inicialmente o discurso deles é incompreensível, mas com a ajuda das pedras do conhecimento, que se encontram em todos os planetas, vamos aprendendo novas palavras em língua alienígena. Dependendo das vossas interacções com diferentes raças, a vossa relação vai melhorando, o que traz certas vantagens. Há ainda incentivos para ajudarem NPCs que precisam de ajuda. Se os ajudarem, poderão receber novas tecnologias, itens ou até mesmo multiferramentas com mais espaços disponíveis.

No Man's Sky também permite que implementem várias melhoras na vossa nave, fato e multiferramenta (a vossa arma e ferramenta para minar recursos). Aliás, encontrar novas tecnologias é comum, o problema é que cada tecnologia ocupa um espaço do inventário. Como o espaço do inventário é escasso (principalmente na nave e fato; a multiferramenta não serve para transportar recursos), acabamos por não implementar quase nenhuma das tecnologias que encontrámos.

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Apesar de No Man's Sky eventualmente se tornar aborrecido, a sensação de fascínio inicial é genuína. Existem planetas lindíssimos e espécies de animais super-estranhas, o que alimentou durante várias horas a nossa curiosidade. O próprio Lore é um incentivo para continuarmos a explorar. Existem templos que nos vão contando subtilmente a história de cada uma das raças alienígenas. No fundo, este é um jogo para aqueles que querem saber "o que está por detrás da cortina". O problema é que eventualmente isso não suficiente para nos encorajar a jogar. A realidade é esta: No Man's Sky precisava de mais variedade. Sim, o universo que temos para explorar é quase infinito, mas o número de acções possíveis é extremamente limitada para um jogo com uma escala destas. De que vale um universo gigantesco se estamos sempre a fazer a mesma coisa?

"As primeiras horas são espectaculares, mas depois percebemos que não tem mais novidades para oferecer"

As declarações da Hello Games antes do lançamento sugeriam que No Man's Sky teria funcionalidades multijogador, mas logo no dia de lançamento dois jogadores combinaram um encontro no mesmo planeta e não conseguiram ver-se um ao outro, o que sugere que o jogo não está preparado para essa experiência. No entanto, a possibilidade de encontrar outros jogadores, bem como a construção de colónias em planetas e mais enfâse nos combates espaciais, seriam adições bem-vindas a No Man's Sky que, sem dúvida, ajudariam a aumentar a variedade e a quebrar a repetição. Mesmo limitado, No Man's Sky não deixa de ter potencial e a sua própria existência é benéfica para os videojogos como um todo.

No Man's Sky é aquele tipo de jogo em que a lua-de-mel acaba cedo. As primeiras horas são espectaculares, mas depois percebemos que não tem mais novidades para oferecer. Ainda assim, não está ausente de méritos. É um exercício técnico sem igual, e apesar dos pop-ups constantes nas texturas e objectos dos planetas, o desempenho é estável e satisfatório. É espantoso que uma pequena equipa tenha feito algo assim, mas ao mesmo tempo, as limitações de uma equipa deste tamanho impediram o jogo de voar mais alto. Será que vale a pena jogar? O factor de inovação de No Man's Sky é um grande atractivo (nunca houve um jogo assim), mas trata-se uma experiência que começa num ponto alto e vai descendo gradualmente. Neste momento já não temos vontade de voltar a jogar. De certeza que existem muitos planetas cheios de paisagens belas e que ainda não descobrirmos, mas só o pensamento de fazer a mesma coisa vezes sem conta retira qualquer apelo que poderia restar a No Man's Sky. A única coisa que deixa saudades é a memorável banda sonora criada pelos 65daysofstatic.

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No Man's Sky

PS4, Xbox One, PC, Nintendo Switch

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Sobre o Autor
Jorge Loureiro avatar

Jorge Loureiro

Editor

É o editor do Eurogamer Portugal e supervisiona todos os conteúdos publicados diariamente, mas faz um pouco de tudo, desde notícias, análises a vídeos para o nosso canal do Youtube. Gosta de experimentar todo o tipo de jogos, mas prefere acção, mundos abertos e jogos online com longa longevidade.
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