Skip to main content
Se clicares num link e fizeres uma compra, poderemos receber uma pequena comissão. Lê a nossa política editorial.

Ultra Street Fighter IV PS4 - Análise

Esperamos por dias melhores.

O produto em si é fantástico a conversão é vergonhosa. As correcções são urgentes para desfrutar tal como merecido.

Ultra Street Fighter IV chegou finalmente à PlayStation 4 e é um momento muito especial para todos nós. Por um lado, é um doce que temos para ir matando o tempo até à chegada de Street Fighter 5 e também ajuda a colmatar a ausência de títulos do género aqui na Europa. Não que no resto do mundo o panorama seja muito diferente mas consegue ser um pouquinho melhor no Japão. No entanto, ao contrário do que seria de esperar, USFIV não é a espectacular entrada que os fãs desejariam antes do prato principal. Pelo contrário, este é um produto que nos deixa espantados com a qualidade do trabalho desempenhado aqui e após 7 anos de existência, chamais esperaria encontrar a pior versão do clássico. Especialmente quando nos foi prometido que seria a melhor, a definitiva.

Primeiro vamos por partes. Originalmente lançado em 2009, recebeu a espectacular nota de 10/10, sendo destacado pelo nosso Vítor Alexandre devido ao gameplay 2.5D, aos visuais espectaculares, à banda sonora vibrante, ao sistema de combate hardcore, e claro à homenagem prestada às arcades, resumindo assim este explosivo momento na história deste género: "SF IV representa a melhor homenagem que se podia fazer à série, mas também encontrou, numa aparente facilidade, forma de espalhar perfume e carisma, abrindo perspectivas para os fighting games dos tempos modernos."

Cerca de um ano depois, em Abril de 2010, chegou a primeira revisão na forma de Super Street Fighter IV que recebeu novamente um honroso 10/10. Esta versão melhorada do original inseria novos personagens, novas histórias, ajustes no gameplay, e ainda correcções a pequenas falhas apontadas pela dedicada comunidade. Mais tarde, em Janeiro de 2011, tivemos ainda mais uma revisão na forma da Arcade Edition que acrescentava ainda mais personagens e todas as melhorias desenvolvidas ao longo de mais de 7 meses. Quando os fãs acreditavam já que o número 4 na série Street Fighter estava arrumado, a Capcom decidiu apresentar este Ultra Street Fighter IV a 3 de Junho de 2014, ou seja, sensivelmente há um ano atrás.

"Ultra Street Fighter IV na PlayStation 4 espantou logo pelo seu estado lastimoso."

Ver no Youtube

Ultra Street Fighter IV para PlayStation 3, PC e Xbox 360 foi recebido como similar entusiasmo aqui no Eurogamer Portugal, onde recebeu um 9/10, tendo sido referido como o derradeiro momento no percurso iniciado em 2009. "Uma extensa lista de lutadores e sobretudo uma revisão das principais mecânicas de jogo, bem como a oferta de mais algumas ferramentas, emprestam uma nova dinâmica aos combates, e explorar esse campo é o próximo desafio. Mesmo com um motor gráfico a pesar cinco anos, a magnífica arte do jogo restitui uma invejável forma, através de vagas sucessivas de entusiasmo, mas sobretudo é um jogo que se confunde com uma máquina, um aparelho de combate ao qual continuamos ligados por via umbilical".

Está bem documentado e exemplificado porque é que Street Fighter IV é um clássico que merece em todos os seus poros receber 10/10. É um daqueles jogos que surge uma vez em cada geração e que acompanha os jogadores por toda uma vida. As três revisões feitas ao longo dos anos serviram para acrescentar qualidade e conteúdo ao que havia sido inicialmente apresentado. Desde revisões ao gameplay, a adição de novos lutadores até termos o estrondoso número de 44 (todos eles são interessantes de conhecer) e a presença de todos os conteúdos adicionais já lançados fazem deste Ultra Street Fighter IV um pacote quase irresistível, especialmente ao preço de €25.

Não estou aqui para falar do que é Street Fighter IV e da sua qualidade, todos sabemos que é um esbelto bailado ensaiado de forma quase matemática até à perfeição, estou aqui para falar sobre como a Sony e a Capcom permitiram que fosse lançado um produto no estado em que USFIV se encontra na PlayStation 4. A Sony Computer Entertainment decidiu tratar do trabalho de conversão e entregou-o a um estúdio externo, o Other Ocean, já estabelecido neste tipo de trabalhos. Nem mesmo o currículo relativamente mediano do estúdio fazia prever que esta versão chegasse neste estado pois além de ser um produto pior que o da anterior geração, os seus problemas mancham tudo aquilo pelo qual o USFIV deveria brilhar.

Quando começaram a chegar os primeiros relatos de problemas com som, algo que apenas presenciei uma ou duas vezes, os problemas com os gráficos com aliasing, os problemas na latência dos comandos e dos movimentos dos personagens, e a horrenda navegação pelos menus, simplesmente nem queria acreditar. Quando o jogo me chegou às mãos, fiquei perante algo que não sei sequer como descrever pois nem está bom mas não está exactamente mau, está demasiado estranho.

Já está disponível por €24.99 mas não é aconselhado por enquanto.

Se quiserem jogar os modos a solo ou enfrentar amigos em modo local, a navegação pelos menus será um problema até mínimo, mesmo sendo de espantar como é que uma jogo que já estava feito chega em pior estado a uma máquina superior. Se quiserem conhecer a história dos personagens, desfrutar de alguns modos extra, treinar com o vosso personagem favorito, USFIV é minimamente competente para o permitir mas se quiserem elevar a experiência a toda a sua plenitude arriscam a perder a paciência.

Tendo em conta que a Capcom retirou a versão do seu próprio torneio, o EVO 2015, a comunidade dedicada (a grande maioria do público desta conversão/actualização) ficou incrivelmente chocada com o estado das coisas. Quando nos foram prometidas melhorias no código de jogo, principalmente no online, fiquei incrédulo com a experiência precária que fica atrás do que temos na PlayStation 3, PC e Xbox 360. Por mais incrível que pareça, jogar USFIV online na PlayStation 4 poderá ser um jogo de paciência.

A alta dificuldade em encontrar salas com a estranha e lenta navegação dos menus faz com que a experiência teste a nossa capacidade de aguentar uma adversidade. Sabemos e muito bem que o trabalho executado pela Capcom em conjunto com o estúdio Dimps é fabuloso por isso também sabemos que não merecia ser tratado de forma tão leviana pelo Other Ocean. As correcções quando chegarem serão essências mas por mais breve que cheguem, será sempre tarde. O prazer de combater neste incrível palco fica diminuído pois acabamos por sentir que estamos a combater também contra o próprio jogo e não só com a ligação e o adversário.

Este momento altamente embaraçoso da história de Street Fighter IV segue em claro contraste com o seu início e os jogadores devem ter cuidado. A experiência base está toda lá, podem desfrutar do jogo na sua plenitude mas serão forçados a enfrentar e digerir problemas que nem sequer deveriam existir. Uma conversão que iria permitir a toda uma geração continuar a jogar o seu adorado jogo com algumas novas funcionalidades e até melhorias fica envolto em controvérsia desnecessariamente. Se este é o estado actual em que esta indústria se encontra, temos mesmo que começar a tomar muito cuidado. Claro que sabemos o que precisa ser feito e assim que for feito estaremos aqui para actualizar esta análise e referir as correcções/melhorias.

Acreditar que alguns destes erros passaram pela fase de teste de qualidade é um choque, quase imperdoável. O trabalho de conversão tornou um jogo incrível e espectacular numa infeliz experiência que apenas sobreviverá por teimosia dos dedicados fãs que não o largam. Tinha tudo para ser a versão definitiva e espectacular de Street Fighter IV, basta pensar no modo online e no botão share para ficarmos a sorrir por exemplo, mas o horrível trabalho de conversão deita tudo por terra. Espero que sejam corrigidos muito em breve todos estes problemas caso contrário o embaraço será ainda maior. Como está é um produto a evitar pois não queiram perdoar o actual estado da indústria e façam deste um exemplo.

Read this next