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Bayonetta Wii U - Análise

Anos depois, continua o melhor do género.

Bayonetta é especial para mim por várias razões. Não só foi uma das primeiras análises que escrevi para o site como foi a primeira nota máxima que atribuí. Foi ainda o primeiro jogo que experimentei da Platinum Games, produtora que é hoje uma das minhas favoritas por continuar a mostrar vezes sem conta que possui uma perícia sem igual na criação de jogos ação com jogabilidade apurada e profunda, e de ritmo ofegante. Portanto, voltar a Bayonetta, passados tantos anos, é uma experiência acompanhada de um sentimento de nostalgia e de boas memórias.

O mais importante é que, quatro anos e vários meses depois, o jogo ainda não perdeu nenhuma das suas qualidades e continua a ser o expoente máximo do género. Para aqueles que vão jogá-lo pela primeira vez na Wii U, este é um factor de extrema importância. Há jogos que passados alguns anos ficam ultrapassados e quando voltamos a jogá-los, a sua idade faz-se sentir nas mecânicas e jogabilidade. Não é o caso com Bayonetta, que bem que podia ser um jogo lançado pela primeira vez este ano. E apesar da chegada das novas consolas, ainda não há nada melhor do que a obra-prima de Hideki Kamiya no género dos hack-and-slash.

Esta edição para a Wii U não se trata de uma remasterização como as que temos visto, mas antes de uma reedição especial para os fãs da Nintendo. A ocasião é apropriada. Com a exclusividade de Bayonetta 2, seria uma injustiça e desperdício não conhecer o original, pelo que esta edição faz sentido e volta a dar destaque a um jogo que sem dúvida merece já que na PlayStation 3 e Xbox 360 não foi tão apreciado como merecia.

Relativamente à parte técnica, apenas vou tocar no que realmente importa para Bayonetta: atingir os 60 fotogramas por segundo. A versão para Wii U corre de modo fluído e só notei raros engasgos em cinemáticas. Quanto a novos conteúdos, em homenagem à Nintendo, a Platinum Games adicionou vários fatos de séries como The Legend of Zelda, Super Mario e Metroid que podem ser vestidos por Bayonetta e acrescentam pormenores à jogabilidade. Com o fato de Link, Bayonetta consegue bloquear (parry) os golpes adversários se carregarem no L no momento certo. Com o fato de Princesa, os portais abertos pela bruxa no combate invocam os membros de Bowser em vez dos habituais membros formados por cabelos negros. E com o fato de Metroid, Bayonetta passa a disparar balas de energia e é possível baixar o visor do capacete.

Excluindo a adição de novos conteúdos, um toque de bom gosto para os fãs da Nintendo, e um modo que permite jogar deslizando o Stylus pelo GamePad (mas que não é a melhor forma de explorar a jogabilidade), Bayonetta está no seu estado original e ainda bem. O jogo continua tão espetacular que alterações não eram necessárias. É como diz o ditado, não tentes arranjar o que não está partido. A sensação transmitida a partir do primeiro minuto é maravilhosa. Disse-o na análise à versão original e digo-o agora ainda mais confiante, tendo verificado que passou com excelência no testa da erosão temporal.

Dado que o jogo será novidade para alguns, importa dar algum contexto. Bayonetta é como um sucessor espiritual de Devil May Cry, o que não é de estranhar já que ambos são da autoria da Hideki Kamiya, personalidade da Platinum Games também responsável por Wonderful 101. Em termos de combate, é um jogo over-the-top com ataques atléticos e belos que ignoram por completo as leis naturais. Bayonetta, a protagonista, é uma bruxa sensual, confiante e provadora que chacina criaturas angélicas como profissão. Não é completamente como se fosse a encarnação feminina de Dante, mas é óbvio que as personagens partilham traços de personalidade não encarando com seriedade nem as situações mais perigosas.

O maior valor de Bayonetta está na jogabilidade, cheia de possibilidades e atribuindo dezenas de combos a cada arma, que vão sendo desbloqueadas à medida que colecionam os EPs musicais - uns mais fáceis de apanhar do que outros - e vão precisar de repetir várias vezes o jogo para conhecerem a fundo tudo o que o combate tem para dar. Embora o button mashing esteja associado aos hack-and-slash, esta técnica aqui não vos safa a não ser que recorram aos níveis mais fáceis de dificuldade. Não é um jogo fácil, mas como tudo o que é mais difícil, no final é mais recompensador.

O combate de excelência, um dos mais profundos, completos e variados que podem conhecer num hack-and-slash, é acompanhado pela mecânica Witch Time, que resumidamente, abranda o tempo durante alguns segundos quando conseguem desviar-se no último segundo dos ataques dos inimigos. Nestes momentos, Bayonetta está livre para castigar os inimigos sem obstáculos. O domínio desta técnica, dependente dos vossos reflexos e capacidade de observação, essencial para perceberem quando os inimigos vão atacar (nem sempre é fácil perceber isto porque há criaturas bastante rápidas).

Bayonetta é uma sinfonia crescente bem composta e em que cada um dos seus elementos contribui meticulosamente para uma resultância completa e equilibrada. Quer isto dizer que, enquanto jogo de ação, não há nada mais que poderiam pedir. O início do jogo instala o mistério e o gosto pelo combate, e ao longo dos capítulos, torna-se mais épico, mais espetacular até chegarmos ao ponto de pensarmos que não consegue surpreender mais, e é neste momento que, Bayonetta surpreende novamente, seja pelo encontro com um novo boss (é difícil escolher uma luta favorita, todas são soberbas) ou por uma revelação ou reviravolta associada à história, que está sempre acompanhada por uma pitada de humor.

"Com esta edição, Bayonetta torna-se simplesmente num dos melhores títulos no catálogo da Wii U"

Como nota final, quero enaltecer que, para estreantes, Bayonetta pode parecer inicialmente estranho. O conceito mistura várias ideias, realidades e dimensões, pelo que é muito para absorver num instante. Temos uma bruxa capaz de invocar criaturas infernais expandido os seus cabelos (e mais estranho ainda, adora chupa-chupas!), há anjos de vários formatos à mistura, os ambientes variam entre o citadino, gótico e angelical, temporalmente está inserido na modernidade mas por vezes viajamos séculos para trás, e todas as personagens são excêntricas. Mas pouco-a-pouco, à medida que absorvemos isto tudo, percebemos a genialidade e como tudo combina numa harmonia estética, desde a parte visual à banda sonora original que combina jazz, coros, piano num ritmo imparável que acompanha esta bruxa nas sua dança da morte contra os anjos.

Com esta edição, Bayonetta torna-se simplesmente num dos melhores títulos no catálogo da Wii U, uma compra obrigatória para apreciadores do género e recomendada até para quem habitualmente prefere outro tipo de jogos. A grande questão agora é, será que o segundo jogo consegue superar o primeiro?

Bayonetta será lançado para a Wii U a 24 de outubro ao par de Bayonetta 2. O jogo estará disponível em separado na Nintendo eShop ou em conjunto com Bayonetta na Special Edition e First Print Edition.

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Bayonetta

PS3, Xbox 360, Nintendo Wii U, PC, Nintendo Switch

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Sobre o Autor
Jorge Loureiro avatar

Jorge Loureiro

Editor

É o editor do Eurogamer Portugal e supervisiona todos os conteúdos publicados diariamente, mas faz um pouco de tudo, desde notícias, análises a vídeos para o nosso canal do Youtube. Gosta de experimentar todo o tipo de jogos, mas prefere acção, mundos abertos e jogos online com longa longevidade.
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