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CounterSpy - Análise

Arrebenta com a lua.

CounterSpy é uma das mais recente propostas indie a chegar às plataformas PlayStation e algo que recordo vivamente é de pensar que este era um dos jogos que queria jogar logo naquele instante em que foi anunciado. Isso foi em Fevereiro de 2013, quando a PlayStation 4 foi apresentada pela Sony, agora estamos em Agosto de 2014 e o futuro de outrora é o hoje de agora. Quer isto dizer que temos finalmente o jogo nas mãos e finalmente posso descobrir se foi inocência minha acreditar que CounterSpy seria o tipo de produtos que não poderia ser jogado em outra consola, o futuro estava ali, o futuro era a PlayStation 4.

Fruto de uma parceria entre o estúdio indie Dynamighty e estúdios internos da Sony, este é um tipo de jogo que leva bastante a sério as suas intenções de ser cómico. Humor inteligente contextualizado com as mais fascinantes conspirações da Guerra Fria, este jogo de espiões remete-nos para a década de 70 quando os Estados Unidos da América e a União Soviética ameaçavam destruir a lua e mostrar supremacia bélica. Tal não aconteceu propriamente assim na realidade mas aqui o tom cartoon faz das duas, desde os visuais ao enredo bem light diga-se.

Nesta realidade alternativa existe uma organização, a C.O.U.N.T.E.R.S.P.Y., que pretende impedir que estas duas super-potências carreguem naquele botão vermelho e libertem sobre a lua as suas armas nucleares. Temos então que invadir as instalações militares em cada um destes dois países para roubar os planos e outros frutos de investigação científica, como armas ou melhorias para o nosso espião utilizar: essenciais para enfrentarem de forma mais acessível os níveis. Algo que precisam ter em conta, quanto mais derem nas vistas mais aumenta o nível DEFCON e as tropas ficam mais atentas.

Assim que começam CounterSpy fica a sensação que este é um jogo ao estilo Metroidvania, ou o mais recente Strider caso prefiram pensar neste derivado, no qual temos um sidescroller 2D no qual navegamos de sala em sala. No entanto, ao contrário dos mais famosos exemplos no género, CS não é um mundo aberto, por assim dizer, é composto por níveis no qual temos que ir de ponto A a B e não existe backtracking ou a recolha de power-ups que nos vão permitir aceder a áreas anteriormente bloqueadas por falta de uma qualquer nova peça de armamento. Um dos meus maiores encantos com o jogo perdeu-se logo ali no primeiro nível.

Mas isto é uma questão de gosto pessoal e ainda assim acreditei que poderia ser benéfico para o jogo, a estrutura por níveis. No entanto, após terminar alguns níveis a falta de uma história mais elaborada, por muito cómica que seja e bem inteligente até nas suas tiradas, a ausência de antagonistas principais além dos genéricos soldados e a completa inexistência de bosses de final de nível deixaram-me com uma imagem completamente diferente, CounterSpy é um jogo que está muito abaixo do seu potencial. Não falo da necessidade de imitar os que vieram antes ou seguir as suas regras, falo da capacidade de aproveitar o que nos deram de bom e ir mais além.

Tendo em conta que estamos perante um trabalho de ex-membros da LucasArts e Pixar, é compreensível que exista aqui estilo e saber. As bases do gameplay são mais do que interessantes mas rapidamente sentimos que apesar de toda a sua personalidade o jogo não tem a força que desejaríamos. Isto consegue deixar-me com pena porque a essência do jogo é até fascinante. Para tentar inserir o seu toque pessoal à fórmula sobejamente conhecida, CounterSpy implementa elementos furtivos no gameplay que vai além do silenciador nas armas: temos pontos de cobertura nos quais nos podemos proteger para atacar os inimigos, seja à distância ou corpo-a-corpo.

A procura por pedaços de investigação científica para criar armas ou melhorias (estas são compradas e ativadas por um só nível), a insistência em baixar o nível de alerta da base (o DEFCON) através da nossa prestação e a recompensa por uma abordagem mais bem pensada são alguns dos seus melhores condimentos quando funcionam em sintonia. No entanto, rapidamente a experiência pode perder interesse e ficamos perante um produto que até se arrisca a ser banal porque as suas boas ideias não foram exploradas e implementadas como deveriam ter sido.

"Fico com alguma pena de CounterSpy. Espero que triunfe não porque lhe quero perdoar os erros mas sim porque quero que as suas virtudes dêem origem a uma sequela."

O estilo visual é dos pontos altos.

Pegando no exemplo da referida abordagem furtiva, é altamente interessante a perspetiva passar do plano 2D para uma perspetiva nas costas do personagem, dá uma interessante frescura à experiência. Planear de forma cuidada como eliminamos os alvos e pensando bem na ordem para evitar os alertas está bem conseguido mas quando percebemos que a inteligência artificial roça o medíocre e o desafio só existe na quantidade dos inimigos ao mesmo tempo, o jogo perde um pouco da sua "força". Alguns erros ocasionais e subidas de dificuldade também podem fazer das suas mas no geral ficamos com a sensação que nós é que nos pusemos a jeito. Ainda assim ficam algumas reticências quanto ao design dos níveis.

Rapidamente percebemos que não existe aqui a profundidade desejada e que o jogo é ligeiramente diferente daqueles clássicos que nos vieram à cabeça. Até aqui tudo bem, os jogos não precisam ser todos iguais e até faz bem alguma frescura, algo diferente nem que seja ligeiramente. A música e a forma como nos envolve no espírito do tema e cenário é um dos elementos que mais trabalha para inserir o jogador em CounterSpy. Os visuais, como já referi, é também outro dos elementos mais agradáveis neste produto. Pena não existir nenhum momento em especial que vá ficar connosco, rapidamente tudo se torna demasiado igual.

Com uns toques aqui e ali, uns ajustes nisto e naquilo, CounterSpy poderia ter sido tudo o que é e muito mais ainda, sendo na mesma um produto similar mas com a sua marca. Tal como está é um jogo cujas debilidades o deixam demasiado exposto quando as suas forças já não têm a mesma força que outrora. O gameplay funciona e cativa, aliás foi graças à diversão que controlar o personagem e desbravar salas repletas de inimigos enquanto procurava ser astuto e ágil que me motivaram mas ainda assim o jogo é pequeno. Quando damos por ela terminou e a única opção é enfrentar uma dificuldade superior com tudo o que conquistamos na sessão anterior.

Fica ainda uma palavra para a curiosa mecânica que nos coloca a competir contra outros jogadores da PlayStation Network. Tal como é apanágio neste género, existem muitas salas escondidas com itens/dinheiro à nossa espera e ocasionalmente, podemos encontrar aqui os corpos de agentes que pereceram em missão. São outros jogadores PSN cuja pontuação teremos que bater para recebermos a notificação de elogio e a respetiva recompensa em dinheiro.

Pena que CounterSpy não tenha uma personalidade ainda mais forte, que não tenha copiado mais os melhores do género onde deveria para acompanhar o que faz de bem, principalmente os elementos furtivos. Pena o enredo ser cómico mas banal, bom para quem quer algo mais ligeiro, e pena não se conseguir afirmar. Fica uma boa tentativa e o desejo que o estúdio tenha possibilidades para voltar com uma sequela que faz o que este faz mas ainda melhor.

No primeiro impacto senti que CounterSpy era aquele jogo que estava mesmo a precisar de jogar. Finalmente encontrei-me com um dos jogos que mais expectativas me criou quando a PlayStation 4 foi anunciada mas por cada passo dado ficava com um sabor amargo na boca. Inicialmente, o estilo Metroidvania fez-me sentir que estava perante um jogo que caso desse os passos certos seria de topo mas logo em seguida estava a perceber que o estilo reinava e exigia mais substância. É um bom passatempo se não tiverem mais nada de momento mas aconselharia esperar por uma promoção.

6 / 10

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CounterSpy

PS4, PS3, PlayStation Vita

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Sobre o Autor
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Bruno Galvão

Redator

O Bruno tem um gosto requintado. Para ele os videojogos são mais que um entretenimento e gosta de discutir sobre formas e arte. Para além disso consome tudo que seja Japonês, principalmente JRPG. Nós só agradecemos.
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