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Wooden Sen'Sey - Análise

Sem remorsos.

O pequeníssimo estúdio francês Upper Byte Studio, constituído por apenas três programadores, oferece em Wooden Sen'Sey, um jogo de acção e plataformas, balizado no Japão do vapor, madeira e pedra. O jogador é Goro, um pequeno chefe de uma aldeia rural, coberto por um chapéu e munido de um par de machados afiados, atados a umas correntes, e que num dia aparentemente igual a tantos outros descobre que larápios desconhecidos furtaram as reservas de álcool armazenadas. Furioso pelo sucedido e pretendendo recuperar o precioso líquido mas também exercer justiça sobre os malfeitores, Goro está longe de adivinhar os perigos, criaturas e diferentes territórios que terá de trilhar até completar a demanda.

Editado pela Neko Entertainment, uma editora que tem transportado até à eShop várias produções independentes, Wooden Sen'Sey recupera algumas mecânicas mais tradicionais nos jogos de acção e plataformas embora não esteja isento de limitações e manifestas falhas que privam a obra de lograr outros voos. A dificuldade mais agravada, sobretudo a partir do primeiro capítulo parece ir de encontro ao acervo de produções clássicas como Mega Man ou Metal Slug, ainda que com uma arquitectura bem mais simples e menos desafiante no seu núcleo. Alguns níveis são compridos, demasiado até, apesar de existirem pontos intermédios para gravação da posição e a cedência de um conjunto significativo de vidas ao começo permita manter o jogador por algum tempo em actividade.

Há uma secção subaquática inspirada nos shooters clássicos 2D.

O modo campanha é inicialmente composto por nove níveis, todos diferenciados, repletos de algumas engenharias e mecânicas que põem à prova o intrépido herói, com uma estética agradável. Não é um quadro visual fulgurante e profundo como vemos em Rayman Origins ou mais recentemente em Guacamelee: Super Turbo Hyper Edition. Alguns efeitos são interessantes mas verdadeiramente pouca coisa acontece e há um vazio cosntante. Apesar da repetição dos fundos, Wooden Sen'Sey não é forte em detalhes e pormenores, aliás sente-se que os cenários, apesar de bonitos, estão longe de deslumbrar e que quando há mais ocupação no ecrã, a "frame-rate" aperta as sobrancelhas.

Goro tem à sua dispoisção alguns movimentos, como o golpe melee, talvez a porta de entrada para uma lista de golpes que está longe de impressionar mas que não deixa de ser funcional. O problema está no alcance do golpe melee, que muitas vezes só toca no inimigo quando a personagem está praticamente encostada e por isso sujeita a receber dano. Em alternativa é possível desferir um poderoso "mega attack", que até permite ao protagonista elevar-se temporariamente, podendo aceder a secções superiores como plataformas.

Neste caso, depois de realizar um salto, premindo o botão analógico na direcção inferior, juntamente com o botão B, os machados são atirados com violência, destruindo inimigos, mas também reduzem a uma nuvem de pó certos obstáculos como blocos de granito. O resultado opera satisfatoriamente, melhor até que o controlo por movimentos, que assenta na deslocação do GamePad num movimento rápido. Uma vez que este golpe torna-se recorrente, rapidamente se percebe que seria complicado executar tal movimento várias vezes em tão pouco tempo. Utilizando o Wii remote, este método alternativo até se safa melhor. Ao progredir de nível, Goro descobre mais algumas operações como o gancho com o qual atravessa espaços largos entre plataformas, desde que por cima exista uma construção de madeira à qual possa lançar os machados e correntes. Se girarem o GamePad conseguem balancear o protagonista, podendo saltar com mais força. Neste caso os comandos respondem bem e podem até ser utilizados para liquidar inimigos voadores como os sempre terríveis morcegos e as suas desconcertantes investidas descendentes.

Imensos objectos para coleccionar num nível, como vidas suplementares e garrafas de álcool.

Em termos de objectos, Goro começa por aceder aos famosos "shurikens" mas rapidamente descobre preciosas granadas, úteis para abrir caminho e derrubar adversários mais sólidos. Até mísseis terá à sua disposição, o que lhe confere um estatuto aparentemente privilegiado. Porém, não é tudo tão equilibrado como se suspeitaria. Alguns comandos não respondem com a precisão necessária, sobretudo quando usamos o "mega attack" constantemente, o gancho também não alcança a precisão e suavidade desejada, basta que deixemos a personagem cair mais um pouco e torna-se impossível recuperá-la. Estas falhas, num quadro de progressão mais apertado limitam as chances do jogador sair bem sucedido, embora não seja complicado de todo terminar a campanha.

Concluída parte da campanha, são-vos oferecidos 30 níveis que podem ser percorridos contra o relógio, estando no final reservadas medalhas para os mais lestos. O nível de dificuldade sobe à medida que avançamos mas nem por isso deixa de ser um desafio capaz de se posicionar como uma grande alternativa à campanha. O interesse repousa em completar o mais depressa possível a secção, e sobretudo bater o tempo dos criadores do jogo. No final, a tabela de liderança revela a vossa posição.

Com mais produção e uma melhoria dos golpes e movimentos praticados por Goro, Wooden Sen'Sey podia ir mais longe. Por falar em jogos de acção e plataformas com foco na dificuldade e interacção privilegiada, há sempre o majestoso e arrebatador Ultimate Ghosts 'n Gobblins, seguramente a minha mais sólida referência quando penso no género de acção e plataformas 2 e 3D dos tempos mais recentes, produzido pela Capcom. Mas percebendo a limitação do Upper Byte Studio e o seu escasso orçamento, digamos que ainda assim os três aderentes programadores criaram uma experiência "indie" que, embora com falhas e limitações, não deixa de proporcionar momentos desafiantes e de significativa interacção.

5 / 10

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Wooden Sen'Sey

Nintendo Wii U

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.

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