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Dead Nation - Análise

A versão que o jogo merecia.

Esta é a terceira vez que jogo Dead Nation, a segunda no espaço de um mês sensivelmente, e depois da versão PlayStation 4, eis que finalmente o jogo do Housemarque recebe a versão PlayStation Vita, aquela que deveria ter recebido originalmente. Pelo menos a que deveria ter acompanhado o lançamento original na PlayStation 3. Depois da Apocalypse Edition que não me pareceu nada mais do que uma tentativa da Sony utilizar um jogo tão focado no multi para procurar justificar a subscrição Plus, eis que temos uma nova plataforma que muda por si só a forma como o jogo se sente nas nossas mãos.

Isto porque vamos ter no verdadeiro sentido do termo Dead Nation nas nossas mãos e que rica prenda que o Housemarque e a Sony nos dão. Apesar de já ir a caminho da terceira vez que o jogo, diria que à terceira foi de vez e o encanto instalou-se. Aliás, senti desde o lançamento original que estava aqui um bom produto para uma portátil e aparentemente não me enganei. Depois do fenomenal Super Stardust Delta para a Vita temos um novo twin-stick shooter que nos faz agarrar a portátil com mais firmeza e vivacidade. No entanto, para um jogo que vivia da combinação de esforços com outros jogadores, será que um maior foco nas partidas a solo funcionará? Para ser sincero aqui temos uma boa combinação dos dois.

Ao contrário dos seus produtos anteriores, aqui em Dead Nation o Housemarque imaginou um futuro no qual uma doença transformou a grande maioria da humanidade em mortos-vivos. Assumindo o papel de um dos escassos sobreviventes, podemos escolher um homem ou uma mulher, teremos que desbravar caminho para sobreviver e descobrir toda a verdade por detrás deste terrível mistério. Está na hora de preparar as armas, carregá-las de melhorias e apontar certeiro. Tudo em qualquer lugar pois não mais estamos restritos à TV grande. Um ritmo mais liberal, o jogador pode gerir melhor o passo, mas uma maior necessidade de gerir o seu inventário está inerente nesta experiência.

Os gráficos foram inferiorizados para se ajustarem mas a gameplay foi convertida em pleno.

Como já todos sabem, Dead Nation Vita é a conversão para a plataforma portátil do shoot 'em up com perspetiva aérea que nos coloca num mundo pós-apocalíptico. Também já todos conhecemos os shooters com dois analógicos que tanta fama conquistaram na anterior geração, e que agora começam a originar derivados ou até regressos ao passado (retro-futuristas). A grande maioria deles está inserido numa simples mecânica: disparar para eliminar e desviar para sobreviver. No entanto, o Housemarque conseguiu moldar um pouco a profundidade associada aos seus produtos e conseguiu dar a Dead Nation distinção.

Cada jogo do estúdio Finlandês aposta em grande na vertente da sobrevivência. Insiste em bombardear os jogadores com adversários que o perseguem e situações hostis na qual a rapidez dos reflexos será altamente importante. Resogun leva o jogador quase ao desespero e exaustão quando o mergulha num mar de balas vindas de todos os lados enquanto lhe pede para salvar humanos, recebendo recompensas. Super Stardust HD obriga-nos a intercalar entre comportamento arriscado com mais cautela para subir nas tabelas de pontuações. Todos os jogos do estúdio combinam diferentes momentos de jogo inseridos dentro de um contexto.

Em Dead Nation não temos uma nave, temos um ser humano que terá que chegar a um determinado ponto (contextualizado na história contada em custscenes estilo BD no início de cada nível) enfrentando pelo caminho vários zombies. Existem várias armas, com modos de disparo ou dano diferentes, existem diferentes tipos de inimigo, comportamentos distintos a conhecer e respeitar para melhor saborear a aventura. Assim que iniciamos marcha com direção ao domínio, os zombies correm para nós e quando as balas não resultam, podemos desferir ataques físicos acreditando que o encadeamento de movimentos nos permite evitar sofrer danos.

O jogo começa moderado e quase nos faz acreditar que é fácil, puro engano. Não é por acaso que Dead Nation ganha o dobro da diversão quando jogado com outra pessoa (algo que podem fazer aqui mas que curiosamente senti perder muita da importância nesta versão portátil pela forma como se sente tão bem jogado a solo na Vita). Poderá na mesma tornar-se frustrante pois a dificuldade está altamente ligada à presença de duas pessoas, quase obrigatória em alguns momentos mas é difícil e desafiante sempre tentando incutir no jogador a ideia que é ele próprio e as falhas que permite que moldam a experiência.

O estúdio gaba-se da inteligência artificial e da quantidade de zombies que podem preencher o ecrã ao mesmo tempo, dois elementos fulcrais da experiência que foram convertidos na perfeição para a versão Vita. Aprender os básicos da gameplay é o primeiro passo lógico, saber quais as armas a comprar e melhorar é o segundo passo essencial para chegar mais longe. Aprofundar para dominar é o expoente máximo que teremos que alcançar pois manter a pontuação em alta enquanto evitamos danos e eliminamos de forma intuitiva e imediata hordas de zombies é o que caracteriza Dead Nation. Na Vita sente-se como se tivesse sido feito a pensar nela.

Visualmente temos um trabalho altamente competente do Climax Studios, responsável pela conversão do jogo para a Vita, que aparentemente soube onde efetuar as devidas contra-partidas para obter os resultados desejados. Isto porque Dead Nation Vita não quebra e deixa o jogador envolto numa gameplay soluçante, tudo decorre de forma fluída. Os comandos oferecem uma boa interação entre jogo e jogador nos seus tempos de resposta e talvez só mesmo os visuais desencantem quem quer que já tenha tido acesso a uma das existentes versões.

De forma alguma esta versão compete a nível visual com as versões caseiras, especialmente aos que foram expostos à conversão para 1080p na PlayStation 4. Além da falta de anti-aliasing, que afeta algumas partes do cenário, é perceptível a clara inferiorização a nível visual, especialmente nas texturas e detalhe dos modelos e edifícios. No entanto, para um jogo com tão forte foco na gameplay e na resposta dos comandos, fica a sensação que a conversão foi bem gerida e no geral temos algo satisfatório.

Em termos de controlos específicos da Vita, Dead Nation é jogado da mesma exata forma que seria caso tivessem a jogar com um DualShock. Aliás, muitos podem até ter usado a função Reprodução Remota e jogado a versão PS4 na Vita, utilizando a portátil como um comando e ecrã para o jogo. Desta forma, temos o jogo plenamente adaptado e sem quaisquer problemas técnicos associados aquela tenologia. Como seria de esperar numa conversão, Dead Nation não recorre às funcionalidades singulares da PlayStation Vita para quaisquer mudanças significativas na gameplay sendo na sua essência uma conversão direta.

Onde alguns jogadores podem sentir ligeiras reticências com esta versão é na ergonomia do sistema em si. Não é o mesmo que segurar um DualShock na mão, principalmente o 4, portanto não e admirem se a Vita vos começar a fugir da posição na qual a seguraram originalmente. Movimentar o analógico para apontar também precisou de algum hábito e mesmo ao fim de alguns níveis este ainda tinha a tendência a fugir e falhava alguns disparos. É uma questão de hábito e que certamente depende de jogador para jogador mas ainda assim senti algum desconforto enquanto jogada. Especialmente se usarem a arma padrão. Um pequeno detalhe que de forma alguma estraga a experiência.

À terceira foi de vez e Dead Nation fez 'click' nesta versão Vita. Apesar de reconhecer o talento inerente na experiência, ou pelo menos no conceito visionado pelo estúdio, existiam alguns problemas na estrutura e design do jogo que faziam com que não sentisse aquela vontade de o jogar com tanto entusiasmo quanto os anteriores produtos do Housemarque. Agora, no formato portátil, algo parece ter-se encaixado e sinto que o jogo faz mais sentido na Vita do que na PS3 ou PS4. Mesmo para os que vão jogar sem acesso aos modos online, Dead Nation Vita é um puro prazer em qualquer lado e ficamos mesmo impressionados com algo que já deveria ser banal de ver após 4 anos.

Dead Nation para a PlayStation Vita era um jogo que gritava para acontecer. Acredito ate que estávamos perante uma certa injustiça quanto ao facto de esta versão teimar em não existir. Nem na PlayStation 3 e nem na mais recente versão PlayStation 4 consegui sentir o gosto por este jogo que senti aqui. Foi assim tão fulcral a nível pessoal o ponto portátil. A possibilidade de parar o jogo e retomar quando quisermos, a estrutura de níveis curtos com checkpoints aliado a todo o eco-sistema de melhoria de armas e armadura fazem com que a Vita tenha ganho mais um sólido ponto no seu catálogo.

8 / 10

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Dead Nation

PS3, PlayStation Vita

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Bruno Galvão

Redator

O Bruno tem um gosto requintado. Para ele os videojogos são mais que um entretenimento e gosta de discutir sobre formas e arte. Para além disso consome tudo que seja Japonês, principalmente JRPG. Nós só agradecemos.
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