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Nintendo: O presente e o futuro

Deverá a companhia adaptar-se aos tempos?

O que é verdade, e curioso ao mesmo tempo, é que o risco é muito mais perigoso no caso da Nintendo. Eu explico. Empresas como a Sony ou Microsoft, possuem áreas e produtos suficientemente diversificados para compensar eventuais perdas de um sector. Já a Nintendo, tem apenas a 3DS para almofadar as falhas da irmã mais velha. E por muito fortes que tenham vindo a ser as vendas da portátil, estas não são nem de perto, suficientes para cobrir aquilo que a Wii U tem perdido.

O principal público que abandonou a companhia nem foram os jogadores das duas outras gigantes competidoras. Onde a Nintendo perdeu o chão, foi com o chamado público "casual", o novo público, que tradicionalmente nem é “gamer”, mas também não é “não-gamer”. São as mulheres que compraram a Wii pelo Wii Fit, os adultos que ficaram curiosos com a nova forma de interactividade do comando, as crianças que queriam o Wii Sports para jogar ténis, são indivíduos que não se definem como gamers, mas que gostam da interactividade, gostam de jogar, mas que agora têm um smartphone capaz de o fazer, e zero motivos para comprar uma consola dedicada.

A Wii U está provavelmente condenada, não quero soar alarmista, isso não quer dizer que vai deixar de ser vendida, não quer dizer que vão deixar de sair jogos para ela. Prevejo que se torne uma segunda GameCube, fará o seu percurso calmamente até ao final da geração, mas não deverá conseguir acompanhar as outras duas como concorrente a sério, mesmo que as suas vendas melhorem eventualmente.

Poderá ter o mesmo destino da Sega e passar a desenvolver apenas Software? Acredito que sim, mas não para já. A Sega caiu antecipadamente porque apostou tudo na Dreamcast, a Nintendo tem os cofres cheios para investir, e tem ainda a consola líder das portáteis forte e firme. Depois também ainda não jogou todas as suas cartas, falta Mario Kart, Zelda, Kid Icarus, Metroid, F-Zero e tantos outros ícones do gaming, que agora se vêm rodeados por Clash of Clans de um lado, e Call of Dutys do outro.

"A Wii U está provavelmente condenada"

O que poderá acabar por acontecer de modo precoce à Nintendo, é ser a primeira a cair, e cair com mais estrondo que as restantes, mas apenas por um motivo, porque é a única das três completamente dedicada aos jogos. Permitam-me explicar o ponto de vista. O smartphone que carregamos no bolso não é apenas um telefone, mas a nossa colecção de livros, música, a nossa câmara, entre outras coisas. É como um canivete Suíço moderno, e é por isso que foi revolucionário. Daqui a umas décadas, ou menos até, o mesmo princípio deverá ser aplicado ao consumo de media caseiro, onde se incluem os videojogos.

De certa forma isto já tem acontecido lentamente tanto com as televisões como com as consolas, há muito que estas últimas deixaram de ser apenas máquinas de jogos. Agora imaginem o dia em que um único aparelho será capaz de proporcionar a grande maioria do consumo de media, física ou digitalmente. Como coleccionador, não sou particularmente adepto desta opção, também não me agrada muito a ideia da uniformização de interface, gosto da especificidade de cada sistema, cresci com ela, e é por isso que desejo o melhor para a Nintendo.

Mas voltando ao cerne da questão, as marcas PlayStation e Xbox deverão resistir mais facilmente, porque rapidamente a Sony e Microsoft as aproveitarão para vender a tal ideia de uma caixa única de media debaixo das nomenclaturas das suas marcas, é mais simples para elas, considerando que actuam em vários campos do entretenimento. O mundo muda, e se não aceitamos mudar com ele, este passa-nos por cima sem piedade. As pessoas hoje exigem opções, mas a Nintendo respira jogos, é um último raio de luz num mundo que algumas gerações não reconhecem mais.

Vaticinar o seu fim é simplesmente estúpido, pelo menos enquanto os seus fãs respirarem é estúpido. Qualquer pessoa com um conhecimento básico de economia sabe que a oferta se ajusta sempre à procura, e por isso enquanto existirem fãs a querer jogos da companhia Japonesa, estes continuarão a sair, com maior ou menor periodicidade. O que podemos nós como meros jogadores fazer? Bem, usar o maior poder que temos enquanto consumidores e jogadores, puxar da carteira e matar saudades de velhos amigos.

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Aníbal Gonçalves

Redator

MMOs e RPG são com o Aníbal. Aliás existe um rumor na redação que a sua primeira casa é o World of Warcraft. Mas às vezes também o vemos a fazer uns exercícios. Não é mau de todo.
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