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Aeterno Blade - Análise

Espada pouco entusiasmante.

Diante de recentes propostas para a 3DS como Code of Princess, o sucessor espiritual de Guardian Heroes para a Sega Saturn, Aeterno Blade dos tailandeses da Corocell Technology mais parece um pesadelo do qual existem poucas garantias de um despertar. O pequeno estúdio não teve vida fácil durante a produção deste jogo de acção, plataformas e puzzles, tremendamente genérico e com visível falta de produção. Faltou muito daquilo que ajuda a construir um jogo bem sucedido: um design limpo e original, bons inimigos, boa inteligência artificial, uma narrativa capaz de prender o jogador e personagens principais entusiasmantes. O único capítulo que segue uma direcção oposta a isto abrange os mecanismos de desenvolvimento da personagem, embora esses não sejam particularmente inovadores.

As impressões da demonstração publicada pela Nintendo a meio do mês de Dezembro fizeram temer o pior. Com a versão final agora disponível, só se pode concluir que nada mudou desde então e que este é um daqueles jogos que não deixa recordações, restando agora esperar por outras propostas que possam conhecer pelo menos o mérito de Code of Princess.

Os primeiros níveis levam-nos a reconhecer a generosa influência do design "metroidvania", com áreas repletas de percursos alternativos onde podem ser recuperados bónus e outros objectos úteis para o desenvolvimento da personagem, como as "relics".

O primeiro grande combate.

Mas a apresentação das personagens logo ao princípio não corre bem. Aliás, nenhuma é suficientemente empática e a história, para além de começar nalguns clichés (a vingança da protagonista Freyja contra o vilão Beladim "Lord of the Mist" que destruiu a sua vila Ridgeroge, matando a sua tribo), não oferece ritmo e rapidamente resvala para um tédio aterrador. A personagem principal não tem mau aspecto de todo, mas há aquela questão que nos acompanha: como pode aquela figura quase inane lutar contra colossais criaturas do mal? Menos mal a feiticeira que a acompanha e lhe providência as instruções sobre como melhorar o seu equipamento e habilidades. Mas os inimigos são tão aterradores que até podem passar algo incólumes no meio daquele caldo entornado. Como se o seu fraco aspecto não bastasse, quase todos, à excepção dos "bosses", parecem carne para canhão, avançando como "zombies" na direcção da protagonista como quem avança sem esperança para o cadafalso à espera do momento em que os pés deixem de estar seguros.

A isto acresce uma pobreza imensa em termos de design e grafismo. Alguns puzzles requerem uma certa ginástica mental quando aplicamos uma técnica que permite recuar no tempo sem que a personagem se desloque do sítio, através de um jogo de alavancas que não consegue disfarçar um certo minimalismo. Mas a produção tridimensional é muito pobre e nem a perspectiva 2D esconde a construção genérica e pouco surpreendente, com muitas arestas, ausência de detalhes e assente numa paleta de cores diminuta, de castanhos, cinzentos e negros. As plataformas são básicas e a ausência de animações nos movimentos das personagens torna o combate muito robótico.

Os golpes da nossa personagem por vezes nem chegam a tocar no inimigo e quase nos vemos forçados a chocar corporalmente com os adversários para que os golpes realizados de seguida tenham sucesso. Ao fim de alguns níveis vamos ganhando mais golpes, através da aquisição das "relics", ao mesmo tempo que é permitido melhorar o estatuto da personagem. Este desenvolvimento é fulcral para se obter sucesso nas batalhas contra os "bosses", dos poucos momentos do jogo em que é necessário colocar em prática uma estratégia para se sair como vencedor. Esta sequência até funciona bem e permite um grau de afinação de estratégias interessante.

O ecrã táctil pode ser usado para alterar o sistema de combate, entre outras finalidades.

No entanto, faltou optimizar o jogo. Os "loadings" são imensos (ainda que seja possível gravar frequentemente o jogo), a fluidez está longe de ser a desejável e as cenas animadas não conseguem acrescentar a emoção que era suposto. A música passa despercebida e não há um tema capaz de dar uns sinais de mudança. Os efeitos 3D são modestos e não restam mais opções a seguir a não ser uma campanha previsível, frustrante e de má memória.

Enquanto jogo integrado no género que compreende acção, role play, plataformas e puzzles, e que encontra nos combates o seu combustível, Aeterno Blade está longe de ser uma experiência aceitável. Qualquer Castlevania que não deixou saudades parece um bom jogo junto desta produção. Temos assim um jogo com pouca produção, uma história fraca, um sistema de combate distante de convencer e personagens que não tocam o carismático. Tudo isto contribui para uma experiência entediante e penosa. O catálogo da 3DS é enormíssimo, com uma oferta que abarca quase todos os géneros com opções muito válidas, pelo que no meio de tantos títulos há sempre alguns que não encontram correspondência com o grau de qualidade esperado.

3 / 10

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