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2014 FIFA World Cup Brazil: Entrevista a Matthew Prior

Conversámos com o produtor, em Madrid, sobre as novidades de 2014 FIFA World Cup Brazil.

Eurogamer: 2014 é um grande ano para os produtos FIFA. Além do novo jogo da série lá mais para a frente, está a chegar o mundial, o evento desportivo mais acompanhado em todo o mundo. Como se envolveu na produção do jogo?

Matthew Prior: Eu sou o "line producer". Tenho a supervisão sobre toda a equipa e projecto, o que basicamente implica desenvolver uma visão criativa sobre aquilo que podemos transportar para o jogo mas também o que é que devemos retirar, e como gostaríamos que o jogo ficasse no final. Mas também trabalho sobre a parte dos orçamentos e definição da equipa que desenvolve o jogo. Mas como "line producer" trabalho essencialmente sobre o lado criativo.

EG: Quais foram os seus objectivos quando se sentou pela primeira vez a pensar sobre como seria o próximo FIFA World Cup?

Matthew Prior: Várias coisas. Em primeiro lugar nós quisemos fazer o maior jogo de sempre de um evento desportivo. Ter mais modos de jogo, porque normalmente os jogos da série World Cup apelam a cerca de 50% dos jogadores habituais FIFA e a restante percentagem é constituída por jogadores que compram o jogo devido à realização do evento, pelo que são novos utilizadores.

EG: Ou seja, o objectivo passa também por trazer novos jogadores para a série...

Matthew Prior: Sim. Essas pessoas que normalmente não compram outros produtos. O World Cup tem inerentemente um apelo casual, porque não tem que ver com clubes de futebol. Toda a gente é por algum país e muitas vezes só prestam atenção ao futebol quando o torneio acontece. Mas nós tivemos que apelar quer aos utilizadores de FIFA, quer aos novos utilizadores, por isso esse foi o nosso maior desafio. De modo a alcançar esse resultado optamos por incluir um conjunto significativo de modos de jogo, fizemos melhoramentos decisivos e mudanças para os jogadores de FIFA apreciarem essas alterações e, ao mesmo tempo, para os iniciados introduzimos um novo modo de jogo chamado "beginner mode". Nós sabemos que há muitas pessoas que compram FIFA, só o jogam por uma hora e depois nunca mais lhe tocam. Uma das razões para isso é que o jogo torna-se-lhes demasiado difícil. Mesmo num nível amador, FIFA é difícil, daí que tenhamos incluído este modo para que mesmo um rapaz de 5 anos capaz de segurar o comando, possa encontrar divertimento. Na prática isto foi desenhado como um nível de entrada. Não esperamos que as pessoas se fiquem por aquela dificuldade, mas que progridam para níveis de dificuldade elevados. Portanto o nosso objectivo assentou em fazer o maior jogo sobre o evento e que ao mesmo tempo pudesse apelar aos utilizadores de FIFA e aos novos jogadores.

EG: Um dos aspectos que vi merecer destaque na apresentação foi a atmosfera que se irá sentir no Brasil. Chegou a ir lá?

Matthew Prior: Não, infelizmente não (risos).

EG: No Brasil, como disse, o futebol é como uma religião. Isso está no jogo. A animação que vem das bancadas...

MP: Sim, esse é um ponto muito importante que está capturado. É que o World Cup, na minha opinião, e penso que muitas pessoas também o subscrevem, é aquele evento desportivo mundial. É um torneio excitante. E o que o torna tão especial é a atmosfera. O futebol está lá, com as suas regras e como o vemos todas as semanas e ao fim-de-semana, mas é a atmosfera que torna tudo mais especial. Como disse na apresentação, é o casamento perfeito do carnaval com futebol. É uma celebração destas culturas que se dissemina pela nação. E quando vês uma transmissão do World Cup e uma bola vai para fora das quatro linhas, a câmara apanha algum fã maluco na bancada equipado com uma data de coisas estranhas.

EG: E depois ainda há os treinadores: Scolari, Van Gaal...

Matthew Prior: Sim, todos os treinadores. Essa é uma parte essencial do jogo e é isso que faz do World Cup algo tão especial. Nós não podíamos fazer um jogo World Cup e usar esse nome se não capturássemos isso. A atmosfera compõe muito do jogo, é uma parte muito relevante. Criamos ainda mais algumas coisas como os fãs reunidos em locais emblemáticos como Trafalgar Square. Em Portugal escolhemos Lisboa, como o local de reunião dos fãs e no fundo é isso o mundial, reunir aquela excitação e sensação de carnaval.

"A atmosfera compõe muito do jogo, é uma parte muito relevante" - Matthew Prior

EG: Notei que deram particular importância às animações dos jogadores mas também à física, fruto da colaboração com a Adidas sobre a Brazuca, o que vos permitiu ter acesso a dados relevantes.

Matthew Prior: Sim, nós tivemos uma boa relação com a Adidas, como temos sempre aliás, mas desta vez queríamos dar um passo em frente e, como dizes, não demos relevância apenas ao aspecto visual da bola, mas também à vertente física da bola. A bola do mundial é quase um evento dos média, algo que integra o mundial e por isso optamos por aceder a dados relevantes. Nós fizemos isso no último jogo, mas queremos sempre melhorar e optamos por incorporar a física daquela bola. Perguntámos à Adidas se eles tinham alguns detalhes relativos à física e eles responderam-nos com uma série de dados sobre o túnel de vento, que remetemos para os nossos técnicos analisarem e integrarem no jogo.

EG: E depois há os jogadores que fazem grandes remates à baliza, para golo, deixando a sua marca, como o Ronaldo. Ao experimentar o jogo deu para sentir e observar isso. Mas as animações também foram melhoradas.

Matthew Prior: O Ronaldo é mágico. O mundial é o sítio onde os jogadores brilham e isso também é uma marca do mundial. O Neymar é famoso, mas acho que ele vai ser um dos principais jogadores e o Ronaldo vai ser fenomenal como tem sido. Constantemente melhoramos as animações e os movimentos desses jogadores. E isso verifica-se quando um desses jogadores recebe a bola, é o momento central. Jogas com Ronaldo, jogas com Neymar e há uma reacção imediata de espanto, um nível de excitação imediato.

EG: São jogadores que podem desequilibrar numa partida, como naquele Suécia vs Portugal. Deram importância a resultados desse género?

Matthew Prior: Um dos pormenores sobre isso são os dados do jogo do dia. Vamos supor que o Ronaldo está a efectuar uma campanha fabulosa no mundial. Essa performance será reflectida no jogo, pelo que podem activar a opção do jogo do dia. Se ele estiver a jogar muito bem no mundial, ele jogará muito bem no jogo. É uma ligação interessante entre os dois desafios. E do mesmo modo, se ele se lesionar, o mesmo acontecerá no jogo.

EG: Quantas nações estão presentes no jogo?

Matthew Prior: Nós temos 203 selecções. Cada uma das equipas que a FIFA nos permitiu incluir.

EG: Podem jogar com qualquer selecção, mesmo uma que não tenha logrado a qualificação para o mundial?

Matthew Prior: Seguramente. É o modo Road to World Cup. Literalmente escolhes uma equipa qualquer do planeta e começarás por disputar com ela a fase de apuramento (qualificação). No entanto, o formato da qualificação é diferente consoante a região. É uma experiência diferente qualificar a Jamaica e qualificar Portugal, por causa do formato.

"Neste momento a Xbox 360 e a PS3 são as consolas mais populares no planeta. A próxima geração provavelmente será maior, mas neste momento mais pessoas estão ligadas à PS3 e 360."

EG: Tive curiosidade pelo modo Story of Finals. Está um pouco diferente. Pode falar-nos sobre as novidades?

Matthew Prior: Há algumas diferenças. Esse é um modo que recria acontecimentos futebolísticos que acabaste de ver. Imagina que no Portugal vs Alemanha, Ronaldo faz um hat-trick nos últimos dez minutos. Uma hora depois do jogo, e isto é uma melhoria em relação ao jogo anterior, pois o tempo de espera por estes eventos foi diminuído, poderás ir ao jogo e recriar esse momento. Com este modo puxamos para o jogo todo o entusiasmo que os fãs viveram. Assistes ao jogo e depois vens para o nosso jogo e tentas recriar esse momento. Uma das coisas interessantes desta vez é que para lá de haver um evento para cada um dos jogos do mundial, esses eventos ficarão guardados. Anteriormente um novo evento diário apagava o anterior, agora todos os eventos criados permanecerão ao longo do mundial. Por exemplo, se Portugal for à final e vencer o mundial, poderás voltar atrás e recriar todos os jogos. É como escrever a história do mundial. Voltar atrás e jogar cada um dos jogos.

EG: Essa disponibilidade dos eventos é imediata.

Matthew Prior: Sim. Anteriormente os eventos ficavam disponíveis no dia a seguir, mas desta vez será no intervalo de uma hora. Nós queremos que os jogadores tragam ainda o entusiasmo daquilo que acabaram de ver. Ao esperar um dia essa emoção pode desaparecer.

EG: O jogo estará disponível unicamente para a Xbox 360 e PS3. Porque afastaram as consolas da nova geração?

MMatthew Prior: Boa pergunta. A razão para isso é que só dispúnhamos de uma porção de recursos de desenvolvimento associados ao campeonato do mundo e optamos por essas plataformas de modo a chegar ao maior número possível de utilizadores. Neste momento a Xbox 360 e a PS3 são as consolas mais populares no planeta. A próxima geração provavelmente será maior, mas neste momento mais pessoas estão ligadas à PS3 e 360. A razão é simples. Nós queríamos chegar ao maior número possível de pessoas e depois há a questão dos mercados emergentes, como o Brasil, onde a penetração de plataformas da próxima geração é zero. Uma consola da nova geração por lá é muito cara e não era nosso objectivo alhear deste jogo a nação anfitriã. O que pretendemos é disponibilizar o jogo para o maior número possível de pessoas.

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2014 FIFA World Cup Brazil

PS3, Xbox 360

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.

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