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Proteus - Análise

É belo, mas será bom enquanto jogo?

O que é um videojogo está a tornar-se a questão que mais e mais jogos trazem consigo, sobretudo aqueles de natureza experimental. Qual é afinal a barreira que impede que determinadas criações entrem para esta categoria de entretenimento e artística e outras não? Será que a simples interactividade basta? Ou será que um videojogo tem que ter necessariamente objectivos ou um propósito final?

Proteus não tem objectivos, mas tem interactividade e, de certa forma, um propósito final. Quando comecei a jogar, lembrei-me imediatamente do filme "Dreams" de Akira Kurosawa, em específico, o segmento em que entramos literalmente dentro de um quadro de Van Gogh. É assim que olho para Proteus, como se fosse um quadro em que os limites não são impostos pela moldura e em que podemos explorar livremente cada centímetro da paisagem.

Este é um jogo único porque (isto pode parecer estranho) não foi feito para jogar no sentido estrito desta palavra. Proteus foi feito para ser contemplado. Ironicamente, apenas temos o hábito de contemplar os jogos quando estes nós apresentam paisagens ultra realistas, mas Proteus é diferente, consegue seduzir com paisagens 3D ultra pixelizadas.

Através da contemplação, Proteus consegue induzir tranquilidade. Enquanto vagueamos pelo mundo aleatoriamente gerado (com os headphones colocados de preferência, para ouvir os sons maravilhosos emitidos pela natureza em redor), esquecemo-nos do mundo exterior. Este é um mérito que poucos jogos têm, e é impressionante que Proteus consiga atingí-lo com tão pouco, aparentemente sem esforço algum.

À medida que os mundos virtuais continuam a crescer (estou-me a lembrar da enorme cidade de Los Santos e arredores de GTA V), prestamos cada vez menos atenção aos pormenores. Ficamos tão perdidos na ação e no que podemos fazer que o mundo passa despercebido. Proteus vem tentar provar que há beleza escondida até nas coisas mais simples e comuns, nas árvores, no vento, no mar e nos animais.

"Proteus foi feito para ser contemplado"

A banda sonora faz um trabalho fenomenal em dar vida a este mundo onde a apreciação da natureza recebe toda a atenção. Cada movimento do que nos rodeia, sejam plantas ou animais, reproduz um som relaxante que em conjunto com a música de fundo resulta numa sinfonia que desperta em nós lema hippie da paz e amor.

Se conseguirem apreciar Proteus neste sentido, vão-lhe reconhecer o devido valor, mas também há a outra face da moeda. Se Proteus é um jogo, ainda que diferente, tem que ser avaliado como tal, e a verdade é que oferece muito pouco. A experiência é interessante mas curta. Há quatro estações para ver e podemos guardar recordações das nossas paisagens favoritas com fotos, nada mais. Nesta versão para a PS Vita também têm uma opção que cria um mundo aleatório mas com base na vossa posição atual.

Proteus é uma criação que ostenta uma beleza fora do comum e extremamente rara de encontrar nos videojogos. Os únicos exemplos que me recordo são os títulos do estúdio thatgamecompany. Mas a beleza não é sinónimo de qualidade enquanto jogo. Proteus conseguiria melhores resultados e seria melhor compreendido se se auto-denominasse como experiência interactiva. Estaria a mentir se dissesse que não gostei da experiência, mas ao mesmo tempo estou consciente que como um jogo Proteus não passa de algo razoável.

6 / 10

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Proteus

PS3, PlayStation Vita, PC, Mac

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Sobre o Autor
Jorge Loureiro avatar

Jorge Loureiro

Editor

É o editor do Eurogamer Portugal e supervisiona todos os conteúdos publicados diariamente, mas faz um pouco de tudo, desde notícias, análises a vídeos para o nosso canal do Youtube. Gosta de experimentar todo o tipo de jogos, mas prefere acção, mundos abertos e jogos online com longa longevidade.

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