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FIFA 14 - Análise

Bola controlada.

Passaram 20 anos desde o lançamento de Fifa International Soccer, o primeiro jogo da EA Sports assente sobre a licença FIFA e que foi a primeira pedra de um longo percurso marcado por uma profunda evolução ao longo de duas décadas, atravessando várias gerações de plataformas, mas também bons e maus momentos. Alguns dos mais destacados produtores de FIFA 14, começaram nos primeiros jogos, sendo eles os artífices de uma marca que contribui decisivamente para a evolução do futebol virtual.

Poderá parecer contraditório; como uma série anual de futebol consegue, todos os anos, manter-se no topo das preferências dos jogadores e renovar os argumentos de modo a convencer os seus fãs a embarcarem numa nova jornada. Ninguém quer ficar desactualizado, nem ficar a jogar com os plantéis de épocas passadas. Um novo ano futebolístico opera sempre uma transformação por força das transferências, entrada de promessas em novos clubes e subida no ranking de clubes menos conhecidos à custa de investimentos exteriores. No final, o esmagador volume de licenças não é um ponto menos relevante neste quadro de renovação anual. Com rostos e clubes licenciados, queremos sempre encontrar e escolher jogadores e clubes dos quais somos fãs.

Mas para a EA Sports, uma nova temporada não significa voltar a fazer tudo de novo. O conteúdo a integrar no seu jogo é essencial, mas o que faz soar a campainha para a nova temporada são as evoluções e melhorias das mecânicas de jogo e os novos conteúdos. FIFA 14 representa uma boa evolução no plano da jogabilidade, dando mais alguma autonomia no controlo da bola, ao nível da sua protecção, passe e remate. Só que ainda não é o jogo que depura o que visivelmente continua a correr menos bem, sobretudo uma apresentação gráfica que acusa já algum desgaste, não apenas nos modelos dos jogadores e na dimensão dos estádios (por isso é que FIFA é sempre mais bonito quando visto da perspectiva de jogo).

Os movimentos dos jogadores estão melhores, sobretudo ao nível da recepção da bola e do posicionamento do corpo no momento do remate. É algo que se revela mais fluído e realista, despoletando uma boa sensação para quem consegue marcar golo de longe e de primeira. Porém, não deixamos de constatar que as melhorias introduzidas ainda são um passo em frente na passagem para a próxima geração, que seguramente irá permitir à EA Sports alcançar um resultado ainda mais convincente naquilo que é a sua estratégia a fim de manter FIFA actual e desafiante.

Nesse sentido, podemos partir para o jogo considerando o novo alinhamento dos menus, que vem premiar o departamento de produção que desenvolveu o Ultimate Team. Mais tabelado e facilmente navegável, promove uma rápida observação pelos principais conteúdos.

É por aqui que ficamos cientes da magnitude de FIFA 14. Muito embora boa parte dos seus conteúdos sejam herança das edições anteriores, é graças a este precioso e vasto leque de opções que encontramos constantes afazeres, ao ponto de não existir um fim, uma barreira que nos diga que a partir dali não se pode continuar. A sua estrutura aberta, por via das actualizações dos plantéis, permite aos fãs e adeptos da bola virtual encontrarem razões para se manterem conectados todo o ano. Para isso muito contribuem as saquetas de cromos do modo Ultimate Team de FIFA 14, talvez o conteúdo mais especial e desafiante do jogo. Os torneios são imensos e a permanente reinvenção da equipa que queremos projectar, um desafio suplementar. É sem dúvida o modo que gera mais partidas e aquele a que os fãs acedem de forma mais frequente, sendo claramente o corolário de um conjunto de ideias bem definidas.

No entanto, ainda obedece a muitos dos princípios que projectaram o modo Ultimate Team da edição anterior. A grande novidade é a introdução da "química", um conceito abstracto que significa a ligação entre os jogadores. Quanto maior for a química da equipa, maior é a propensão para os diversos sectores (defensivo, meio campo e ataque) actuarem da forma desejada. Por exemplo, dois avançados com uma grande química, conseguem operar melhores jogadas, mas também pode ser um processo a ter em conta no eixo defensivo ou nos corredores, quando queremos que lateral e extremo estejam mais próximos.

A ideia passa por desenvolver determinadas aptidões dos jogadores. Quando avançamos para a equipa predefinida, compramos uma carteira de jogadores ou transferimos um futebolista sem evolução. Temos então que o preparar de modo a fazê-lo subir de básico para um nível mais competitivo, no qual conseguimos obter um especial rendimento. Isto faz-se com treino, jogos, atribuição de itens e bons resultados. Existem vários parâmetros que regulam a química da equipa e é interessante ver como atletas que à partida eram desconhecidos, ao fim de poucos jogos assumem o papel de jogadores chave na equipa.

É importante ter uma especial atenção à duração dos contratos, especialmente quando transferimos jogadores. A escolha de um atleta que tenhamos em vista é mais fácil se soubermos o seu nome. Às vezes chega escrever as primeiras letras: o processo de pesquisa dá nomes semelhantes. A lealdade é outro dos critérios determinantes em ordem a conseguir uma boa química da equipa. Se colocarem atletas da mesma nacionalidade em pontos de correspondência táctica, terão melhores resultados. Os atributos dos atletas encontram-se sempre visíveis e permitem descobrir uma forma de obter um rápido rendimento da equipa com a táctica que temos em mãos.

Os jogos individuais on-line regressam, o que é óptimo para testar contra outros oponentes reais as capacidades da nossa equipa. Mais uma vez voltamos a ter à nossa disposição imensos torneios e competições (contra o computador e em rede). Jogar contra os jogadores melhor avaliados da semana é outra das opções que oferece uma ideia do ranking da nossa equipa. Confesso que o Ultimate Team continua a ser um dos meus modos favoritos e com o qual perco a noção do tempo gasto.

Em campo, não levará muito tempo até reconhecermos as melhorias. O processo de evolução é gradual e ainda há muito trabalho a fazer até que a experiência fique mais perto daquilo que os produtores pretendem. Mas se há algo que resulta melhor nesta edição é o comando da bola em movimento. As trajectórias são menos lineares e as reacções dos jogadores, independentemente da sua posição, geram mais imprevisibilidade. Lances que dávamos como perdidos ou cruzamentos que pareciam inofensivos, podem transformar-se em golos obtidos no cair do pano, porque de algum modo os atletas não desistem e concentram-se na tarefa de chegar à bola a todo o custo. Por isto, o fabrico de jogadas é mais divertido e atractivo até para quem vê.

Outro ponto que sofreu alterações significativas é o remate à baliza. Eu ainda continuo a ver muitos jogadores criarem um efeito de tesoura noutras movimentações, mas na aproximação à bola, quando queremos rematar, nota-se que o jogador coloca o corpo em posição para rematar, aliviando o passo de modo a atacar a bola com precisão. À custa deste acentuado realismo, podemos perder algumas oportunidades se não esperarmos pelo momento certo (ou se o deixarmos passar), mas se fizermos uma boa jogada com um avançado de qualidade, o efeito é incrível. É possível executar uma boa variedade de remates; desde bolas em velocidade baixa, até aos remates que levam grandes efeitos, aqui com remissão para o Cristiano Ronaldo.

Em virtude das melhorias ao nível da inteligência artificial, os jogadores protegem melhor a bola (nalguns casos até abusam disso), afastando-a do adversário, ao mesmo tempo que usam os braços e o corpo para o manter longe da bola. Em termos de percentagem de posse de bola, isto pode ser uma grande vantagem. De um modo geral as partidas decorrem com um ritmo mais lento, com uma melhor harmonia. O árbitro não interrompe tantas vezes o jogo, ainda que por vezes sejam atribuídos cartões amarelos disparatados. Numa bola que passa para lá da linha de jogo, o jogador mais próximo recupera-a e coloca-a em jogo, evitando que os jogadores se reposicionem automaticamente.

A física da bola continua a ser um dos pontos determinantes que contribui para o sucesso da série. Os pequenos ressaltos, os desvios, os toques de proximidade, trazem mais imprevisibilidade ao jogo e menos automatismos, riscando processos algo robóticos e pondo no seu lugar algumas situações de pânico, por exemplo numa bola instalada na área adversária. Isto leva a que raramente tenhamos jogos iguais e desfechos fatalmente semelhantes. De resto, a área de treino volta a ser um ponto de inevitável presença quando queremos aperfeiçoar determinada técnica, cruzamento ou remate. A EA Sports fez mais um bom trabalho quanto a isso, promovendo desafios constantes, num claro convite à superação individual. Podemos perder aí muito tempo.

A narração de Hélder Conduto resulta, mais uma vez com alguma tendência para a repetição, o que pode levar muita gente a desligar a opção. Há um bom número de estádios oficiais e as equipas portuguesas quase todas se encontram licenciadas. Mas como já referi atrás, noto que nem todos os jogadores conhecidos estão devidamente modelados. A EA Sports volta a dedicar tempo extra a recortar os jogadores dos campeonatos dominantes e a "esquecer" os restantes. Em termos de banda sonora, as expectativas foram cumpridas.

Ao fim de 20 anos, a EA Sports não pode estar senão orgulhosa pelo seu trabalho. FIFA 14 é um jogo bem conseguido e deverá manter os fãs ligados por mais uma temporada, mesmo que a chegada de uma versão para as novas consolas da próxima geração possa envolver um adiamento na hora da escolha. Ainda que as melhorias e aberturas no conteúdo sejam moderadas, a optimização do modelo de jogabilidade reforça a experiência, validando a opção pela edição no momento da escolha. Quanto à versão para as novas consolas, será outro desafio.

8 / 10

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FIFA 14

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Vítor Alexandre

Redator

Adepto de automóveis é assim por direito o nosso piloto de serviço. Mas o Vítor é outro que não falha um bom old school e é adepto ferrenho das novas produções criativas. Para além de que é corredor de Maratona. Mas não esquece os pastéis de Fão.
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